segunda-feira, 20 de abril de 2009

BOLA NA TELA É GOL DE PLACA




Todos sabem que não sou um entusiasta futebolístico, mas como tenho pelo cinema uma paixão muito maior do que pelo futebol, então mesmo sendo são-paulino de berço e completamente realizado e feliz (se bem que um são paulino feliz é pleonasmo) com minha escolha, tive o prazer de assistir ao filme Fiel, pois não tenho o menor preconceito contra outros times. O documentário sobre o Corinthians e sua fiel torcida, na verdade segue uma direção oposta aos tradicionais e deixa a narração no banco de reservas e coloca como titulares: testemunhais de torcedores, jogadores e do técnico atual do time, Mano Menezes. Claro que em termos de cinema, o filme dá uns chutes pra fora, mas o alvo, que é o coração do corintiano, o filme acerta com um belo gol de placa. Diferente do que se imagina, o filme não é sobre a história do clube paulista, e muito menos sobre a sua torcida, mas sim sobre uma bela história da paixão e amor de uma torcida pelo seu clube num momento difícil: o rebaixamento para a segunda divisão. Assim como um marido traído, mas apaixonado, o torcedor corintiano emociona pelo amor incontestável e incondicional por sua paixão: o Corinthians! Assim como retrata muito bem um torcedor num dos depoimentos do filmes: “Torcer pelo Corinthians é sofrer...e muito.” E talvez aí esteja o grande segredo desta torcida que contrariando estatísticas (nunca acreditei nelas) é a maior torcida do mundo em minha modesta e polêmica opinião. Não levando aqui a questão da violência, já que infelizmente todas as torcidas brasileiras possuem este triste episódio em sua história, me atenho apenas à paixão e dedicação do torcedor pelo seu clube e nisto o Corinthians dá uma lição de amor. Num outro depoimento há uma frase que retrata bem isto, quando o torcedor diz:
“Todos os times têm uma torcida. O Corinthians é uma torcida que tem um time.” Eu não sou fã ardoroso de futebol já mencionei acima, e concordo com Millôr Fernandes quando diz que “O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da mídia”, mas como sou fã incondicional de emoções, é inegável o poder emotivo que um time tem sobre seus torcedores e isto faz do futebol uma arte onde a inteligência e o talento desçam aos pés e a cada lance perfeito, a cada gol de placa, um quadro é pintado, uma música é composta e um livro é escrito na memória do torcedor. Na tela de cinema. isto é exibido (tendenciosamente ou não, o que não vem ao caso) com depoimentos emocionantes de idolatria ao time e os benefícios psicossomáticos desta euforia, como o caso da torcedora diagnosticada com uma doença grave e que se recupera e bem, nos estádios em dia de jogo. Há depoimentos emocionantes de pais, de filhos, de amigos e até de casais formados pelo Orkut graças ao amor em comum pelo Corinthians.
O amor, aliás, que em diversos aspectos é muito semelhante ao futebol, pois quanto mais você perde mais você quer jogar e o Corinthians demonstrou isto muito bem em sua estadia sombria na série B do futebol com depoimentos comoventes de jogadores e torcedores que sentiram na pele a derrota e o deboche, mas como que num filme de Tom Cruise, o time da fiel dá a volta por cima com o apoio de uma torcida que deveria servir de exemplo e que merece a alcunha que a acompanha: Fiel! E como o preço da fidelidade é a eterna vigilância, o time pode jogar na China, que vai ter uma torcida considerável lá para observar e porque não vigiar os passos dentro e fora do gramado. Finalizo o segundo tempo desta coluna com um gol de calcanhar de Sócrates, que era doutor fora e mestre dentro do campo, mas que também filosofava assim como seu xará grego: “O Corinthians não é só um time e uma torcida. É um estado de espírito.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro amigo,
Òtimo Blog.Muito bem estruturado,informatizado e apresentado.
Fiquei muito feliz ao ler seu comentário em meu blog.Agradeço desde já a sua leitura!
Grande abraço,
Sucesso!

Iago José.