domingo, 7 de abril de 2013

LAMENTÁVEL MUNDO NOVO

Que o mundo tem girado no sentido contrário, a náusea do dia a dia não nos deixa esquecer. Trabalhador (eu e meu miojo somos provas) tem uma ou às vezes no máximo duas refeições por dia enquanto criminosos tem cinco diárias e bem mais nutritivas que a minha. Pessoas humildes e honestas moram embaixo de marquises sem a menor condição de segurança e conforto enquanto juiz Lalau, e outros tantos criminosos da mesma laia, condenados, vivem no conforto. Eu poderia dar vários exemplos, mas confesso que estou cansado de contestar e de nada adiantar. Infelizmente se olharmos friamente para o mundo atual chegaremos à conclusão que o mal esta no poder e talvez por isto só aumente este rebanho cego obcecado por discursos eloquentes de políticos populistas e pastores gananciosos. Estou de fato cansado deste trânsito caótico onde se leva três horas para percorrer menos de vinte quilômetros; empresas que lesam clientes dia a dia; saúde falida no país; impunidade; indiferença; gente embriagada que atropela, mata na contramão e outros que tem a frieza até de jogar um braço de sua vítima fora, para ocultar provas e nem sequer sentir um pingo de remorso de nada; recém-nascidos assassinados e jogados no lixo; o que mais falta? O nível moral está cada vez mais baixo e o de merda cada vez maior, já nos sufocando. Talvez por estas e outras que as pessoas vão se tornando insensíveis para se adaptarem ao mundo atual. Semana passada, escrevi sobre os absurdos da política, especialmente para o bizarro caso do tal Feliciano, que beira o ápice da estupidez humana, onde um funcionário público manda e desmanda mais que o público. Há mil novas ferramentas de comunicação e a voz do povo parece que só sabe gritar gol ou lek lek lek, isto quando não é para falar de novela ou BBB. A menina que quer ser “cult” reclama que não tem ninguém interessante, quando na verdade ela é fútil e incapaz de ter uma conversa que dure mais que vinte frases no facebook. Já notaram que as pessoas sempre estão com pressa, mas que nunca chegam a lugar algum? Rodam como aqueles ratos de laboratório em busca de um nada disfarçado de tudo. Todas têm mil e quinhentos projetos, porém uma parcela mínima destas pessoas apenas conclui quando muito, um, destes projetos. No fundo tá todo mundo cada vez mais sozinho e desamparado sem caminho a seguir. A diferença é de que uns sabem disto e outros ainda não. Existe algo mais solitário do que uma balada? Onde você tenta disfarçar sua solidão enchendo a cara, “dançando” um funk ou qualquer outra porcaria sem sentido, mas dentro da moda, trocando saliva com todo mundo como se fosse o antídoto para uma vida melhor. Ninguém mais tem a capacidade de conversar sobre nada que não seja fútil e vazio. No passado, e falo há no máximo duas décadas atrás, se jogava uma boa conversa fora e havia poesia e uma dose de ingenuidade que nos mantinha muito mais belos. Sim, já fomos mais bonitos! Hoje é tudo sem graça, sem poesia, agora é na base do atacado, na quantidade, numa busca desenfreada pelo tudo que é nada. A TV matou a janela, como diria Nelson Rodrigues, mas a internet, por sua vez, matou a TV e não deixa de ser assim uma nova janela, então porque não usa-la para namorar, fazer uma serenata, conversar com amigos, conhecer realmente gente nova, trocar experiências e se deixar levar pela arte do acaso? Sem a ânsia da popularidade efêmera e a sede de ter tudo ali a seus pés naquele momento. Foque numa pessoa, numa conversa, num estranho que seja, pois pode se surpreender e quem sabe esta janela não se transforme numa porta para novos rumos, caminhos e oportunidades. Quantas boas oportunidades você não perdeu por ser arrogante? Quantas por desmerecer quem esta do outro lado da tela? Porque não usar esta ferramenta de comunicação para de fato se comunicar? Já que estamos todos aqui neste cyber espaço, que tal a gente começar a civiliza-lo, já que o mundo real desandou de uma vez? Talvez a internet seja ironicamente o nosso admirável mundo novo.

3 comentários:

cacau2012 disse...

Olá, Maurício!
Parabéns pelos seus excelentes textos. Percebi que me identifico muito com tudo que você escreve_ achei por uns tempos que só eu pensava diferente da maioria. Também sou "abigbrother" assim como existem apolíticos, e também concordo plenamente que a TV não é mais entretenimento nem mesmo no momento dos comerciais que há um tempo atrás chamava a atenção pela criatividade. Sobre seu texto "O real valor da educação" me levou a refletir sobre o papel do educador_ outra lamentável situação_ tanto dentro como fora de aula vemos a desvalorização total da ética e o próprio assassinato da Língua Portuguesa, onde eu mesma já ouvi colegas de profissão escrevendo "menas" e falando "se ela vinher".
Enfim, desculpe as divagações neste seu espaço que era na verdade, uma maneira de poder te dizer que espero poder continuar lendo sempre suas publicações para poder continuar refletindo enquanto nos é permitido.
Abços,

Idealista

cacau2012 disse...

Olá, Maurício!
Parabéns pelos seus excelentes textos. Percebi que me identifico muito com tudo que você escreve_ achei por uns tempos que só eu pensava diferente da maioria. Também sou "abigbrother" assim como existem apolíticos, e também concordo plenamente que a TV não é mais entretenimento nem mesmo no momento dos comerciais que há um tempo atrás chamava a atenção pela criatividade. Sobre seu texto "O real valor da educação" me levou a refletir sobre o papel do educador_ outra lamentável situação_ tanto dentro como fora de aula vemos a desvalorização total da ética e o próprio assassinato da Língua Portuguesa, onde eu mesma já ouvi colegas de profissão escrevendo "menas" e falando "se ela vinher".
Enfim, desculpe as divagações neste seu espaço que era na verdade, uma maneira de poder te dizer que espero poder continuar lendo sempre suas publicações para poder continuar refletindo enquanto nos é permitido.
Abços,

Idealista

Luana Moreno disse...

fico feliz que ainda exista vida inteligente online. li no jornal este texto e recortei pra ler o blog. sim, sou dessas. não concordo com tudo, mas se fosse o caso, qual a graça?