quinta-feira, 23 de julho de 2009

A MINHA MULHER INVISÍVEL



A nova promessa de bilheteria do cinema brasileiro é o filme “A Mulher Invisível” dirigido por Claudio Torres da excelente Conspiração Filmes e que trás no elenco Selton Mello e a estonteante e desejada Luana Piovani - no papel-título – que infelizmente, já adianto, tem a sua nudez completa invisível aos nossos olhos. A história é universal, bem contada e romântica. Selton (engraçadíssimo) interpreta Pedro, uma cara comum e sensível, que acredita no amor, mas sofreu uma decepção – leia-se chifre - as vésperas do seu casamento. Depressivo, se isola do mundo e depois de meses, só volta à vida quando escuta baterem em sua porta. É a mulher mais linda do mundo – correção: a segunda mais linda (Luana Piovani), já que a primeira é a minha namorada evidentemente - pedindo uma xícara de açúcar. Pedro se apaixona por aquela mulher perfeita, que tem apenas um único defeito: ela não existe! Ou será que existe? Afinal quem define a existência de algo ou de alguém para uma pessoa além dela mesma? Filósofos e pensadores já disseram que tudo aquilo em que se acredita, existe, portanto a mulher imaginária (ou homem, claro) pode estar respirando ao seu lado enquanto lê esta coluna. O filósofo Jean-Paul Sartre era um adepto deste pensamento imaginário - se bem que há provas mais do que concretas de que Simone de Beauvoir de fato existiu – pois afirmava que “Cada homem deve inventar o seu caminho, afinal o homem não é nada mais do que aquilo que faz e cria a si próprio. É livre, escolhe, ou seja: inventa.” Seu colega de profissão de séculos passados, o grande Descartes, resumiria isto numa única frase: Se você pensa, logo ela existe! O problema do final de uma relação entre seres absolutamente visíveis e não imaginários (será?) é que quando o outro vai embora, além de deixar saudades leva tudo que a gente tinha de melhor: nosso sorriso, nossa emoção, nosso lado criança, nossa sexualidade e claro o pior de tudo, nossa auto-estima. Mas eis que surge nossa mulher invisível e trás em sua bagagem tudo de volta para que possamos voltar a sermos quem de fato éramos, ou melhores ainda. A mulher invisível não apenas alimenta nossa imaginação, mas dá vida aos nossos sonhos. Ela nos faz crer que o mundo se torna muito mais fácil sob a sombra do sorriso dela. O beijo da mulher invisível tem o gosto da sedução e sua boca é fonte de mel inesgotável para adoçar nossos dias e lambuzar as nossas noites. Ela vasculha sua biblioteca e se encanta com seus livros. Ela troca o cd da Enya que você pôs no aparelho para dar um clima romântico e coloca Aerosmith, pois a excita. Na madrugada, você sem sono vai pra sala e ela chega ali, apenas de camisola transparente e pede para você por um filme do Woody Allen porque ela também acha ele o máximo e depois ainda quer discuti-lo com você ao som de Duke Ellington ao fundo e um bom vinho chileno que da taça vai pra boca dela e de lá vai pra sua por onde o vinho escorrega e a alma agradece embriagada. Ela diz que tua boca tem formato de coração, que teu sexo é o maior e mais viril do planeta, a ponto de causar inveja ao Rocco Siffredi, e claro, depois disto, vocês fazem amor madrugada afora. Pela manhã ela lhe trás suco de laranja, frutas e pães na cama e diz que prefere seu cabelo cumprido e despenteado, pois assim você lembra o Mick Jagger, que aliás, ela acha lindo e sexy e isto novamente a excita e vocês começam o dia fazendo amor (novamente) e o sol sorri mais belo para o mundo. Claro que a mulher invisível também pode lhe ser infiel em sua imaginação com homens visíveis, mas também imaginários como Brad Pitt, Jude Law e até mesmo o asqueroso Axl Rose. Mas não se importe com isto, afinal em sua vasta imaginação você também deve ter sido infiel inúmeras vezes com deusas também visíveis, mas inacessíveis até o presente momento, como Angelina Jolie e Mônica Bellucci. O problema é quando a traição extravasa bem além da sua imaginação e outros utilizam também sua mulher invisível, e aí você terá depois de apagar isto de sua imaginação ou da realidade, afinal ambas se confundem quando se ama e cria-se a mulher ideal. Mas que importa? Ou você crê numa mulher criada por você ou você não crê nem em você mesmo. Das duas maneiras você pode ter razão ou não, “caetaneando” aqui este seu colunista.
A mulher invisível te satisfaz e permite satisfazer-se com você. Ela tem interesse nos seus assuntos e até dá palpites quando tem de dar. Acredita nos seus projetos e junto com você ela investe neles e te empresta força necessária para realizá-los e conquistar o que almeja com eles. Mas como nem tudo é um mar de rosas, nossa mulher imaginária pode apresentar também alguns defeitos de fábrica, visíveis aos olhos de todos, mas que devem permanecer sempre invisíveis para nós, para que possamos seguir felizes nesta jornada levemente imaginária, ou não. O segredo, meus amigos (as) é ser feliz e acreditar sempre em você, nela e em tudo que lhe faça bem, imaginário ou não. Claro que as más línguas masculinas irão tentar te provar que mulher ideal não existe, porém se estas línguas não fossem más e soubessem fazer a lição de casa (ou de cama), mudariam de postura, se é que me entendem. As moças (invisíveis ou não) me entenderam. Talvez o dia que os homens ao invés de tentarem achar o invisível Ponto G entre as pernas de uma mulher, descobrissem o visível Ponto G no tímpano delas, a mulher ideal ou imaginária ou invisível como queiram chamar, estaria bem mais próxima da realidade. Eu encontrei a minha e estou satisfeito, portanto meus nobres sete leitores, se me flagrarem por ai de braços dados com o nada ou beijando o vento sem parar, não me incomodem, por favor, e nem tirem meu belo sorriso dos lábios, pois creio estar ao lado da mulher mais linda e mais interessante que já sonhei em ter: a minha mulher invisível! Que a magia do amor nos torne mais do que visíveis um ao outro e que a chance de perdermos aquilo que encontramos e que nos faz tão bem não seja apenas invisível, mas sim inexistente para que nossa felicidade, esta sim, seja invisível aos olhos dos invejosos e eternamente perceptível aos nossos corações apaixonados.

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