sexta-feira, 7 de setembro de 2012

INDEPENDÊNCIA OU SORTE?

Vivemos eternamente presos a nossos sonhos, ideais, paixões, religião, dogmas, família e sociedade, que no fundo nos roubam a liberdade de ser quem de fato somos e de viver a vida como gostaríamos que ela fosse.
Só é livre no mundo de hoje de fato quem nasceu cheio de posses e por isto compra a própria liberdade ou àqueles que aceitaram serem mendigos e se desprender de todos estes valores materiais, pois no mais, se você é um cidadão comum, não é livre para nada e faz parte da boiada conduzida pela nova ordem mundial para no final virar hamburguer. Para tudo aqui se paga. Para nascer, para comer, para vestir, para dormir, para sorrir, para viver e até para morrer você tem de ter dinheiro. Este papelzinho colorido com números impressos é o que comanda a sua vida, queira você ou não. Você pode até ser desencanado com isto, sem sonhos de consumo, como eu que nunca quis ter carro lindo,
casa gigante, etc, mas isto não lhe torna livre, pois você depende destes papeizinhos para pagar impostos, plano de saúde, educação, formação, multa por estar a 57 km/h, pagar para estacionar numa rua supostamente pública, pedágio para ir e vir, salários absurdos para gente que não lhe é útil em nada, entre outras atrocidades que a tal “liberdade democrática” lhe proporciona e lhe cobra. Para morar é a mesma coisa, você paga luz, água, aluguel, condomínio, IPTU, limpeza, manutenção, etc... No seu trabalho você bate um cartão, aguenta desaforo de chefe, suporta conversa boçal de colegas só para ser social, humilhação de clientes, que têm a liberdade de achar que sempre estão com a razão, você vive à mercê da sorte de estar empregado e temendo o fantasmagórico bilhete azul e com tudo isto ainda se acha livre.
A verdade é que deus não tem tempo de olhar para todos e que muitos nascem com a letra escarlate da sorte e o resto, é gado seguindo a boiada. Você pode até demorar mais pra comer seu capim verdinho ou seguir ao lado do grupo, meio distante, mas isto não lhe faz livre, porque as cartas estão marcadas. A felicidade é um torrone amarrado frente a nossa cabeça. Seguimos a vida inteira desejando o doce sabor, mas nunca alcançamos. A busca por ela é o que nos faz percorrer o caminho. Somos escravos da moda, escravos da mídia, escravos do capitalismo, escravos da sociedade, e em alguns casos mais extremos, escravos ao pé da letra, como ainda tem no interior do nordeste em muitas fazendas de barões onde cortadores de cana vivem, ou melhor, sobrevivem do trabalho escravo, para que seus senhores feudais possam ter o privilegio de gastar milhões de reais em carreiras de cantores de quinta que se transformam em ídolos
escravizando nossos ouvidos. Independente é poder ser você mesmo sem a interferência da opinião alheia. Ser livre é poder ter o direito de não querer votar em candidatos que explicitamente visam apenas o interesse próprio e a busca pelo poder; é ter o direito de achar a quota obrigatória nas faculdades uma grande forma de racismo, pois inteligência não provém de raça, portanto é ridículo separar vagas a alguém só pela cor da pele; é ter o direito de achar que o estelionato que muitos pastores e líderes religiosos aplicam em seus “fiéis” deveria ser fiscalizado e punido; é ter o direito de achar que maior de 16 anos sabe muito bem o que é um homicídio, portanto deve ser punido criminalmente; ter o direito de achar rodeio uma das maiores idiotices dos ser humano;
ter o direito de achar o que bem entender e de ser livre para opinar, independente de estar certo ou errado, pois isto é subjetivo, já que não há certo e nem errado, mas sim opiniões distintas e que devem ser respeitadas. Ser independente nos dias de hoje é ser considerado louco por ser afetado por um alto grau de independência intelectual. Eu assumo então minha loucura e convido você a também ser louco, soltar-se e ter a consciência de nossa finitude e de nossa eterna ignorância. Sugiro a você um mundo sem posses, sem fronteiras, sem preconceitos, sem nada, e quem sabe assim poderemos dizer que de fato somos livres.

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