quinta-feira, 25 de março de 2010

BAFÔMETRO CINEMATOGRÁFICO





E mais uma vez o Oscar de melhor ator foi para atuação de um personagem alcoólatra, o que prova mais uma vez que se você falar sobre nazismo ou criar um personagem viciado na água que passarinho não bebe, você tem fortes chances de ganhar um Oscar para enfeitar sua estante comprada em suaves prestações. Bom, o tema holocausto agrada e muito a academia, já que a mesma é formada em sua vasta maioria por judeus, mas será que sua vasta maioria também seria de alcoólatras? Tudo bem que a votação para dar o Oscar de melhor atriz à Sandra Bullock não deixa dúvidas sobre esta questão, mas a de ator foi mais que merecida e parece ter sido computada num momento de lucidez dos senhores do Oscar. Jeff Bridges é literalmente O cara (dude) e já estava mais do que na hora de ser agraciado com a estatueta. Bridges é do tipo outsider e distante do glamour e da vaidade comum de Hollywood. Sua dobradinha merecida este ano (Oscar e Globo de Ouro) se deve a sua brilhante atuação no filme Crazy Heart, onde Bridges interpreta um cantor country de muito sucesso no passado, tentando sobreviver bem ao ostracismo presente. Ray Milland (Farrapo Humano) e Nicolas Cage (Despedida em Las Vegas) receberam suas estatuetas douradas pelas atuações parecidas nos papéis de escritores em crise e viciados na “marvada” pinga. Ambos representaram com muita propriedade e uma certa sutileza fugindo do estereótipo de bebum caricato para cair na triste e real situação de um alcoólatra, que diferente dos comerciais de bebidas não possuem glamour algum, muito menos charme.
Em Crazy Heart isto é mostrado com mais emoção ainda, já que o personagem de Bridges não tem nem de longe tendências suicidas e muito menos ataques agressivos, pois ele apenas convive com a solidão e o triste fato de seu tempo já ter passado. A bebida é apenas uma forma de aliviar esta dor e o vício uma conseqüência fatal desta escolha. Colin Farrell faz o discípulo do protagonista com a diferença de ser o cantor mais popular da América (uma espécie de Garth Brooks) despido de estrelismo e sempre pajeando à distância seu mestre amargurado. A música tema do filme “The Weart Kind” foi também vencedora do Oscar e este singelo colunista aqui, fã de Hank Willians (o Papa do country) recomenda a trilha sonora que é bem bacana. Vale lembrar que Jeff é músico e assim como Val Kilmer em Doors e Joaquim Phoenix em Johnny & June cantou em todas as canções, diga-se de passagem, muito bem, aliás, com uma voz grave que lembra bem de perto o timbre do slowhand Eric Clapton. Para os fãs de Bruno & Marrone, Esperma & Tosóide, Tá deu & Tá dando, entre outras duplas cafonas não recomendo o filme apesar do apelo country, pois diferente do que se prega no Brasil com este mundinho “sertanojo”, no filme não há apologia alguma sequer à rodeios e muito menos à bebida, muito pelo contrário, é sutilmente um filme sobre consciência e abstinência. Fato este que deve estranhar e muito alguns, num país onde sertanejos disparam canções machistas e extremamente comerciais ao mercado das drogas legais. Fica uma reflexão barata: é justo um cantor (???) famoso embriagado causar um acidente com vítimas fatais, não ser preso e ainda gritar em seus shows pelo país afora: “É bebedeira, é bebedeira...só zueira, só zueira...” e ficar cada vez mais rico??? Fico por aqui, meus caros sete leitores, com meu suquinho de laranja e a triste certeza que assim como a academia, nós premiamos alcoólatras, com a diferença de que lá pelo menos, os premiados são personagens da ficção e aqui infelizmente são personagens bufões de nossa dura realidade. Fecha a conta para mim, por favor.

Um comentário:

Manunamoral disse...

Queridoooo,

Que saudades de comentar por aqui.

Sempre concordo em genero, numero e grau com vc.

Adorei o filme, o som e a história...meio que me identifiquei com uma certa historia familiar que eu convivi...

Eu acho que ele mereceu ganhar a estatueta, mas poderiamos mudar o tema dos filmes né...

Mas como diz alguém por ai: Deus proteje os bebados e as crianças não é?

hauhauahuah

Sumemoooooooo.

Bjotas sonoras.