sexta-feira, 20 de julho de 2012

É PROIBIDO, PROIBIR!

O estadista Abraham Lincoln, que pra geração mais jovem virou assassino de vampiros, dizia que aqueles que negam liberdade aos outros não a merecem para si mesmos. Livre e com uma estaca nas mãos,
ele faria um bom trabalho em SP, limpando a cidade de sanguessugas circulando livremente a luz do dia com fardas de autoridades, sorvendo até a alma da população. Há tantas bobagens fomentadas pelo preconceito, falta de informação e uma dose elevada de arrogância, que às vezes até parece que estamos vivendo num livro de ficção cientifica de Huxley. O ditador máximo da cidade vem dando um show de humor negro em sua lista de proibições, que quase sempre, ofende a população e o faz recuar. Começou pela merenda escolar que caiu de cinco para quatro, e após opinião pública, que significa voto, voltou a ser o que era. De acordo com o prefeito: “Faz tão mal à saúde comer demais quanto comer de menos”. Se levarmos em conta a silhueta do autor da frase, até que faz sentido.
Ai veio a lei do silêncio nas feiras, proibindo feirante de gritar até “moça bonita não paga, mas também não leva”, que teve de ser adaptado para a linguagem dos sinais e a feira virou um concerto de rock para surdos-mudos. Também é proibido embrulhar peixe em jornal, então o que fazer com o material oferecido ultimamente pela imprensa comprada? Limpar-se pós evacuação intestinal pode? Estão proibidos bancos e mesas na feira, então se quiser comer pastel, coma de pé e sem vinagrete, porque também é proibido. Ah, e se trocar o pastel por uma galinha ao molho pardo, lamento informar, mas esta proibida. É proibido também mendigo (e você) deitar em banco de praça. Os bancos passaram a ter barras de ferros.
Quem proibe alguém de se deitar no banco da praça, nunca namorou no final da tarde com a amada (o) deitada (o) com a cabeça em seu colo ou então nunca dormiu na rua, não como um pobre mendigo, mas como o sujeito carente de amor da famosa canção sertaneja. É proibido painel eletrônico e outros anúncios, como outdoor, pra dar fim à poluição visual. Mas e a poluição sonora? Carros de som, funkeiros e seus Ipads no ônibus, podem? Artista de rua também esta proibido. Se você é cantor e não tem padrinho na TV, parente famoso e nem teve de vender a alma ao diabo (claro, se o diabo quiser) você muda de ramo, porque não há mais onde se apresentar. Para se alimentar, busque outra formação, como por exemplo, flanelinha, esta digna figura de extrema importância para a cultura de uma sociedade e que livre, pode até virar profissão legal, pois assim como político, não precisa ter formação alguma, basta saber extorquir. Ah, e esta proibido também prostíbulos que sejam administrados pelo senhor Oscar Maroni.
Afinal em SP é só ele que não vale nada e é pornográfico. Os demais recintos são dirigidos por senhores e senhoras de bem. Agora convenhamos que proibir sopão para quem tem fome, como desejam as madames da Oscar Freire, para quem sabe assim limpar a cidade de “pobres”, já é absurdo. Proibir o altruísmo de alimentar pessoas, para mim, já ultrapassa os limites da vigarice. Mas já que a moda é “vamos proibir” seguem aqui algumas sugestões: que tal proibir marronzinhos de se esconderem atrás de postes como criminosos para sustentar o monstro gordo do mercado das multas; proibir o mau funcionamento dos radares; proibir que pessoas sem grau de instrução condizente com o cargo, assumam secretarias; proibir fiança no caso de motorista embriagado que atropela ou causa acidentes;
proibir que as calçadas sejam esburacadas impedindo o direito de ir e vir de pessoas com deficiências; proibir candidato de prometer, assinar compromisso e mesmo assim não cumprir mandato até o fim; proibir coligações partidárias sinistras (pleonasmo?); proibir habeas corpus para crimes de corrupção; proibir aumento de salário para vereadores, deputados e senadores. Bom, acho que já deu. Se proibir estas eu juro que o prefeito terá meu voto até para presidente, incluindo a reeleição. Mas se ele preferir, pode me proibir de votar, que juro, não vou ficar chateado.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

TODO DIA É DIA DE ROCK, BABY

Esta semana foi regida a rock and roll, já que ontem a maior banda de todos os tempos, Rolling Stones, completou cinquenta anos de carreira,
uma marca absolutamente memorável e hoje é o dia mundial do rock. Pra quem não sabe, esta data foi criada em 1985 quando Bob Geldof (o Pink de The Wall) organizou o Live Aid, um show com o objetivo utópico de eliminar a fome na Etiópia. O espetáculo teve The Who, Led Zeppelin, Dire Straits, Queen, David Bowie, BB King, Mick Jagger, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins, Eric Clapton, Black Sabbath e outros. Infelizmente pela ganância desenfreada de alguns poderosos, os nossos irmãos africanos continuam passando fome, mas a data permaneceu até hoje celebrando este estilo musical absolutamente plural, contagiante e contestador. Muita gente vai dizer que desde os 90, quando Kurt Cobain pôs um fim à sua vida, o rock morreu junto,o que é um grande absurdo, já que coincidentemente o Foo Fighters, banda do ex-baterista do Nirvana, surgiu depois e continua lotando estádios,
(como Wembley) e vendendo muito cd mesmo em tempos de pirataria. O que de fato denigre o rock é a estupidez alimentada pela mídia e pelos altos executivos de gravadoras, que em sua maioria são roqueiros frustrados, que tentaram uma chance no passado e viram seu talento ruir assim como seus longos cabelos e hoje, meio que numa bronca que Freud ligaria ao sexo (a tríade sagrada sexo, drogas e rock and roll) resolveram brochar de vez o mercado musical entupindo-o com o que tem de pior em atitude e musicalidade. O que se tem hoje são artistas programados, absolutamente criados em laboratórios e inverossímeis com o próprio estilo rotulado.
Você vê sertanejos sem referências ao sertão; funk que faria James Brown ressuscitar, só para poder se dar um tiro na cabeça de tanto desgosto; um tal forró sintetizado que nem de longe lembra o orgânico imortalizado por Luiz Gonzaga, sem contar nas bandinhas de menininhos meio menininhas com o ícone da MTV tatuado na bunda e se achando rock and roll com suas letras patéticas, músicas estúpidas e um visual de envergonhar até os Teletubbies. Isto só pode ser produto destas cabeças recalcadas que mantém a velha máxima aprendida nos cultos de suas sociedades secretas de outros tantos roqueiros frustrados: o povo não gosta de rock. Hum, vejamos, Raul Seixas fazia rock e até hoje é cultuado por roqueiros, artistas e pasme você, pela população como um todo.
Roberto e Erasmo surgiram de que movimento? Os poucos artistas que explodiram em vendagens e lotaram estádios com público recorde que eu me recorde foram Legião, RPM e Mamonas, que tocavam o que? Quando se quer vender algum produto na TV para atrair o consumidor, na vasta maioria das vezes que estilo musical usa-se ao fundo? E trailer de cinema? Qual estilo musical mais utilizado para se vender um filme em dois minutos? Stones fizeram um show em Copacabana levando quase dois milhões de pessoas, tal fato já se repetiu com alguma banda de axé? Pagode? Por estas e outras que chego a simples conclusão de que o rock é o único
estilo musical que jamais morrerá. Sua força é imbatível, porque o que este estilo tem de mais poderoso é exatamente a atitude. Elvis, Chuck, Lennon, Richards, Pop, Tyler, Young, Morrison e tantos outros provaram que arte sobressai à farsa sempre e a verdade é o que de fato nos liberta. Há muito pagodeiro roqueiro, assim como gente do forró com atitude rock and roll. Zeca Pagodinho é rock and roll. Bezerra da Silva era rock and roll. Jackson do Pandeiro é primo irmão de Chuck Berry e até a Gretchen da década de 80 teve seu lado Elvis contestador, afinal não era comum alguém mexer as cadeiras
como a tal senhora que hoje mais lembra o Alice Cooper, mas que na época fez muito adolescente “lets rock, lets roll” no banheiro. O fato, meus amigos leitores, é que a boa música sempre será rock na sua essência, desde que ela tenha atitude. Um brinde aos roqueiros de alma e uma vaia aos roqueiros de vitrine. Viva a música!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

LOUCOS POR TI, JUSTIÇA

Todos sabem que não sou um entusiasta futebolístico, mas sou fascinado por histórias que tenham dose extra de emoção e isto o Corinthians tem no DNA,
pois todas suas conquistas e títulos são um evento que transcende o futebol. Uma final de Corinthians mobiliza uma cidade, um estado e grande parte do país. São homens, mulheres, crianças, velhos, ricos e pobres, todos numa massa alvinegra que gera emoção até mesmo em quem não é corintiano, mas que tem admiração por esta forma de amar do torcedor. Eu nunca fui adepto desta guerra boba e por vezes violenta entre torcidas e sinceramente acho isto uma babaquice sem fim. Brincar com piadas sobre derrotas do time adversário é extremamente saudável, mas quando se leva isto a um patamar de guerra santa e até se mata por não ser do mesmo time,
o encanto e a magia desta grandeza e beleza do amor ao clube se esvai bueiro abaixo e boia com o lodo do desprezo. Não é por não ser corintiano que não vou ter a nobreza de parabenizar o time, ou um torcedor pelo seu título e campanha vencedora e admirável. E isto serve também para os corintianos que deveriam admirar o talento dos times adversários também, afinal São Paulo foi campeão da Libertadores por três vezes é de se admirar até por quem não torce. Sou são-paulino de berço (e sem piadinhas, hein) e completamente realizado e feliz (se bem que um são paulino feliz é pleonasmo) com minha escolha, mas repito, não sinto vergonha alguma em prestigiar um grande time que se torna campeão mais do que merecidamente. Convenhamos que a torcida corintiana que esperou por 102 anos, de fato merecia o prêmio e Oscar Niemeyer, já pode descansar em paz e dizer que de fato,
viu de tudo na vida e foi um homem feliz. Assim como um marido traído, mas apaixonado, o torcedor corintiano emociona pelo amor incontestável e incondicional por sua paixão: o Corinthians! Todos os times têm uma torcida. O Corinthians é uma torcida que tem um time. Eu não sou fã ardoroso de futebol, como já mencionei acima, e concordo com Millôr Fernandes quando dizia que “O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da mídia”, mas é inegável o poder emotivo que um time tem sobre seus torcedores e isto faz do futebol uma arte onde o talento está nos pés de jogadores, que a cada lance perfeito e a cada gol de placa, pintam um quadro, compõem uma música e escrevem um livro na memória do torcedor. A fé do torcedor corintiano e adoração pelo seu time é de se admirar, pois mesmo em sua estadia sombria na série B do futebol, o torcedor nunca deixou de vibrar,
ir ao estádio e amar o seu time e como que num filme de Tom Cruise, o time da fiel deu a volta por cima com o apoio desta torcida que no aspecto de devoção (reprimo o lado idiota do vandalismo e da violência) deveria servir de exemplo e por isto merece a alcunha que a acompanha: Fiel! E como o preço da fidelidade é a eterna vigilância, o time pode jogar na China ou na Finlândia, que vai ter uma torcida considerável lá para observar e porque não vigiar os passos dentro e fora do gramado. Finalizo com um gol de calcanhar do saudoso Sócrates, que era doutor dentro fora do campo, e que filosofava como seu xará grego: “O Corinthians não é só um time e uma torcida. É um estado de espírito.” Porém, caro doutor, onde quer que estejas há de concordar com este humilde jornalista de que seria muito bom se
estes “Loucos por Ti Corinthians” se tornassem “Loucos por Ti Brasil” e usassem toda esta garra e devoção para fazerem do nosso país um verdadeiro campeão. Com a força que a torcida expulsa jogadores e dirigentes que não lhe agradam, também retirem políticos corruptos e governantes incompetentes, afinal o circo nós já temos, resta lutar pelo pão. Que este espírito guerreiro faça do Brasil uma nação de "Loucos por justiça".