sexta-feira, 25 de julho de 2008

GOD SAVE THE JOKER


A loucura é como a gravidade...basta só um empurrãozinho! Será? O fato é que o diretor Christopher Nolan deu um belo empurrão, eu diria, na atuação brilhante de Heath Ledger, que extrapolou os limites da loucura, do cinismo e do bizarro, com seu JOKER, mais do que perfeito, deixando até o coringa de Jack Nicholson, carta fora do baralho. O filme Cavaleiro das Trevas é quase perfeito. Elenco excelente e milionário, um roteiro bem elaborado, diálogos inteligentes, produção de ponta, mas peca um bocado pelo ego do diretor no excesso de tempo de duração. O filme é longo e cansa um pouco em algumas partes, mas mesmo assim é sem dúvida o melhor blockbuster dos últimos anos. O Coringa, claro, rouba as cenas de ponta a ponta. Que ator brilhante e que judiação ter morrido tão jovem e no auge da carreira. Especula-se o fato de surgir mais um Oscar póstumo, sem sombra de dúvidas merecido, caso ocorra, a um trabalho tão brilhante, como há tempos o cinema vem devendo. Tudo bem que o personagem é rico e porque não shakesperiano tamanha gama de sentimentos contidos, mas a atuação de Ledger foi deslumbrante e deixou um grande desafio no ar: quem vai segurar esta onda em Batman 3? Johnny Depp? Robert Downey Jr.? Façam suas apostas! A história como sempre faz de Batman um mero coadjuvante entre a loucura de dois grandes vilões: Coringa com sua filosofia e Duas Caras com seu senso implacável de justiça, ou como ele mesmo diz: o destino é quem decide. Destino este metaforicamente embutido numa simples moeda. Já pensou se a moda pega? Saio com esta garota hoje ou não? Jogo a moeda. Pronto! Deu cara. O destino quis, mas e se dá coroa? Saio com a sogra? Claro, porque o destino não ta afim que eu fique sozinho, agora nesta nova fase Charlie Harper em que me encontro e que aliás estou adorando. Mas voltando ao assunto Batman e não minha vida sexual que agora ta mais interessante que as piadas do Coringa, mas posso assegurar-lhes, que bem menos que a vida sexual do Batman, que convenhamos, daria inveja a Mick Jagger. O cara (Christian Bale) é milionário, boa pinta, um físico invejável, briga bem, não tem medo de nada, vive cercado das mulheres mais lindas do mundo, enfim, é pra matar qualquer colunista de inveja e se identificar mais com o Coringa, evidentemente, por estar bem mais próximo da minha, da sua e da nossa realidade. Neste jogo de Revista Caras, seríamos nós as cartas fora do baralho? Seríamos nós os coringas da história? Não seria o tal vilão, aquele penetra na festa pobre que os homens marcaram pra nos convencer de algo que não existe? Talvez o fascínio imenso que Coringa desperta nos homens, seja exatamente por aguçar o nosso lado mais sombrio e não o mais popular. O Batman, mesmo solitário é Pop, o Coringa, não. O Coringa é o marginal, no melhor sentido da palavra. Aquele que vive às margens de uma sociedade confusa e hipócrita. Ele nos dá pistas que há algo além de nossa compreensão. Ao roubar milhões da máfia e simplesmente tacar fogo no dinheiro, não está ali uma grande mensagem anti-capitalista? O poder da grana de Bruce Wayne que desfila com Lamborguinis, Kawazakis, iates e na madrugada sai espancando vilões com suas armas de última geração, contra a inteligência e a língua afiada do palhaço que nada tem, além da coragem de enfrentar aquilo que não o absorve? Não seria aí uma metáfora discreta dos EUA de BUSH (Batman) contra o Taliban de Osama (Coringa)? Acho que viajei demais no filme, né? Será? O Duas Caras talvez esteja mais próximo do papel da sociedade que se divide constantemente entre o certo e o errado, culpando a todo instante o pobre coitado de Deus ou o destino como queiram. Ferem pessoas a troco de nada, e ai lamentam que o destino quis assim. Olha a moedinha de novo! Dá cara ou dá coroa? Você é bom ou você é mau? Você distribui cestas básicas, mas pisa e humilha aqueles que te amam. O que manda teu destino? O que apita o teu coração? Traçando este paralelo do filme com a realidade, talvez o Comissário Gordon, interpretado pelo mestre da atuação, Gary Oldman (que aliás neste papel está a cara do nosso prefeito Elói Pietá, já repararam?), deveria trabalhar no Hell de Janeiro, ops, digo, Rio de Janeiro, porque assim como a polícia de lá, ele também pouca coisa faz, mas ao menos tem contato direto com o morcegão que o ajuda a resolver alguns pepinos. Só não sei como ele, Batman reagiria a uma polícia que mata crianças inocentes. O sonar do morcego ia ficar confuso entre o bem e o mal e talvez ele tenha também de jogar a moeda e deixar o destino decidir de que lado ficar. Em homenagem ao Coringa de Ledger, encerro a coluna com uma simples mensagem do palhaço: What does not kill you, makes you stranger!




PUBLICADA NO JORNAL GUARULHOS HOJE DIAS 26 E 27 DE JULHO DE 2008

domingo, 20 de julho de 2008

EU SOU UM ANTI HEROI

Eu sempre fui fã do anti-herói! Groucho Marx, Bukowski, V, Macunaíma, e até John Rambo, sempre me chamaram mais atenção do que supermans, homens aranhas, astronautas e outros heróis. Esta semana vi dois filmes onde o anti-herói é o herói. O primeiro foi Kung Fu Panda, que vi na excelente companhia do meu afilhado (este sim um grande herói com charme de anti-herói) e nos divertimos muito com a história de um Panda gordo e completamente anti-herói, que ao acreditar em si mesmo e em sua força interior, acaba salvando os rumos de um povo. Alguém já ouviu falar num cara chamado Gandhi? Quer mais anti-herói do que ele? Esquálido, sem armas e muito menos mestre em artes marciais e conquistou a independência de uma nação sem violência alguma por parte dele. Tem um tal de Jesus, que alguns só o clamam pra pedir coisas em nome dos céus e outros que o conhecem como homem e que foi nosso maior anti-herói, pois sem lutas e também armas, pregou apenas uma coisa simples: o amor! E o que aconteceu com este moço??? Sem dúvida é o maior HERÓI de todos os tempos, porém viveu e morreu como um anti herói. O anti-herói é livre, criador e sensível e é graças a ele que o mundo é modelado para o belo enquanto que as massas continuam arrastadas pela dança infernal do emburrecimento explícito. Enquanto o herói proclama por mérito, por prêmios e por reconhecimento, além do beijo da mocinha, ou do mocinho, dependendo do tipo de herói, nosso anti-herói vive recluso e não espera nada de ninguém, a não ser de si mesmo e por isto é livre. Se isola por opção por não querer compactuar com as pessoas a mesquinharia que habita a mente delas. O indivíduo que teve experiência de solidão não se torna nunca uma vítima fácil das sugestões de massa e daí se torna o que? O Anti-herói! Tanta filosofia pra falar do segundo filme que mencionei, e que se trata de um blockbuster, onde evidentemente a filosofia única existente é a de ganhar dinheiro, certo? Errado. No filme Hancock, que além de divertido escorrega na filosofia sim com inúmeras metáforas no decorrer da película. Will Smith faz um anti-herói, ou seja, um super herói humano, com defeitos inúmeros, porém com qualidades que só o olho atento enxerga: a justiça, a razão e a sensibilidade. Ignora a tudo e a todos, porque não se importa como disse acima com a mesquinharia humana, porém se arrisca para salvar qualquer um que necessite de sua ajuda a troco de nada. O Anti-herói não é bacana ele é bom! O anti-herói não é político ele é justo! O Anti-herói não é sociável ele é recluso! O anti-herói não é bonito ele é charmoso! E por falar em beleza e charme meu sonho de consumo, a atriz Charlize Theron, faz a dona de casa que esconde uma mentira do marido (eu já vi esta cena) por anos, afinal ela também é uma heroína e numa das maiores metáforas do filme, descobre-se que ela e o Hancok são seres apaixonados, porém que não podem viver juntos, pois juntos perdem seus poderes e não conseguem salvar a ninguém nem a si mesmos, e afastados um consegue ser mais forte que o outro e proteger a todos, inclusive aos próprios. Viver longe um do outro em nome de um amor? Clichê demais pra uma coluna de jornal, né? Mas confesso que a história deu uma cutucada no coração, ainda mais na cena final que obviamente não vou contar, mas que não deixa de ser metaforicamente bela. O cinema é uma forma tão mágica de entretenimento que não há regras. Você pode se emocionar com um filme do Bergman e no outro dia com um blockbuster pateticamente óbvio. Eu neste dia estava mais Hancock que Morangos Silvestres, então recomendo que assistam nem que seja por diversão. Afinal o anti-herói além de todos adjetivos aqui já mencionados, é muito mais divertido, porque é sarcástico e tem humor. Fala o que tem de dizer a quem tem de dizer, sem se importar, porque aprendeu a ser sozinho. O anti-herói não é só genioso é acima de tudo genial, porque o talento explica, implica e complica, mas só o gênio sabe instintivamente o inexplicável. Eu confesso: sou um anti-herói e não quero mudar!

PUBLICADA NO JORNAL GUARULHOS HOJE DIAS 19 E 20 DE JULHO DE 2008

quarta-feira, 16 de julho de 2008

AMOR ROBÔ

Seriam os robôs mais sensíveis que os homens? Será que as máquinas um dia nos ensinarão mais do que simples cálculos? Devem ter ensinado algo ao Prof. Pardal deste século, o Sr. Bill Gates, afinal de contas, indo contra a linda frase do poeta Belchior, Bill quanto mais multiplicou, mais aumentou o seu amor. Quando que no mundo atual, completamente regido pelo consumo e pelo desejo incontrolável do TER e do VENCER um cara, considerado o mais rico do mundo, perderia a posição, abriria mão de seu cargo e seguiria o resto de sua vida com ações de filantropia? Seria Bill Gates um dos robôs supracitados? Se bem que no meu caso, estou mais pro robô David de Inteligência Artificial, porque confesso ser um sentimentalóide que acredita no amor e quase sempre quebra a cara, fato este que me fez chorar ao ver o filme Wall-E, se bem que pra quem chorou assistindo Pinóquio não é de se espantar. Mas falando da desta bela animação da PIXAR, o filme é uma poesia. Lindo do início ao fim, se bem que mais direcionado aos grandinhos do que pras crianças. O foco principal do filme é a questão ambiental e os tristes rumos que o universo vem tomando para acelerar nosso fim, talvez, sendo aqui trágico pra não perder a veia teatral. O filme tem referências explícitas de ET e principalmente 2001 de Kubrick, tendo até aqui, a sua versão de Hall 9000. O personagem principal me lembrou muito Woody Allen em seus primórdios, repleto de gags que se encaixam dentro do cenário do homem comum apaixonado por uma deusa e ai, as conseqüências divertidas de suas investidas sobre a tal. Aqui ele, Wall-E, um robô sozinho na terra, na sua função de reciclador de lixo (olha a pista pra molecadinha) desenvolve consciência, personalidade e um certo interesse pela cultura de um povo que ele nunca conheceu. Seu respeito pela vida, é registrado por seu carinho com um broto de planta (outro toque da Pixar pra molecada)e sua companheira, uma baratinha de estimação, Spot. Mas, como o amor é imprevisível e sempre nos pega de calças curtas, num dia, chega dos céus uma nave, e com ela EVA(Examinadora de Vegetação Alienígena), uma nova espécie de robô, enviada ao planeta para cumprir uma rápida missão. Assim como no amor, a felicidade do personagem, dura pouco e, quando EVA é chamada de volta à estação espacial Axiom, ele acaba tendo de decidir se continua na Terra ou acompanha sua amada. Daí pra frente é aventura, comédia e claro, romance. Assim como a minha e a sua vida. Se bem que na minha a comédia vem tomando largas proporções, mas que não me deixam nunca parar de refletir sobre o amor. A identificação pessoal com o filme foi imediata. Primeiro porque me sinto um pouco só neste universo gigantesco e segundo porque não deixo de ser um reciclador, tentando transformar o lixo do dia a dia em crônicas, poemas, histórias ou até canções. Mas não tenho a vantagem de um robô que ao ser renegado, simplesmente pode trocar o chip de memória e começar do zero como se nada tivesse acontecido. Quando se apaixona por uma Madame Bovary, mesmo que tente deletar o arquivo, fica complicado pois geralmente ele vem com vírus e já é de fábrica, o que dificulta apagar e claro contornar o estrago feito em sua HD. O vírus Lady MacBeth. Aquele que se “dessexualiza” e deixa de amar como mulher ou como homem para se tornar um ser monobloco, dona de beijos gelados e o corpo praticamente sem órgãos. Claro que este fato ajuda a tentar apagar da memória aquilo que tenha sido bom, mas que poderia ser apenas uma imagem projetada em 4 D, feita apara emocionar assim como os belos filmes da Pixar, porém, sempre vem um melhor na frente, já reparou? A Pixar sempre se supera então aí fica o toque pros grandinhos e não pros baixinhos. Não nos substime, pois podemos surpreendê-lo! E quase sempre eles conseguem. A EVA do filme tem um aerodinâmica perfeita, é linda, mas mesmo num corpo gelado tem sentimentos. Gratidão, afeto, amor, respeito, fazem parte até mesmo de um robô, porém faltam em alguns seres humanos. Será que um dia venderão estes programas na 25 de Março, versão pirata pra este tipo de gente instalar e quem sabe se tornar uma pessoa melhor? Eu sou sensível, meus sete leitores. Eu fico deprimido no meio de uma orgia. Não tenho o dom de rir à toa. Talvez eu tenha o dom de fazer rir à toa, que já é bom e que também poderia ser vendido em programas da Santa Efigênia, pois o mundo seria melhor se vendesse como o Windows. Parafraseando o Pessoa eu diria que Amar é preciso, viver não é preciso. Qual o preço do amor nos dias de hoje? Alguém que lhe faça seus deveres? Alguém que seja o que você deseja que seja? Alguém que aceite casar assim que você achar que tem de casar? Alguém que ignore pai e mãe por você? Suzane e os irmãos Cravinhos poderiam ser um bom partido pra esta nova raça de pessoa que exige um amor assim. Drumond diria que o amor é uma doação ilimitada a uma completa ingratidão. Concordo e sou prova viva disto, aliás,ai está o poeta do amor impossível, único e verdadeiro. Assim como viver só num mundo vazio e aprender a reciclar tudo, para se viver bem, como nosso amigo Wall-E, encerro a coluna com a advertência: AMAR EXIGE CORAGEM!


PUBLICADA NO JORNAL GUARULHOS HOJE DIAS 12 E 13 DE JULHO DE 2008

sábado, 12 de julho de 2008

DEIXEM OS DESENHOS EM PAZ

Fui ver Speedy Racer e compreendi porque os irmãos Wachowski não comparecem às suas estréias, afinal se eu fizesse um filme deste também não compareceria. Dizem até que Larry Wachowski mudou de sexo e este é o último filme dos irmãos, pois ele (ou ela) tem sido visto ultimamente ao lado de Ronaldo pelas ruas de Copacabana. O fato é que contrariando as críticas pagas, que levaram o filme às alturas, depois de uma viagem dos jornalistas bancadas pela produtora do filme, eu que não fui convidado,então não tenho rabo preso posso ser sincero: o filme é uma bomba. FUJAM! Se você tem entre oito e doze anos, pode até achar divertido, até porque não viveu a época do desenho (este sim fabuloso pra época), se você tem mais de vinte, mas é bitolado em vídeo game, pode achar interessante, agora se assim como eu, passaste dos trinta, acha vídeo game um saco e ainda acredita que cinema é emoção, seja ela qual for, não gaste seus preciosos reais nesta porcaria. Sei que muitos vão discordar, mas eu adoro, porque aí é que mora a polêmica. A única coisa dos irmãos Wachowski, que achei interessante e que não tinha efeito algum foi “Ligadas pelo Desejo”. Em particular as cenas picantes entre Jennifer Tilly e Gina Gershon, que não houve necessidades de efeitos, a não ser os colaterais como a taquicardia de quem assistiu. Já a famosa e superestimada trilogia de Matrix, eu não sou fã, aliás achei uma porcaria repleta de efeitos de última geração que hoje já estão ultrapassados, então o filme perde a força e o sentido. Afinal alguém aqui lembra de TRON? Diferente de quando se tem uma bela história, pois o tempo passa, mas ela permanece. Alguém lembra de efeitos pirotécnicos em Poderoso Chefão? Laranja Mecânica? Táxi Driver? E não são clássicos? Então aí fica a grande questão: a tecnologia excessiva não acaba com a emoção do cinema? Transformar heróis de HQ em filme as vezes dá certo (Batman, Homem Aranha, Homem de Ferro, HellBoy, Sin City) e às vezes não (Demolidor, Motoqueiro Fantasma, Superman Returns, Hulk, Quarteto Fantástico), porém dar vida à personagens consagrados de desenho animado, na maioria das vezes dá merda, com perdão da palavra, mas foi a mais próxima que cheguei do que estes caras fazem com os originais. Speed Racer pra quem passou dos trinta é o ápice do saudosimo. Eu que nunca dei a mínima pra carros, como a maioria dos homens, sempre sonhei em ter um MACH 5, tanto que comprei um. Tudo bem, ta certo que custou dois dólares e cabe na palma da minha mão, mas é meu e tá quitado. Na minha época, os garotos da minha idade não discutiam sobre quem matou Isabella ou sobre as falcatruas do governo. A gente discutia se o Corredor X era mesmo irmão do Speed Racer ou não. Bons tempos aqueles. Quem viveu sabe do que falo e quem não viveu, tenho certeza que adoraria ter passado por isto. Meu primeiro filme visto no cinema, foi “Se Meu Fusca Falasse” e apesar de todos efeitos toscos nos dias de hoje, mas na época geniais, o filme trazia muito mais sentimento a ponto de você sentir a sensação de que o carro realmente tinha vida. Detalhe: agradava adultos e crianças. O que faltou no Speed Racer, em minha modesta e claro polêmica opinião é exatamente isto: EMOÇÃO. Primeiro de tudo, quem levou o desenho pra um futuro distante e completamente inverossímil, se no original a época é contemporânea? Segundo lugar, porque mudar o perfil dos personagens? Pops no desenho é atrapalhado e engraçado, no filme traz um John Goodman sério, fazendo papel de patriarca bacana. A Trixie no desenho é gostosa, alta, carismática e no filme uma Christina Ricci sonsa no papel de mocinha, sem falar do Corredor X interpretado por Mathew Fox, que está mais perdido no filme do que seu personagem Doutor Jack, no seriado LOST, dentro da ilha misteriosa. E por último, cadê o MACH 5? A peça principal do filme foi praticamente esquecida no meio de uma história enfadonha e sem graça, que com quinze minutos do desenho, diria a mesma coisa que em mais de duas horas de filme. O MACH 5 é apático e mesmo os efeitos, que na minha opinião parecem um jogo de Play Station, cansam, por serem absolutamente repetitivos e sem a menor emoção. Os adereços do carro de Speed, como as serras e o famoso robô (que parecia um pombo) nem sequer aparecem no filme. Bom, chega de falar disto. Minha dica é: não percam seu tempo! Espero que os “gênios” de HollyWood não inventem de dar vida aos Simpsons (se bem que o nosso José Serra ganharia o papel de Homer na hora), à Pantera Cor de Rosa (Monique Evans, será?), Bicudo o Lobisomen (este sim poderia dar certo, porque Tony Ramos é um excelente ator), entre outros clássicos que embalaram toda uma geração. Esta aí o Pica pau que não me deixa mentir, desbancando até a poderosa Rede Globo. Bom, só peço do fundo do coração que deixem os desenhos em paz. Já temos provas suficientes que não dá certo transcrevê-los pra carne, ossos e muita computação gráfica. Deixem a Corrida Maluca sossegada. Não quero ver Robin Willians como Dick Vigarista e a Gwyneth Paltrow como Penélope Charmosa tambem ninguém merece. Com aquela risadinha do Mutley eu finalizo aqui a coluna, admito ácida de hoje. Ahhhh, antes que eu me esqueça: avisem os vizinhos, e claro, alguns de meus oito espectadores que não lêem a coluna, de que dia 31 de Maio, Cinelândia está de volta, desta vez em nova casa com novos amigos - O Canal 12 da BIG TV, TV Cantareira - todo sábado às 16:00 hrs. e Domingos às 01:00 hrs. e às 15:00 hrs. Espero vocês lá, já que vou mostrar a todos, a aventura Cinelândia nos EUA.


PUBLICADA NO JORNAL GUARULHOS HOJE DIAS 17 E 18 DE MAIO DE 2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O VERDADEIRO HOMEM DE FERRO


Meus caros sete leitores, assim como milhares de brasileiros, também fiquei curioso pra assistir o tão divulgado filme Iron Man (Homem de Ferro), depois de assistir ao trailer umas 450 vezes, pois até na endoscopia do meu tio Germano, fomos obrigados a ver o tal trailer. Numa ação maçante de marketing, mesmo não sendo muito fã do personagem de quadrinhos, vesti a armadura contra as marmeladas e idiotices deste tipo de filme e encarei a briga e confesso: perdi feio pro homem de ferro. Tenho que admitir aqui: o filme é muito bom em todos os aspectos. Um bom roteiro, efeitos de última geração (com um vôo jamais igualado no cinema antes), uma direção segura de Jon Favreau, que os fãs de Friends vão lembrar do moço no papel de Pete Becker, o namorado milionário da Mônica. Mas o que segura mesmo o filme, além dos efeitos já mencionados é sem dúvida a atuação de Robert Downey Junior, como sempre avassaladora, chegando a ser praticamente um monólogo já que é o único filme de herói que o protagonista ocupa a tela 95% do tempo de filme. E sem enjoar a platéia. Eu sempre fui fã fervoroso de Downey, desde Chaplin (merecia um Oscar), passando por Assassinos por Natureza, Ricardo III, entre uma porção de grandes atuações, aliás repetidas na tão falada “vida real” já que o mesmo se meteu em diversas encrencas, foi preso várias vezes, culminando assim em um personagem de si mesmo. Mas voltando ao filme, além da dupla Favreau e Robert, o elenco tem ainda o irreconhecível Jeff Bridges, outro grande ator no papel do antagonista. O que estraga (por poucas cenas, mas chega a ser até engraçado suas caras e bocas) é a atuação medíocre da sempre canastrona
Gwyneth Paltrow, que é nossa eterna vencedora do Açaí de Lata International
, desde quando levou “na mão grande” o Oscar de Fernanda Montenegro. Vocês lembram? Ela e aquele outro canastra Joseph Fiennes, num dos piores filmes de todos os tempos: Shakespeare Apaixonado. E olha que sou Phd na obra do Shakespeare real e aquilo ali, parecia mais a biografia do Wolf Maya do que do gênio da dramaturgia mundial. Sem contar, ela fazendo papel de Mazzaropi com aquele bigodinho fundo de piscina. Mas falando de Homem de Ferro e tirando estes pormenores, o filme é ótimo e vale a pena. Cinema Coca Cola de primeira. Mas como o título é sobre o verdadeiro homem de ferro, falemos dele então: um senhor com 72 anos de idade, que nunca esteve num hospital, apesar de ser hipocondríaco, casado com uma mulher 40 anos mais jovem, juntos e felizes contradizendo o escândalo que não abalou em nada sua carreira, autor e diretor de 40 filmes em 40 anos de carreira atingindo a margem inédita no mundo de um filme por ano ininterruptamente, sendo que alguns com várias premiações e a maioria sempre com classificação máxima pela crítica, tem uma banda de jazz, escreve livros, escreve peças, ufa...é ou não é um homem de ferro? Amigos eu falo de Woody Allen....cadê os aplausos? Ok, ok....sei que uma minoria como eu é apaixonada por este multimídia, e que ele esta longe de ser unanimidade ou um mega star apesar de toda sua obra revelar o contrário, afinal assim como Chaplin é inegável que Allen se tornou marca no cinema. Impossível falar de cinema sem comentar nada sobre este grande gênio, que além de dirigir e escrever, é um excelente ator cômico, com suas bases formadas na comédia Stand Up (onde o comediante sobe ao palco munido apenas de um microfone e começa a divagar sobre assuntos do cotidiano com muito bom humor), que hoje é febre no Brasil, inclusive na TV com o ótimo programa CQC. Mas voltando ao homem de ferro, Woody Allen, nos seus filmes ele sempre representa pessoas comuns, onde eu, você, seu vizinho, seu chefe, todos nós, que nos identificamos de uma forma ou de outra, pois nas suas obras os personagens demonstram suas fragilidades, neuroses, medos, prazeres meio a sentimentos mais profundos e tudo se passa numa casa como a sua, dentro de um carro como o seu, com mulheres comuns como a sua ou as suas e não femme fatales, homens comuns (o próprio Allen, por exemplo) ao invés de galãs musculosos, ou seja, Allen retrata a vida como ela é só que em 35 milimetros. Seus roteiros não menosprezam nossa inteligência nunca e não substimam nossos sentimentos. Prova do que estou falando é o seu novo trabalho O Sonho de Cassandra, sua terceira produção na Europa, já que nas palavras do diretor, é mais fácil conseguir financiamento na Europa para seus filmes, pois dão mais liberdade e se respeita o artista mais do que nos EUA. A película conta a história de dois jovens que se envolvem numa situação trágica, em função de suas fraquezas e ambições. Ewan McGregor e Colin Farrell (excelente atuação) vivem irmãos endividados que recebem proposta para cometer um crime a mando de seu tio milionário. Como toda história de Woody Allen, o filme acaba de repente, assim como a vida e deixa aquela angústia dentro da gente, pois a tela de seus filmes são um verdadeiro espelho para os espectadores e as vezes enxergamos algo que não gostaríamos de enxergar. Como num espelho de esteticistas, você encontra nitidamente suas imperfeições. Descobrimos que no final temos quase todos as mesmas histórias pra contar e o tio Allen só se encarrega dos diálogos com toda aquela dose de cultura e humor abundante que lhe é peculiar. O interessante da comparação entre os dois filmes, é que sempre no primeiro precisamos de uma armadura de ferro para encarnar nossa violência e expurgar todo nossos sentimento de vingança a tudo que ocorre contra os princípios mínimos pra se viver em paz, mas dentro desta lata é que mora esta eterna contradição, não é? Já no filme de Allen o sangue não é derramado na tela, ele apenas corre em nossas veias nos fazendo lembrar que somos humanos, portanto falhos. Choramos, amamos, nos frustamos, ganhamos, perdemos, gozamos, brochamos, brigamos, casamos, separamos, blá, blá, blá e como tudo que tem começo tem fim, e na maioria das vezes em o tradicional happy end de HollyWood, novamente assim como a vida não é mesmo?

Não seremos todos ao certo homens de ferro, porém com nossas engrenagens um pouco enferrujadas?

PUBLICADA NO JORNAL GUARULHOS HOJE DIAS 10 E 11 DE MAIO DE 2008