sexta-feira, 28 de setembro de 2012

NOTÍCIAS DE UMA GOTHAM NÃO MUITO DISTANTE

Gotham City está próxima de suas eleições para prefeito e seus moradores são condenados a conviverem neste período com todos os tipos nocivos de poluição. Como se já não bastasse a poluição do ar causando sérios distúrbios na saúde de todos, agora soma-se ainda a poluição visual e a sonora.
São placas, cartazes, santinhos, banners, num festival de gente feia retocada com photoshop até à medula e que nem assim têm salvação. O mais irônico é que as empresas de Gotham, que pagam impostos para mantê-la viva, estão proibidas de divulgarem seus serviços utilizando-se destas ferramentas de merchandising, mas políticos estão liberados para este festival de horror. A poluição sonora que já conta com sirenes, buzinas, motores, funk e até propaganda de pamonha, agora conta com o auxílio de carros de som, coincidentemente também vendendo pamonhas, mas estragadas, que custam apenas o seu voto e te dão uma azia de quatro anos.
Todo mundo quer ser vereador em Gotham, mas pelo salário alto e regalias, evidente, pois se fosse cargo voluntário, tais “interessados” no bem da metrópole não se candidatariam, pois é notório no histórico da cidade que propostas inteligentes para melhoria da saúde, trânsito, segurança e outros problemas estão em falta há décadas. Este ano os candidatos assustam até a família Addams, que dirá o nobre morador de Gotham. O coringa lidera as pesquisas graças à incompetência declarada dos partidos mais fortes que trazem como rivais o Vampiro e o Ventríloquo. Ambos se odeiam e numa briga de serpentes vão devorando o próprio rabo enquanto o Coringa, ardiloso e mais liso que tais répteis segue na liderança, associando-se com o chefe supremo da religião Universal do Poder Divino em Gotham,
o senhor Ra's Al Dizimo Ghul. O Vampiro seguindo a onda de seus parentes da série Crepúsculo virou motivo de piada, como sempre. É visto em situações dignas da vergonha alheia em todas as esferas da demagogia. Beija criança remelenta, come buchada de preá, dança capoeira e até perde sapato jogando futebol de rua, para deleite dos mestres do photoshop se divertirem na internet. Seu maior adversário, o Ventríloquo é comandando pela voz de seu mestre Duas Caras que desbancou até a favorita para a chapa, Hera Venenosa, que após tal desfeita se recusou a apoiar o colega de partido, até que o genial Duas Caras, sabendo melhor do que ninguém sobre o preço de cada pessoa, a presenteou um ministério e hoje seus pupilos andam de mãos dadas como se fossem Sandy & Junior em turnê pela cidade sombria. O Pinguim em seu trem voador tem a solução para o fim do trânsito caótico. Vai mudar o terminal rodoviário,
um dos maiores do mundo, de lugar e também o aeroporto da cidade. Tudo muito simples e em menos de quatro anos. Falta apenas descobrir que a cidade não é feita de Lego. Charada é escritor não só de charadas, mas também de livros religiosos e de auto-ajuda e provando que é mestre nesta área, se auto ajuda, dando tapas e escondendo a mão. Seu objetivo é apenas um cargo de confiança ao lado do vencedor, seja qual for. Os outros pobres candidatos são quase que figurantes nesta trama diabólica rumo ao poder de Gotham. Não têm muito espaço na TV, nem verba para campanhas e nos debates, mesmo agindo como paladinos kamikazes, nem sempre são levados a sério. Coringa ameaça o estado
laico e com seu largo sorriso esconde a cara suja de sua biografia. Vampiro almeja sempre a presidência da Patifália, então caso vença, é certo que não cumpra o mandato, então é melhor ficar atento ao vice. Ventríloquo decora texto bonitinho, sempre engomado e bem articulado por Duas Caras que em breve pode ter sua cara mais feia revelada por um Lex Luthor “pão de queijo” no maior julgamento sobre corrupção que Patifália já viu, relatada por um copycat de Batman, que frente a outros colegas que também usam capa preta, vêm dando exemplo de coragem e dignidade. Mas já que pelo visto todos continuam dormindo em Gotham City, o profeta Jards Macalé ainda grita a solução: no caso de qualquer vencedor à cadeira da prefeitura, a saída ainda será a porta principal.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A MONTANHA RUSSA DO AMOR

Enquanto houver loucos, poetas e amantes haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá felicidade, e nesta eterna busca por ela, irão existir cerimônias
de laços de união, afinal a felicidade só é real quando compartilhada, correto? E já que o segredo da criatividade é abrir a mente para as possibilidades infinitas, eis que surgem novas festas de casamento. Hoje você pode casar no Hawai, no fundo do oceano, pulando de paraquedas e para os mais românticos e inocentes, até na Disney você pode se casar. Confesso que pesquisando sobre o tema, se eu tivesse uma namorada, acho que seria uma boa pedida esta opção, se minha amada fosse filha do Silvio Santos ou uma jovem que tivesse o sobrenome Safra ou Garnero, evidente. Se bem que mantendo a fantasia do tema, aqui no Brasil,
nosso saudoso Playcenter já foi cenário de casamentos felizes. O amor, meus caros nada mais é do que um gigantesco e lúdico parque de diversões. Todos já nascemos com o bilhete. É entrar neste Éden onde você leitor ou leitora, Adão e Eva, podem desfrutar da maçã do amor sob nuvens de algodão doce e cascatas de chocolate, enquanto os olhos da pessoa amada se confundem com as luzes e o brilho do parque. São pedras preciosas que brilham e refletem a luz da tela do teu sonho, onde você pinta a alegria e a emoção que escolheu para si. O sorriso de sua Eva é a música perfeita para os seus ouvidos durante esta jornada. Você pode optar pelo amor Carrossel, que são lindos de se observar de fora,
mas para quem esta dentro, o fato dele girar, girar e nunca sair do lugar, pode gerar um mal estar e ao pular fora, o tombo às vezes deixa sequelas. Há os amores Castelo Assombrado, pois são excitantes, mas você nunca sabe o que vai acontecer. A cada momento é uma surpresa, mas o fato é que você não vê a hora de sair de dentro dele. Para os que não compreendem o que é TPM, a MONGA é de grande serventia didática. Num instante você tem uma mulher linda, segundos depois, absolutamente do nada, você tem um monstro agressivo disposto a devora-lo pelo simples fato de você apenas a observar. Para os que acham mulher complicada, o labirinto de espelhos definiria bem a mente destas. Se você prestar atenção aos detalhes que poucos notam e esquecer as belas imagens projetadas nos espelhos, você conseguirá entrar e sair deste labirinto com a habilidade de um Teseu.
Há o amor Cine 180°, onde você tem a ilusão de ótica que faz parte da ação, mas na verdade não passa um mero espectador. Já conhecer a família de seu novo amor pode ser tanto uma visita à casa dos Monstros como um caloroso e animado show dos Ursos, vai depender dos ares da Casa Maluca, que você estiver disposto a habitar. O amor teleférico é aquele que nos faz sentir nas alturas e que liga de maneira sutil um ponto ao outro, mesmo que distantes, derrubando fronteiras, como se fossemos anjos de nós mesmos, mas quando nossos pés tocam de volta o chão, sentimos
a frieza da realidade e desejamos voar de novo sob estes ares da paixão. Mas se há uma atração que mais se aproxima do amor, é a montanha russa. A espera ansiosa na fila pode ser curta ou longa, não importa. Os gritos calorosos e energéticos de quem vive o momento enquanto você ainda o aguarda, só lhe faz querer mais ainda vivencia-lo também. Ao embarcar você se depara com a subida difícil e lenta que te leva ao topo da conquista, platô elevado do prazer, antes de mergulhar fundo rumo ao desconhecido embalado pelo vento da liberdade junto à falsa certeza de estar seguro.
São loopings e loopings, altos e baixos e a emoção é constante até a parada do carro onde você tem duas opções: partir para uma nova viagem ou fazer esta mesma, por incontáveis vezes. Não importa sua escolha e nem quanto tempo ficará na fila, pois sempre chegará a sua vez, quando o assunto for o amor.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

IDIOCRACIA – A REPÚBLICA DOS IDIOTAS

A rebeldia é a virtude original de qualquer ser humano que frente às mazelas do mundo, não consegue se conformar com tanto
sofrimento e se movimenta. Diferente da maioria que se acomoda ele prefere agir a cruzar os braços e dizer que todo este sofrimento faz parte de um plano divino. Porque no final é isto que quem esta no poder quer: fazer você crer por intermédio da religião de que tudo tem um destino traçado e de que você nada pode fazer. Mas não, você tem sim de se deixar envolver por seu ambiente e de alguma forma tentar modificar sua história e a dos que estão ao seu redor. Você tem este poder! Hoje com toda liberdade de expressão que ainda temos (sabe-se lá até quando), só é ignorante
e desinformado quem quer ser. São milhares de blogs e sites com muita informação livre e independente. Hoje você tem a capacidade de vasculhar a vida pregressa de qualquer candidato à eleição. Antes você dependia da TV e dos jornais, hoje não. Resta você saber se utilizar delas e acima de tudo ter a vontade de absorver informação. Concordo que frente às inúmeras opções que a internet oferece não é muito fácil se focar no que realmente valha a pena. Basta dizer que se Jesus voltasse à terra, com certeza teria um vlog para continuar sua posição ativista e revolucionária perante o governo opressor e injusto, mas talvez perdesse espaço hoje para vídeos de animaizinhos,
montagens fotográficas com famosos ou então frases feitas assinadas por quem nunca as disse. Tal distração popular e desinteresse, de certo modo livraria o nobre Homem do perigo da cruz, mas também não haveria muitas possibilidades dele salvar a humanidade, sabe-se lá por qual número de vezes, já que somos eternos reincidentes. O capitalismo, a maior religião do mundo nos dias de hoje é a escavadeira do gigantesco abismo que há entre pobres e ricos. Hoje, 1% da população com suas riquezas somadas tem mais dinheiro que a soma dos outros 99% restante, o que prova que algo está muito errado.
E porque ninguém faz nada? Porque boa parte das religiões de massa assessoradas pela mídia como um todo, servem para acalmar esta boiada de famintos e desajustados. A propaganda é o tranquilizante para esta besta fera jamais acordar, pois seus anúncios nos enchem os olhos e nos faz sentir o prazer de ser um dia quem sabe, também rico. Basta ver o número de candidatos a cargos políticos. Todo mundo quer sua fatia deste bolo e que se dane se sobram apenas migalhas para o resto da população. A isca que os ricos usam para manter o povo longe das rebeliões é fomentar na mente destes a ilusão de que um dia também poderão se tornar ricos. Comer a mesma comida e as mesmas modelos, não necessariamente nesta mesma ordem. Valorizam-se hoje em capas de revistas empresários milionários,
artistas de TV e atletas que geram fortunas, mas esquecem de dar espaço a médicos, bombeiros, policiais, professores, enfim, gente que realmente faz ou poderia fazer diferença na sua vida. O mundo tem se transformado no império dos babacas. Programas de TV de péssima qualidade, músicas vazias, best sellers escritos em uma semana, auto ajuda que só ajudam mesmo o autor a ficar mais rico, filmes patéticos com piadas grosseiras e financiados com apoio do governo, enfim, caminhamos mascando bosta como se fosse chiclete e assoviando a marcha fúnebre em ritmo de axé, como numa propaganda barata de cerveja. A ignorância é o primeiro passo para a submissão. Os meios de comunicação nos alimentam de imagens e informações que promovem a cultura do medo (jornais e programas policiais)
e da imbecilidade (programas de auditório, novelas e BBBs) pavimentando assim o terreno para a estrada da idiocracia. Colocando Darwin na prática surgem os mais espertos. São pastores, empresários, políticos e aproveitadores que lucram com a sua estupidez e ignorância perene. E se algum pobre cidadão resolver promover uma mudança é taxado de louco ou então chato, afinal, o canalha é sempre simpático e sociável, pois está é a maior de suas arapucas para capturar suas vítimas. A demagogia é a base ideal para o império da idiocracia, a política feita para os idiotas.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

INDEPENDÊNCIA OU SORTE?

Vivemos eternamente presos a nossos sonhos, ideais, paixões, religião, dogmas, família e sociedade, que no fundo nos roubam a liberdade de ser quem de fato somos e de viver a vida como gostaríamos que ela fosse.
Só é livre no mundo de hoje de fato quem nasceu cheio de posses e por isto compra a própria liberdade ou àqueles que aceitaram serem mendigos e se desprender de todos estes valores materiais, pois no mais, se você é um cidadão comum, não é livre para nada e faz parte da boiada conduzida pela nova ordem mundial para no final virar hamburguer. Para tudo aqui se paga. Para nascer, para comer, para vestir, para dormir, para sorrir, para viver e até para morrer você tem de ter dinheiro. Este papelzinho colorido com números impressos é o que comanda a sua vida, queira você ou não. Você pode até ser desencanado com isto, sem sonhos de consumo, como eu que nunca quis ter carro lindo,
casa gigante, etc, mas isto não lhe torna livre, pois você depende destes papeizinhos para pagar impostos, plano de saúde, educação, formação, multa por estar a 57 km/h, pagar para estacionar numa rua supostamente pública, pedágio para ir e vir, salários absurdos para gente que não lhe é útil em nada, entre outras atrocidades que a tal “liberdade democrática” lhe proporciona e lhe cobra. Para morar é a mesma coisa, você paga luz, água, aluguel, condomínio, IPTU, limpeza, manutenção, etc... No seu trabalho você bate um cartão, aguenta desaforo de chefe, suporta conversa boçal de colegas só para ser social, humilhação de clientes, que têm a liberdade de achar que sempre estão com a razão, você vive à mercê da sorte de estar empregado e temendo o fantasmagórico bilhete azul e com tudo isto ainda se acha livre.
A verdade é que deus não tem tempo de olhar para todos e que muitos nascem com a letra escarlate da sorte e o resto, é gado seguindo a boiada. Você pode até demorar mais pra comer seu capim verdinho ou seguir ao lado do grupo, meio distante, mas isto não lhe faz livre, porque as cartas estão marcadas. A felicidade é um torrone amarrado frente a nossa cabeça. Seguimos a vida inteira desejando o doce sabor, mas nunca alcançamos. A busca por ela é o que nos faz percorrer o caminho. Somos escravos da moda, escravos da mídia, escravos do capitalismo, escravos da sociedade, e em alguns casos mais extremos, escravos ao pé da letra, como ainda tem no interior do nordeste em muitas fazendas de barões onde cortadores de cana vivem, ou melhor, sobrevivem do trabalho escravo, para que seus senhores feudais possam ter o privilegio de gastar milhões de reais em carreiras de cantores de quinta que se transformam em ídolos
escravizando nossos ouvidos. Independente é poder ser você mesmo sem a interferência da opinião alheia. Ser livre é poder ter o direito de não querer votar em candidatos que explicitamente visam apenas o interesse próprio e a busca pelo poder; é ter o direito de achar a quota obrigatória nas faculdades uma grande forma de racismo, pois inteligência não provém de raça, portanto é ridículo separar vagas a alguém só pela cor da pele; é ter o direito de achar que o estelionato que muitos pastores e líderes religiosos aplicam em seus “fiéis” deveria ser fiscalizado e punido; é ter o direito de achar que maior de 16 anos sabe muito bem o que é um homicídio, portanto deve ser punido criminalmente; ter o direito de achar rodeio uma das maiores idiotices dos ser humano;
ter o direito de achar o que bem entender e de ser livre para opinar, independente de estar certo ou errado, pois isto é subjetivo, já que não há certo e nem errado, mas sim opiniões distintas e que devem ser respeitadas. Ser independente nos dias de hoje é ser considerado louco por ser afetado por um alto grau de independência intelectual. Eu assumo então minha loucura e convido você a também ser louco, soltar-se e ter a consciência de nossa finitude e de nossa eterna ignorância. Sugiro a você um mundo sem posses, sem fronteiras, sem preconceitos, sem nada, e quem sabe assim poderemos dizer que de fato somos livres.