O Rei está morto?
O Pop - que já andava mal das pernas literalmente falando - se cala de vez com a morte de seu rei: Michael Jackson. Pra quem que, assim como eu, foi súdito de tão nobre astro desde a década de 80 - quando este menino magrelo, ainda negro na época, revolucionou a música no mundo e inventou o mercado do vídeo-clipe com a maior obra prima do segmento, insuperável até hoje, Thriller - sabe o que este texto escrito as lágrimas e de última hora (faltando menos de meia hora pra fechar a coluna, soube da notícia) possa representar.
Confesso aos meus sete leitores que em 82, quando Thriller - que até hoje é o álbum mais vendido do planeta e agora com a morte do astro as vendas no mínimo triplicarão – era sucesso absoluto, este pobre colunista ganhava seus primeiros aplausos imitando mr. Jackson em festinhas e até na TV no extinto programa “Barros de Alencar”.
Confesso ter recebido a notícia como quem recebe um soco do Mike Tyson, pois sou fã e grande admirador deste artista mais do que completo. Michael foi a figura mais controversa do show business, sem dúvida alguma, mas todos seus escândalos – que não foram poucos – jamais superarão a sua qualidade artística e legado que deixará para a eternidade. Jackson foi um artista único, ímpar, absurdamente original e que deixou uma influência inestimável para a música mundial.
Quando o assunto for talento performático e musical, ninguém chegará aos pés de Michael, mesmo estes ágeis pés insistindo em irem para trás como se fossem para frente assim como a carreira e a vida transtornada deste ser iluminado por holofotes, flashs, olhares, mas, acima de tudo, por uma luz própria que só os gênios possuem, criando o estilo Jackson que já está cravado na história da arte e, por que não, na história do mundo, afinal Michael se tornou um ícone imortal como Beethoven, Mozart e Elvis Presley.
O ídolo deixa órfãos milhões de fãs e admiradores que, assim como eu, vão rever todos seus clipes, ouvir seus discos - desde os tempos da Motown, passando pelo mágico “Off The Wall” e claro Thriller -, imitar suas coreografias e trejeitos e chegar a conclusão que talvez já estivéssemos órfãos deste Michael desde a turnê do disco "Dangerous", quando Michael já branco e absolutamente transtornado já começa a se tornar tão repulsivo visualmente quanto seu personagem em Thriller e com uma vocação bizarra para criar escândalos maior do que seu talento para criar coreografias.
A cada nova plástica parece que Michael perdia não só um pedaço de seu corpo, mas sim um pedaço de sua alma. A cada mudança de cor era como se o talento musical se dissolvesse transformando em cinzas o que um dia foi preto e se tornou branco. Seria toda esta confusão mental resíduos de uma infância roubada? Seria Michael ainda um menino de sete anos de idade mega dotado e que foi impedido de crescer? Não seria Michael o verdadeiro retrato da síndrome de Peter Pan em estágio avançado? Todas acusações contra ele, que nunca foram comprovadas, não seriam de fato prova maior de sua ingenuidade infantil? O Deus do Pop não seria um mortal idiota na vida real? O dono de tantos bens não seria na verdade apenas um único bem na mão de tantos donos?
Afinal Jackson era meu, era seu, era do vizinho, era de seus advogados, era dos seus agentes, companheiros de palco, era de sua família, era de todo mundo menos de si mesmo. O entertainer insuperável, o excelente cantor, o exímio bailarino criativo, o talentoso compositor que mesclava ritmo, melodia e imagem para criar e promover sua obra e o disco mais bem vendido de todos os tempos e ainda mudar a história da música não passava de uma luva branca coberta de lantejoulas que passava de mão em mão.
Michael deixou uma lacuna irrecuperável no show business mundial, mas nunca deixará esta mesma lacuna na mídia porque, mesmo morto artisticamente há alguns anos, ainda vinha alimentando jornais e revistas com fofocas bizarras e agora, quando se preparava para a ressurreição artística do bom e velho Michael, ironicamente o destino lhe prega uma peça e Michael real morre deixando o retorno do ícone à sombra de um passado distante, mas que ainda suprirá por longos anos a triste e vazia indústria da fofoca que criará novas teorias conspiratórias sobre o artista que, assim como Elvis, mesmo morto jamais poderá ter o descanso eterno, pois aos deuses não pertence este luxo. É o preço de tamanha divindade.
Triste mês de junho para o mundo, mas excelente mês para a mídia que já anunciará em breve que em mês de festas juninas Mr. Jackson morre engasgado com um pé de moleque ou que os anjinhos barrocos no céu terão suas auréolas corrompidas e por aí afora. Inúmeras Billie Jeans vestidas de negro aparecerão se proclamando legítimas viúvas enquanto os paparazzis farão campana na porta da casa de Macaulay Culkin, que seria a verdadeira viúva de Michael para a indústria da fofoca. É, Culkin, acredite que desta vez não vão “esquecer você”.
Entre tantas piadas e conspirações sobre a verdade sobre Michael Jackson nós, pobres mortais fiéis de sua obra, só torceríamos para que Michael revolucionasse não só a indústria do entretenimento, mas sim a vida na forma que conhecemos e nos surpreendesse com seu funeral quando os irmãos Jackson - ao carregarem o seu caixão -seguissem o cortejo fazendo o passo MoonWalker, nos enganando que iam para a cova quando na verdade o trariam de volta ao palco mais próximo, de onde Jackson sairia de seu ataúde, daria a tradicional voltinha em torno de si mesmo, seguida por seu grito e sairia dançando até se dissolver no ar como pó de estrelas e só ouvíssemos ao fundo a risada de Vincent Price nos provando de que tudo não passa de uma grande brincadeira e ele, Michael, uma eterna criança perdida, permanecerá viva para sempre nos palcos de nossa eterna mente brilhante como a luva de um astro que se recusa a dizer adeus.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
O pecado mora em Marilyn Monroe
Desde que o homem é homem, o esporte mais popular e mais praticado do mundo é o sexo. Mas, assim como o segundo maior esporte do mundo, que é o futebol, dificilmente você vê um jogo “fair play”, já que se cometem tantas faltas durante a partida do jogo e no sexo, onde neste caso, a falta grave com direito a pênalti sem goleiro é a traição.
Como sempre, o cinema - o pano de fundo destas crônicas - trabalhou bem este assunto que só não é preferência mundial pro traído, mas que traz uma satisfação de poder e glória ao traidor. Filmes como Atração Fatal e Dama de Vermelho, entre inúmeros outros exemplos, abordaram o assunto de uma forma complexa. De um lado o risco físico e o perigo real de brincar com sentimentos alheios e, de outro, o prazer do segredo e do desejo em trair sem consumar o fato, tornando o sórdido numa fantasia, por que não, romântica de um desejo platônico.
Fora das telas, na nossa vida real (ou surreal?) o ato que mais denuncia nossa traição é o sexo oral. Será que é chamado assim exatamente pelo que fala e pelo que grita? Bill Clinton quase destruiu o mundo por causa de um blowjobzinho, Hugh Grant acabou com um casamento bacana e quase destrói a carreira em cima de papéis de bom moço também por uma simples felaçãozinha e quantos casamentos, romances, elos de confiança mútua que se quebram, entre outras tristezas, se perdem num simples boquetezinho discreto escondido dentro de um carro em movimento. Será que alguém vai ver? Não, ninguém vai saber, mas aí o oral ora e ora alto e o mundo descobre e mais uma relação de confiança é destruída “oralmente”.
Mas de volta ao cinema (com ou sem sexo oral na sala) que é o nosso tema, um filme clássico sobre o tema traição é O PECADO MORA AO LADO, que tem o nome original em inglês de “coceira dos sete anos”, baseada numa tese psicanalítica que, após sete anos juntos, o homem (hoje em dia a mulher se inclui e talvez em até menos de sete anos) sente um desejo incontrolável em trair. Como o próprio filme do gênio Billy Wilder retrata na primeira cena: somos apenas 100 índios xucros indo atrás de uma indiazinha gostosa. Mais animalesco nossos desejos ainda são se esta indiazinha séculos depois se transformar na loira mais provocante do mundo, a estonteante Marilyn Monroe.
No filme, o caricato ator Tom Ewell vive um típico novaiorquino pai de família que, após ficar livre em casa com sua mulher e filho numa viagem longe dali, sente a tal coceira dos sete anos e um desejo desenfreado de ter uma aventura extraconjugal, até tenta se conter, quando ninguém menos que Marilyn Monroe bate à sua porta como a nova vizinha. O filme é inocente, claro, pela época em questão e tem bons momentos cômicos. Uma história bacana que revelou a imagem mais emblemática da loira: a cena do metrô onde sua saia levanta revelando suas lindas pernas.
Diga-se de passagem numa época bem mais sedutora, onde melancias e bailarinas axé/funk não existiam; portanto, isto era o auge do erotismo. Mas a questão filosófica de tudo isto é: será que quem trai no fundo sai menos ferido de quem foi traído? Onde de fato se encontra este desejo incontido nosso em enganar e mentir apenas por prazer? Sexo é para mim uma das coisas mais maravilhosas desta vida, depois do palco, claro, se bem que sexo no palco ou nas coxias é melhor ainda, mas isto é outra história. O fato é que sexo pode ser a cura, mas também a doença. Prova maior disto são os casamentos e relações destruídas por um ato impensado de sexo. Indo mais além ainda, a vida do desejado pode se afundar em cima deste forte desejo.
O mundo não conheceu duas pessoas tão desejadas sexualmente como Elvis Presley e Marilyn Monroe e, o que para muitos seria a vida perfeita, provou-se o contrário, pois ambos tiveram suas vidas interrompidas precocemente pela tragédia. Elvis, com todas as mulheres do mundo, morreu só, depressivo e loucamente apaixonado por uma pessoa. Marilyn seria personagem digna de uma novela mexicana. O pai, a pobre loira nunca conheceu. Sua avó morreu louca. Sua mãe era esquizofrênica e passou a vida inteira trancafiada num sanatório. Sendo assim a jovem Marilyn foi criada em orfanatos sendo estuprada na infância. Quando já adulta não conseguia emprego, passou fome e aceitou posar nua por apenas 50 dólares, para pelo menos bancar um supermercado. Seus irmãos (Robert, que morreu precocemente e Berniece, que se tornou uma de suas melhores amigas) foram raptados na infância pelo pai.
Casou e estava feliz. Havia encontrado o amor, porém o brilho das luzes e a vontade em ser centro das atenções a chamou de volta ao inferno. Largou o marido, ficou famosa e, com o sucesso, se casou com o astro do beisebol Joe DiMaggio, relação que não durou mais de um ano. Ela nunca conseguiu ser mãe e passou por dois abortos, além de nunca estar satisfeita com sua carreira. Já cansada de ser a ‘loira burra’ nos filmes, foi estudar com o mestre da atuação Mr. Strasberg e se casou com um intelectual, Arthur Miller. Claro, também não deu certo. Marilyn se afundou mais e mais em bebida e remédios. Por fim, se envolveu com o homem mais poderoso do mundo, o presidente dos EUA, John F. Kennedy, que não correspondia ao amor da loira e só a tratava como um mero objeto de desejo. Seu irmão Bobby usou o mesmo artifício e a loira ficou mais maluca ainda. É a prova de que todo mundo sangra. Mesmo os deuses e as musas. Todos têm problemas afetivos e sexuais, e até um ícone sexual como Monroe sofreu as consequências de escolhas mal resolvidas. Por isto, em matéria de amor, a fidelidade ainda é a solução para se manter feliz. A diversidade deve estar entre duas e não mais pessoas. Já no sexo com traição, meus caros, as aparências sempre enganam, porque o maior prazer – repito – ainda é amar e ser amado. Mas já que ninguém é de ferro, então em caso de traição inevitável por desejos irrefreáveis, o segredo é agir com cautela. Afinal, ser fiel é ser discreto! E Marilyn, assim como suas irmãs de sedução ao longo dos tempos, foi traída pela vida por não ser nada discreta consigo mesma.
Desde que o homem é homem, o esporte mais popular e mais praticado do mundo é o sexo. Mas, assim como o segundo maior esporte do mundo, que é o futebol, dificilmente você vê um jogo “fair play”, já que se cometem tantas faltas durante a partida do jogo e no sexo, onde neste caso, a falta grave com direito a pênalti sem goleiro é a traição.
Como sempre, o cinema - o pano de fundo destas crônicas - trabalhou bem este assunto que só não é preferência mundial pro traído, mas que traz uma satisfação de poder e glória ao traidor. Filmes como Atração Fatal e Dama de Vermelho, entre inúmeros outros exemplos, abordaram o assunto de uma forma complexa. De um lado o risco físico e o perigo real de brincar com sentimentos alheios e, de outro, o prazer do segredo e do desejo em trair sem consumar o fato, tornando o sórdido numa fantasia, por que não, romântica de um desejo platônico.
Fora das telas, na nossa vida real (ou surreal?) o ato que mais denuncia nossa traição é o sexo oral. Será que é chamado assim exatamente pelo que fala e pelo que grita? Bill Clinton quase destruiu o mundo por causa de um blowjobzinho, Hugh Grant acabou com um casamento bacana e quase destrói a carreira em cima de papéis de bom moço também por uma simples felaçãozinha e quantos casamentos, romances, elos de confiança mútua que se quebram, entre outras tristezas, se perdem num simples boquetezinho discreto escondido dentro de um carro em movimento. Será que alguém vai ver? Não, ninguém vai saber, mas aí o oral ora e ora alto e o mundo descobre e mais uma relação de confiança é destruída “oralmente”.
Mas de volta ao cinema (com ou sem sexo oral na sala) que é o nosso tema, um filme clássico sobre o tema traição é O PECADO MORA AO LADO, que tem o nome original em inglês de “coceira dos sete anos”, baseada numa tese psicanalítica que, após sete anos juntos, o homem (hoje em dia a mulher se inclui e talvez em até menos de sete anos) sente um desejo incontrolável em trair. Como o próprio filme do gênio Billy Wilder retrata na primeira cena: somos apenas 100 índios xucros indo atrás de uma indiazinha gostosa. Mais animalesco nossos desejos ainda são se esta indiazinha séculos depois se transformar na loira mais provocante do mundo, a estonteante Marilyn Monroe.
No filme, o caricato ator Tom Ewell vive um típico novaiorquino pai de família que, após ficar livre em casa com sua mulher e filho numa viagem longe dali, sente a tal coceira dos sete anos e um desejo desenfreado de ter uma aventura extraconjugal, até tenta se conter, quando ninguém menos que Marilyn Monroe bate à sua porta como a nova vizinha. O filme é inocente, claro, pela época em questão e tem bons momentos cômicos. Uma história bacana que revelou a imagem mais emblemática da loira: a cena do metrô onde sua saia levanta revelando suas lindas pernas.
Diga-se de passagem numa época bem mais sedutora, onde melancias e bailarinas axé/funk não existiam; portanto, isto era o auge do erotismo. Mas a questão filosófica de tudo isto é: será que quem trai no fundo sai menos ferido de quem foi traído? Onde de fato se encontra este desejo incontido nosso em enganar e mentir apenas por prazer? Sexo é para mim uma das coisas mais maravilhosas desta vida, depois do palco, claro, se bem que sexo no palco ou nas coxias é melhor ainda, mas isto é outra história. O fato é que sexo pode ser a cura, mas também a doença. Prova maior disto são os casamentos e relações destruídas por um ato impensado de sexo. Indo mais além ainda, a vida do desejado pode se afundar em cima deste forte desejo.
O mundo não conheceu duas pessoas tão desejadas sexualmente como Elvis Presley e Marilyn Monroe e, o que para muitos seria a vida perfeita, provou-se o contrário, pois ambos tiveram suas vidas interrompidas precocemente pela tragédia. Elvis, com todas as mulheres do mundo, morreu só, depressivo e loucamente apaixonado por uma pessoa. Marilyn seria personagem digna de uma novela mexicana. O pai, a pobre loira nunca conheceu. Sua avó morreu louca. Sua mãe era esquizofrênica e passou a vida inteira trancafiada num sanatório. Sendo assim a jovem Marilyn foi criada em orfanatos sendo estuprada na infância. Quando já adulta não conseguia emprego, passou fome e aceitou posar nua por apenas 50 dólares, para pelo menos bancar um supermercado. Seus irmãos (Robert, que morreu precocemente e Berniece, que se tornou uma de suas melhores amigas) foram raptados na infância pelo pai.
Casou e estava feliz. Havia encontrado o amor, porém o brilho das luzes e a vontade em ser centro das atenções a chamou de volta ao inferno. Largou o marido, ficou famosa e, com o sucesso, se casou com o astro do beisebol Joe DiMaggio, relação que não durou mais de um ano. Ela nunca conseguiu ser mãe e passou por dois abortos, além de nunca estar satisfeita com sua carreira. Já cansada de ser a ‘loira burra’ nos filmes, foi estudar com o mestre da atuação Mr. Strasberg e se casou com um intelectual, Arthur Miller. Claro, também não deu certo. Marilyn se afundou mais e mais em bebida e remédios. Por fim, se envolveu com o homem mais poderoso do mundo, o presidente dos EUA, John F. Kennedy, que não correspondia ao amor da loira e só a tratava como um mero objeto de desejo. Seu irmão Bobby usou o mesmo artifício e a loira ficou mais maluca ainda. É a prova de que todo mundo sangra. Mesmo os deuses e as musas. Todos têm problemas afetivos e sexuais, e até um ícone sexual como Monroe sofreu as consequências de escolhas mal resolvidas. Por isto, em matéria de amor, a fidelidade ainda é a solução para se manter feliz. A diversidade deve estar entre duas e não mais pessoas. Já no sexo com traição, meus caros, as aparências sempre enganam, porque o maior prazer – repito – ainda é amar e ser amado. Mas já que ninguém é de ferro, então em caso de traição inevitável por desejos irrefreáveis, o segredo é agir com cautela. Afinal, ser fiel é ser discreto! E Marilyn, assim como suas irmãs de sedução ao longo dos tempos, foi traída pela vida por não ser nada discreta consigo mesma.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Anjos ou demônios na arte de contar uma bela história
Assim como seu antecessor, O Código Da Vinci, o filme Anjos & Demônios teve novamente como força motriz de divulgação a tentativa de criar mais uma polêmica contra a Igreja Católica, que desta vez não deu a mínima atenção ao fato, até mesmo porque sinceramente não há polêmica alguma a não ser a que eu levanto agora sem a benção do Papa e nem do padre Marcelo: um bom livro se torna um bom filme?
Que literatura e cinema são formas de arte distintas e que possuem uma linguagem própria já sabemos. Basta analisarmos o fato de que nos livros a dimensão da história é outra e a percepção da mesma pela nossa ótica de leitor se renova sempre a cada leitura e a cada momento de vida em que estamos passando.Você pode ler e reler, até no mesmo dia, que os mesmos parágrafos podem ser compreendidos de outra maneira e a imagem na sua mente é completamente modificada como num caleidoscópio.
O leque de cenários, de tipos físicos, de cores e de emoções é muito mais brando do que no cinema onde alguém - geralmente o roteirista e depois o diretor - apresenta o formato que fora absorvido por ele (s) em cima de tal obra e o leitor - agora espectador - assiste a tudo por outros olhos que não mais os seus e, sim, o olhar da câmera que o levará para onde o diretor quiser levá-lo e construir toda sua emoção em cima desta nova visão.
Você não está mais apto a contribuir à história, pois a sua imaginação foi simplesmente freada e substituída pela imaginação de quem fez o filme. Seria como você ver um quadro, porém nele as nuvens se movem, as luzes acendem e apagam, tem música na tela, as figuras andam, gritam, choram, morrem, matam, e o que antes era estático e tomava forma apenas em sua imaginação hoje em movimento lhe vem como fast food para seu entretenimento. Muitas vezes um alimento nutritivo, de fato, mas em outras, puro e simplesmente um chiclete para os seus olhos.
Os símbolos utilizados no cinema numa adaptação literária dão crédito ao mito de que uma imagem vale mais que mil palavras. Talvez a afirmação até seja real quando o assunto é paisagem, cenários ou a ideia de se vender ou desejo de se consumir algo. Mas quando o assunto é a psique humana e sua gama rica de sentimentos, nada mais elucidativo que a narrativa do autor da obra (livro) que nos guia para uma viagem aos labirintos significativos dentro da alma de suas personagens.
Claro que a obra de Dan Brown, em questão, não tem esta envergadura e não deixa de ser puro entretenimento, porém o livro diverte e elucida muito mais do que o filme que se tornou confuso, extremamente verborrágico e claro, como resultado disto, enfadonho. Não subestimando Tom Hanks que é um grande ator, eu não o vejo como Robert Langdon – protagonista da trama - em hipótese alguma e talvez por isto o descrédito do filme. Interessante que o próprio autor quando dá características físicas ao seu personagem, o compara com Harrison Ford, que evidentemente não deve ter topado a empreitada.
Uma pena, pois faria bem melhor que Hanks e um blockbuster deste porte poderia salvar a carreira pós o vexame de Indiana 4. Aliás, quanto a esta questão de phisic de role (perfil físico) de personagens, na obra de Puzzo - o livro “Poderoso Chefão” - Michael Corleone é loiro, alto e forte e Pacino mesmo sem nenhuma destas qualidades conseguiu convencer os leitores de que o autor poderia ter se equivocado nas características, pois não se imagina um Michael Corleone sem ser Pacino, o que é uma exceção da regra, que transcende até a imaginação do autor.
Claro que para imaginarmos cenas e personagens, tanto o autor ou nós, leitores, temos de pensar e muita gente acha isto um tanto quanto cansativo. Absorvem arte apenas se ela vier por uma tela. Isso encoraja à preguiça. Preguiça que eu confesso ter tido - mesmo sendo um leitor assíduo viciado em livros e rato de biblioteca assumido – e ter escolhido o cinema para conhecer grandes obras como Guerra e Paz, o Conde de Monte Cristo, Madame Bovary, o Homem que Ri, entre outros clássicos que ainda lerei, mas que num momento preferi assisti-los, já ciente de toda carga diminuta que traria à obra. Foi mais matemático que preguiçoso, pois o tempo que levaria para ler a obra de Tolstoi, eu li a obra completa de John Fante, por exemplo. A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a nossa alma responde.
Sinceramente meus caros sete leitores torço para que consigam assistir grandes obras no cinema e lerem no mínimo um clássico por mês, pois além de enriquecer sua cultura e vocabulário, a leitura engrandece a alma e ainda é um ótimo passatempo e inimiga do tédio que vem ao mundo pelo caminho que a preguiça abre. O livro nos traz sempre a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado. Que as pessoas em seu caminho não tenham preguiça para desbravá-lo ou descobri-lo em sua essência, assim como a um bom livro.
Você pode ser uma obra complexa, rica, infestada de manifestações e acima de tudo repleta de emoções. Talvez o mundo queira condensá-lo a uma visão mais rápida e simples do que você realmente seja, para que você possa vir a ser absorvido por muitos, assim como transformam uma obra literária e complexa num filme simples e rápido.
Cuidado para não se deixar ser adaptado para um universo que não seja o seu e regido por uma visão que também não seja a sua. Seja macro como um grande clássico e não permita que uma simples adaptação reduzida e editada do que você de fato é o transforme para o mundo num anjo ou em um demônio.
Assim como seu antecessor, O Código Da Vinci, o filme Anjos & Demônios teve novamente como força motriz de divulgação a tentativa de criar mais uma polêmica contra a Igreja Católica, que desta vez não deu a mínima atenção ao fato, até mesmo porque sinceramente não há polêmica alguma a não ser a que eu levanto agora sem a benção do Papa e nem do padre Marcelo: um bom livro se torna um bom filme?
Que literatura e cinema são formas de arte distintas e que possuem uma linguagem própria já sabemos. Basta analisarmos o fato de que nos livros a dimensão da história é outra e a percepção da mesma pela nossa ótica de leitor se renova sempre a cada leitura e a cada momento de vida em que estamos passando.Você pode ler e reler, até no mesmo dia, que os mesmos parágrafos podem ser compreendidos de outra maneira e a imagem na sua mente é completamente modificada como num caleidoscópio.
O leque de cenários, de tipos físicos, de cores e de emoções é muito mais brando do que no cinema onde alguém - geralmente o roteirista e depois o diretor - apresenta o formato que fora absorvido por ele (s) em cima de tal obra e o leitor - agora espectador - assiste a tudo por outros olhos que não mais os seus e, sim, o olhar da câmera que o levará para onde o diretor quiser levá-lo e construir toda sua emoção em cima desta nova visão.
Você não está mais apto a contribuir à história, pois a sua imaginação foi simplesmente freada e substituída pela imaginação de quem fez o filme. Seria como você ver um quadro, porém nele as nuvens se movem, as luzes acendem e apagam, tem música na tela, as figuras andam, gritam, choram, morrem, matam, e o que antes era estático e tomava forma apenas em sua imaginação hoje em movimento lhe vem como fast food para seu entretenimento. Muitas vezes um alimento nutritivo, de fato, mas em outras, puro e simplesmente um chiclete para os seus olhos.
Os símbolos utilizados no cinema numa adaptação literária dão crédito ao mito de que uma imagem vale mais que mil palavras. Talvez a afirmação até seja real quando o assunto é paisagem, cenários ou a ideia de se vender ou desejo de se consumir algo. Mas quando o assunto é a psique humana e sua gama rica de sentimentos, nada mais elucidativo que a narrativa do autor da obra (livro) que nos guia para uma viagem aos labirintos significativos dentro da alma de suas personagens.
Claro que a obra de Dan Brown, em questão, não tem esta envergadura e não deixa de ser puro entretenimento, porém o livro diverte e elucida muito mais do que o filme que se tornou confuso, extremamente verborrágico e claro, como resultado disto, enfadonho. Não subestimando Tom Hanks que é um grande ator, eu não o vejo como Robert Langdon – protagonista da trama - em hipótese alguma e talvez por isto o descrédito do filme. Interessante que o próprio autor quando dá características físicas ao seu personagem, o compara com Harrison Ford, que evidentemente não deve ter topado a empreitada.
Uma pena, pois faria bem melhor que Hanks e um blockbuster deste porte poderia salvar a carreira pós o vexame de Indiana 4. Aliás, quanto a esta questão de phisic de role (perfil físico) de personagens, na obra de Puzzo - o livro “Poderoso Chefão” - Michael Corleone é loiro, alto e forte e Pacino mesmo sem nenhuma destas qualidades conseguiu convencer os leitores de que o autor poderia ter se equivocado nas características, pois não se imagina um Michael Corleone sem ser Pacino, o que é uma exceção da regra, que transcende até a imaginação do autor.
Claro que para imaginarmos cenas e personagens, tanto o autor ou nós, leitores, temos de pensar e muita gente acha isto um tanto quanto cansativo. Absorvem arte apenas se ela vier por uma tela. Isso encoraja à preguiça. Preguiça que eu confesso ter tido - mesmo sendo um leitor assíduo viciado em livros e rato de biblioteca assumido – e ter escolhido o cinema para conhecer grandes obras como Guerra e Paz, o Conde de Monte Cristo, Madame Bovary, o Homem que Ri, entre outros clássicos que ainda lerei, mas que num momento preferi assisti-los, já ciente de toda carga diminuta que traria à obra. Foi mais matemático que preguiçoso, pois o tempo que levaria para ler a obra de Tolstoi, eu li a obra completa de John Fante, por exemplo. A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a nossa alma responde.
Sinceramente meus caros sete leitores torço para que consigam assistir grandes obras no cinema e lerem no mínimo um clássico por mês, pois além de enriquecer sua cultura e vocabulário, a leitura engrandece a alma e ainda é um ótimo passatempo e inimiga do tédio que vem ao mundo pelo caminho que a preguiça abre. O livro nos traz sempre a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado. Que as pessoas em seu caminho não tenham preguiça para desbravá-lo ou descobri-lo em sua essência, assim como a um bom livro.
Você pode ser uma obra complexa, rica, infestada de manifestações e acima de tudo repleta de emoções. Talvez o mundo queira condensá-lo a uma visão mais rápida e simples do que você realmente seja, para que você possa vir a ser absorvido por muitos, assim como transformam uma obra literária e complexa num filme simples e rápido.
Cuidado para não se deixar ser adaptado para um universo que não seja o seu e regido por uma visão que também não seja a sua. Seja macro como um grande clássico e não permita que uma simples adaptação reduzida e editada do que você de fato é o transforme para o mundo num anjo ou em um demônio.
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