quinta-feira, 18 de julho de 2013

SER OU NÃO SER HUMANO?

O ser humano é uma ilha cercada de ego e medo por todos os lados. Por causa disto, há gente que adora arrumar desculpas para as suas atitudes jogando a culpa nos signos do zodíaco. Ao invés de dividir toda a raça humana em doze tipos, porque não resumir mais ainda e dividi-la em apenas dois: o que humilha e o que é humilhado.
Eu faço parte do segundo grupo. Enquanto o primeiro sofre de auto valorização de si mesmo, o segundo sofre de auto desvalorização. O problema é que um se julga acima do restante do mundo, o que o torna próximo ao super-homem de Nietzsche, enquanto o outro, frágil, se sente abaixo. Ambos se aborrecem, um com mais intensidade (segundo grupo) do que o outro, e ambos esquecem que pessoas e coisas não nos aborrecem. O que nos afeta é acreditar que elas têm poder para isto. No fundo tudo é fruto do medo. O que humilha, o faz por medo de ser superado e o humilhado, o faz pelo medo de sentir culpado, mesmo sem sê-lo. Um dos maiores nomes da psicologia mundial, Albert Ellis, dizia que os melhores anos da sua vida são aqueles em que você decide assumir seus problemas e percebe que é você, apenas você, quem de fato controla o seu destino. Evidente que a ignorância também é uma benção.
No mundo de hoje quanto menos se pensar, infelizmente, lhe traz mais benefícios, já que vivemos a era da mediocridade, onde qualquer um pode ser feliz, mas para ser infeliz, requer um aprendizado. Qualquer pessoa que enxergue além ou que pense fora da caixa, se fere ao notar que o mundo está distante de ser um lugar bom para se viver. Mas em contrapartida, se todos nós pensássemos com toda força nisto, mudaríamos a rota deste mundo. É inconcebível fechar os olhos, desligar o cérebro e se deixar levar pela onda de estupidez que assola o universo. A mídia, como um todo, colabora de maneira agressiva para que de fato você se desligue da realidade. Enquanto uma criança de cinco anos é assassinada de maneira covarde, fria e monstruosa por um elemento sórdido, que não soma em nada à existência do planeta, discute-se futebol, verdadeiro ópio das multidões.
Estamos tão hipnotizados e distantes que ignoramos fatos como este, da pobre criança, porque somos felizes, então temos de celebrar. E que venha o próximo jogo e o próximo assassinato cruel e impune. A presidente do país sugere um plebiscito que serve como placebo diante de uma crise astronômica, mas ninguém contesta. É nítido que tal sugestão só acarretará em mais dinheiro pelo ralo (com todo processo eleitoral) e favorecerá quem não deveria: políticos. Basta dizer que um cidadão que foi condenado pela justiça, não está preso, é deputado e ainda faz parte de comissão de justiça é favorável a este plebiscito. Que tal você pular de uma cadeira para ver se seu cérebro pega no tranco e perceber o absurdo que se aproxima enquanto você com os dentes cariados sopra uma corneta e grita gol?
Esta na hora de pensar, pois esta felicidade boçal, estúpida, não nos cabe mais. E àqueles que dizem: “quanto mais conheço o ser humano, mais amo meu cachorro”, reflita (não dói, juro) que o pobre animal (neste caso, o cachorro) não fala e muito menos tem poder de argumentação, caso contrário, até ele não lhe suportaria e talvez lhe dissesse verdade que doeriam mais que uma mordida. Os radicais dizem que preferem viver entre animais. Ok, então deixe seu IPhone em casa, desconecte-se da internet e da TV, use apenas uma cueca (ou calcinha) e se aventure no meio da mata. Com toda certeza do mundo, o primeiro contato olho a olho com um tigre, talvez lhe faça mudar de ideia, ao perceber que o poder de argumentação da mata é pior que o seu movido a música sertaneja e funk e os tais signos lá são apenas dois: predador e presa. Bem vindo ao seu habitat real, a civilização, lembrando que aqui nesta terra de cegos, quem tem um olho não é rei, mas sim, louco. Mas a loucura nem sempre é apenas o caos. Ela pode ser também a transformação!

3 comentários:

Anônimo disse...

Fortes motivos para fazer as pessoas pensarem, mas por que são cada vez mais raras as pessoas capazes de enxergar a vida da maneira como ela é, assim como mostra este belo artigo? Confesso que encontrar este texto foi maravilhoso, mas ao mesmo tempo me entristece saber que as situações retratadas nele são a realidade pura. Tive uma idéia: vou deixar o cérebro em casa guardado na gaveta e virar idiota. Vai doer menos, não?

Lady Leka disse...

As pessoas sao acomodadas. Fica comovido na hora de um crime absurdo mas no minuto seguinte, como nao foi diretamente com elas esquece. corrupcao a mesma coisa.. sabe q esta sendo roubado, mas como o roubo é indireto "tudo bem" ninguem ta pondo a arma na cabeça mesmo (mas os impostos pagando). Enquanto isso dalhe futebol e novela afinal pra que ddesligar a tv se a educaçao, saude e economia estao as mil maravilhas mesmo?

Madame X disse...

Maurício,a coluna da semana passada do jornal foi repetida não?