sexta-feira, 11 de setembro de 2009

B B BRUNO



Depois de Ali G e Borat, o infame, porém inteligente e versátil, comediante, Sacha Baron Cohen chega as telas novamente, agora com seu personagem homossexual Brüno. Para entender melhor este inglês que vem inovando o mercado da comédia com influências óbvias de seus conterrâneos Peter Sellers e a trupe do Monty Python, recomendo sua biografia não autorizada, que me surpreendeu em cada detalhe da jornada deste maluco genial, até o auge de seu sucesso, e claro, seus inúmeros processos e inimigos. Desta vez o alvo do bombardeio de Cohen é a fama instantânea, que dá margem a astros cada vez mais vazios que se proliferarem como pulgas. Cohen, com seu Brüno – assim como Borat -, incomoda, ofende e esfrega na cara de seus interlocutores todo preconceito homofóbico e racial, que a maioria mantém enrustida. Num mundo onde futilidade e o sucesso instantâneo e descartável se tornaram prioridades, Sacha consegue nos fazer rir do óbvio. Consegue ainda juntar Bono Vox, Slash, Elton John e mais um time de estrelas da música para brindar toda a nossa estupidez latente numa espécie de USA for Africa em prol da imbecilidade. A falta de talento do personagem Brüno, alinhada a sua falta de escrúpulos e de caráter o transforma num astro, assim como 85% (chutei baixo, porque estou de bom humor) de todos astros que engolimos a seco diariamente. É inacreditável como chegamos num ponto onde o senso crítico das pessoas foi fulminado. Na música há décadas não há nada novo, aliás, a dinastia do axé com sua batida absolutamente idêntica e suas letras vazias e monossilábicas ainda mexem com a cabeça (ou seria a bunda?) das pessoas. Grupos de forró e bandas Emo nem preciso comentar nada. É o supra sumo do fake, perdendo apenas para o sertanejo (até hoje não entendi porque este título, se o que eles menos fazem é música sertaneja) com sua produção manufaturada de cabeças ocas e egos gigantes. Mas ao invés de disparar minhas poucas balas a esmo, prefiro deixar a artilharia no comando de Sacha, que deveria ser ministro do Exército, em especial na guerra contra a demagogia. Brüno põe em discussão temas polemicos como a homossexualidade, o mundo da moda, guerra, religião, troca de casais, show business, e nos 80 minutos de filme e de muita baixaria, claro, nos da uma imagem muito próxima da nossa trsite realidade, já que pelo andar da carruagem o que vemos é uma perspectiva bastante negativa no futuro. A inversão de valores chegou a tomar uma dimensão tão assustadora, que já passa despercebida entre nós. O que tem valor hoje é o que está na mídia e quem a comanda. Não importa se você ficou famosa por ter um filho bastardo de uma estrela; se você espanca mulher e jornalistas mas na TV faz cara de anjinho barroco; se você se degladiou e mostrou seu lado maquiavelico monitorado por câmeras 24 horas enquanto seus “amigos” eram eliminados; se você vende seu corpo a qualquer preço; se canta tudo aquilo que não acredita; se nunca sequer subiu num palco de teatro, mas jura que é ator; o que importa tudo isto? Afinal o importante é o sucesso, não é mesmo? O fim justifica os meios. Hitler, que Brüno admira, também pensava assim. Enfim, se você faz parte deste seleto grupo de psicopatas – pessoas sem sentimento algum, guiadas por um egoísmo infinito – pode ser que venha a se tornar um astro. Lembre-se as inscrições do BBB 10 já estão chegando e caso você não consiga entrar, não se preocupe pois tem a Fazenda do Bispo. Pode até ser que você saia de um destes realitys famosos e Brüno lhe entreviste, não é mesmo? Se Sacha conhecesse o Brasil teria material de sobra para mais um de seus filmes documentários, onde a ironia e a inteligência abate sem pena a estupidez e a imbecilidade. Na eterna guerra de egos, na vitória da falta de talento sobre a arte e claro na batalha surreal que emissoras de TV travam em troca de “artistas” que nada valem e que nada tem a nos oferecer ou acrescentar, creio que Brüno de fato seria a nossa pomba da paz a cagar eternamente sobre nossas cabeças já tão vazias!

Um comentário:

Manunamoral disse...

Pohaaaa arrasou.

Acho que vc resumiu tudo em uma palavra: Demagogia.

Somos todos demagogos e quem disser que não levante o dedo. Somos levados a acreditar que não...mas a sociedade nos remete a sermos sim.
Como diz um amigo: se vc não se corrompe, de uma hora pra outra acaba sendo corrompido.

"...E eis que no meio de tanta gente eu encontrei vc...no meio de tanta gente chata sem nenhuma graça, você veio...hauhauahuahauh..."

Somos vitimas dessa sociedade demagoga, mas a gente ainda continua de pé.

Salve Bruno.

PS: Já pensou ele na favela do alemão??? auhauahauhauahauh