quinta-feira, 10 de maio de 2012
O QUE AS MULHERES QUEREM?
Revendo pela enésima vez “Meia Noite em Paris” do mestre Woody Allen, me identifico cada vez mais com o protagonistae sua paixão pela década de 20, onde o romantismo pairava. A efervescência cultural da cidade luz abrilhantava todo romantismo ali vivo e pulsante. Onde será que nos perdemos? Porque hoje o romantismo está fora de moda e as mulheres, que tanto desejam este tipo de atitude em filmes que as façam chorar, na vida real optam sempre pelo oposto? Será uma relação sado-masoquista consigo mesma para contribuir com a indústria de chocolate e antidepressivos? O “bovarismo” tem tomado conta das mulheres atuais, pois todas vivem como Emma Bovary,mas ignoram o final que ela teve. O amor nos dias de hoje é tão fake quanto uma bolsa Louis Vuitton da 25 de março. Todas querem manter a aparência, mas poucas seguram um original nos braços. Sonham com criaturas da ilha de Caras para se construir famílias de comercial de margarina, mas acabam sempre descobrindo tarde demais que a aparência é tão irreal quanto à sua felicidade. As modelos e misses que dizem que seu livro de cabeceira é O Pequeno Príncipe, mais agem como leitoras do Príncipe, de Maquiavel, numa competição desenfreada em um vídeo game real, onde as armas são peito gigante, barriga tanquinho, roupa da moda, a balada certa e manter sempre a vagina atenta e com a mira laser apontada para o “bom partido” da vez.Esquecem que o sapatinho da Cinderella nos dias de hoje é a camisinha, só que vai pro cesto de lixo com seus sonhos misturados a sêmen, sangue e borracha. O sexo tem se tornado uma praça de alimentação de shopping num domingo à tarde. Tudo é fast food. Não há poesia, envolvimento, delicadeza e sutileza, pois vivemos entre titãs e verdadeiras sex machines numa ficção científica erótica dirigida por Ed Wood ao som de Michel Teló e tche, tche, tchu, sei lá o que. Tudo bem que o amor é um elástico esticado e quando uma das pontas é solta quem segura a outra acaba sempre saindo machucado. Tudo bem que é muitomais fácil a arte de gozar simultaneamente do que deixar de amar juntos. Concordo que este sentimento nos torna fracos e sensíveis, amando mais o próximo do que a nós mesmos e a composição desta química é mais letal que cicuta e mais explosiva que nitroglicerina, mas no final acaba sempre valendo a pena. Quem já amou sabe que vale mais do que qualquer balada cara ou passeio de iate para postar fotos no face book. Sabe que fazer sexo é fascinante, mas sexo com amor é algo que transcende e nos leva a outro patamar da existência. No fundo todos nós somos anjos de uma asa e só conseguimos voar quando abraçados. A busca confusa é que nos deixa em solo. A nossa eterna miopia para o verdadeiro amor gritando ali do nosso lado. Quem a gente ama e quem ama a gente nunca são a mesma pessoa, porque nós não notamos.O coração é músculo involuntário e faz com que o amor seja irrefreável e indomável.O amor une a puta ao padre, o judeu à palestina, o negro à branca, o corintiano à são paulina, o feio à bela, a rica ao pobre, enfim, não há regras para se amar. Basta se entregar de verdade e dar a chance de ser surpreendida diariamente pela outra pessoa, para descobrir que a verdadeira riqueza e felicidade estão contidas nestes momentos mágicos que são a única coisa que levaremos daqui. O coração de uma mulher é um alaúde suspenso que se for bem tocado, ressoa infinitamente, portanto, entreguem-se meninas a seus maestros e deem-se a chance de viver uma bela sinfonia regida por eles.
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4 comentários:
Você descreve muito bem a situação de hoje.
Amor hoje em dia só a paçoca meu bem.
Sou romantica sim e quem me quiser tem que saber.Essa história de mulher de malandro não é comigo.
Eu quero ser amada e valorizada.
To pedindo muito?
Oi Maurício!!! Seu texto é lindo e impecavelmente verdadeiro... deveríamos fazer uma campanha por menos fakes e mais faces reais... Um abração, Edna Correia
Nos perdemos nas prateleiras da "Vida feliz 50mg!" Creio que toda essa auto enganação provém do simples medo de se ser a pessoa a estar segurando o elástico. E assim, nos enganamos com quantidades alucinates de "felicidades de sexta-feira".
Maurício, parabéns pelo blogue. Retornarei mais vezes.
sou apaixonado por dramaturgia ,vc descreve perfeitamente a situação atual de hoje,parabéns ...
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