sábado, 13 de março de 2010

O mundo imaginário de Terry Gilliam



Um dos maiores grupos de humor do mundo, sem sombra de dúvidas, foi Monty Python. Os caras estavam anos-luz a frente de seu tempo com piadas que nos dia de hoje já incomodariam muita gente, imagine há quatro décadas atrás? Além dos textos inteligentes e completamente non-sense, a maior diferença do Python com relação a outros grupos é que eles eram atores acima de tudo. Excelentes atores, diga-se de passagem, e anarquistas por vocação. Claro que na Inglaterra, assim como nos EUA se tem esta vantagem no quesito liberdade de expressão, pois lá se faz humor com quem quiser e sobre o que quiser, diferente de alguns países sul americanos que até no humor há uma censura velada, porém ativa e nada engraçada. Mas deixando estes pormenores de lado e voltando ao que interessa, umas das crias do Python foi o cineasta Terry Gilliam, que ao lado de outro Python, Terry Jones, dirigiu clássicos do grupo para o cinema, como Cálice Sagrado e a Vida de Brian. Em vôo solo, Gilliam dirigiu Brazil – o filme, não o país, porque se fosse talvez estaríamos melhor -; 12 macacos - com Brad Pitt aliás em ótima atuação -; e Medo e Delírio sobre as viagens do criador do jornalismo Gonzo, mr. Hunter Thompson, entre outros filmes. Terry conheceu Heath Ledger quando o dirigiu em Irmãos Grimm, mais uma fábula - desta vez sobre o mundo das fábulas -, porém como nem tudo são flores, os produtores acabaram finalizando o filme e o resultado não fora o que Terry tinha em sua brilhante mente, mas ao menos nasceu daí a amizade e a promessa de trabalhar com Ledger de novo. Assim que o jovem finalizou as gravações de Cavaleiro das Trevas, com seu inesquecível e alucinado Coringa, a promessa de Terry foi cumprida. O filme seria “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus”, mas a fama de azarado de Terry (que já perdeu cenários com chuvas, perdeu investidores, brigou com produtores, teve filmes modificados, etc) desta vez supriu as expectativas de qualquer nuvem negra e durante as gravações recebe a notícia inesperada da morte do amigo e protagonista do filme: Heath Ledger. Mas a criatividade de Gilliam, posta à prova de novo, não decepciona e com a ajuda de três grandes amigos de Ledger - Johnny Depp, Jude Law e Collin Farrell, a produção é finalizada com uma jogada de mestre. Como a história se passa entre sonho e realidade, e Ledger havia gravado todas as cenas do plano realidade, o diretor decidiu então que no plano dos sonhos o personagem teria outras aparências distintas, aí entram as três estrelas convocadas para salvar a produção, que aliás não só cumprem esta função como enriquecem a obra, já que somam-se talentos, carismas e a magia, pois em alguns takes (em especial os de Depp) chega-se a confundir-nos se é Heather mesmo em cena. O filme, como em todos de Terry, segue numa sintonia diferente do casual, em seu tom surreal e sinistro, que talvez só Burton entendesse das ferramentas para tal, mas agrada e muito aos olhos acostumados com a obra do ex-Python. Nele, há balões com cara de gente, escadas que chegam às nuvens, bares no meio do nada, policiais travestis (referência aos números musicais de Monty Python), espelhos mágicos, muita cor, muita fantasia e claro as alfinetadas à sociedade de consumo. A história – que lembra as de nosso Ariano Suassuna - é sobre um velho imortal que faz um pacto com o diabo (claro, Tom Waits magnífico) para se tornar jovem novamente por causa de uma paixão. Seu desejo é concedido porém o preço é a alma de sua filha quando ela fizer dezesseis anos. Na jornada que se sucede ele vai apostando almas com seu oponente em números teatrais que fariam Gabriel Vilella se sentir lisongeado. O imaginário de Parnassus convence, agrada e merecia mais indicações neste Oscar, pois baseando-se nos indicados, sem sobra de dúvidas seria uma boa opção. Se bem que Sandra Bullock faturar Oscar de melhor atriz nem a imaginação fértil de Parnassus ou de Gilliam conceberia.

Um comentário:

Manunamoral disse...

Clapt clapt clapt....milhares de palmas pra vc que mais uma vez arrasa no post.

Nosinhoraparecida, falar que eu estou louca e alucinadamente varida para assistir esse filme é exagero???

Meu tão incrível e saudoso HL, e a historia espetacular que nos envolve....aff acho que já assisti aos treilers milzilhoes de vezes.

Sem palavras pra definir...pra mim, esse merece o oscar.

sumemoooooooooooooo.

bjotas sonoras.

ps: sandra como melhor atriz, me abstenho de comentar...hauhauhauahhua