quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O INDELÉVEL SORRISO DE CHOCOLATE

Semana da criança e como costume, o facebook fica parecendo o anuário de uma escola primária. Fotos e mais fotos de crianças lindas (ok...nem todas) e sorridentes para animar os perfis dos usuários e claro, na pior das hipóteses, transformar o FB num paraíso para pedófilos. Alguém turrão que não consegue sorrir há tempos como na foto que postou, vai achar minha piada de mau gosto, claro.
O fato é que as pessoas ao envelhecer (claro que há exceções, como em tudo na vida) vão se tornando sem graça, sem brilho, porque perderam o espírito infantil. Muitas raciocinam como criança, mas no sentido da estupidez movida pelo despreparo da idade. Isto não é bom. Já sorrir como uma criança e conseguir enxergar o mundo com olhos brilhantes de guri seria o ideal. Eu proponho um teste para a próxima semana da criança em 2014. Que tal ao invés das fotos de crianças nos perfis, seus usuários não tentem agir como tais, transformando a rede social por uma semana num gigantesco parque regido por crianças? Muitos vão dizer que isto já ocorre, mas não confundam agir com a inocência e a verdade de uma criança, com a estupidez e a mentira de adultos que interromperam o processo de formação intelectual por pura preguiça e não por poesia. O que proponho é um mundo (virtual que seja)
que por uma semana seja articulado pela alma de uma criança e que suas atitudes, sejam elas quais forem, fossem pensadas tal qual você tinha seis, oito anos, ou a idade da foto que você postou. Quantas pessoas você prejudicava com esta idade? Quantos amigos você traiu nesta idade? Quanto desprezo você teve por seus pais ou por pessoas que lhe amavam, quando estava nesta idade? Com raras exceções de quem cresceu na rua ou sofreu abuso infantil, acredito que o ar de felicidade seria massante no Face, assim como a enxurrada de fotos e pequenos sorridentes. E se estendêssemos esta tal semana imaginária para nossas vidas reais. Já imaginou você ter a liberdade nesta semana, sem que seja internado em algum asilo para loucos,
de poder ir trabalhar vestido de super man? Poder agendar uma reunião de negócios não num restaurante esnobe, mas sim numa sorveteria de bairro? Poder enviar um bilhetinho de amor para aquela colega de trabalho, sem que isto seja considerado assédio? Imagine você fugir do trânsito caótico e poder ir trabalhar de bicicleta, vestindo apenas shorts, camiseta, chinelo e um boné? E se ao invés de você criar um círculo de fofoca para falar mal de suas amigas, você as convidasse para tomar um chazinho imaginário em sua casa de bonecas? Já imaginou uma guerra declarada onde bombas seriam apenas as de chocolate? As opções são inúmeras e na minha loucura “infantil” eu tenho toda a certeza de que ao menos uma semana por ano seríamos todos, muito mais felizes. Que o espelho de sua casa possa refletir todos os dias aquele belo sorriso que você deu na infância. Que seus dias tenham cheiro de Lollo e não de monóxido de carbono. Que a inocência de sua infância, onde reinava o amor por todos os seres seja bem mais forte que sua malícia de adulto e toda sua astúcia para derrubar o próximo.
Muitas pessoas, depois que crescem, deixam de ver as coisas como viam na infância, esquecendo de que a imaginação não é algo restrito às crianças. Basta praticar e voar alto como nos ensinou J. M. Barrie, uma eterna criança, com seu clássico livro Peter Pan. Você pode ser como Wendy, mantendo sua inteligência em evolução, mas jamais perdendo sua sensibilidade infantil e jamais deixando de crer nas fadas (alusão clara para sua fé) ou pode ser como Peter, se mantendo eternamente jovem e rebelde contra as imposições “adultas” que sirvam apenas apara amputar seus sonhos e desejos. Qualquer uma das duas opções seria muito mais saudável à mente e ao corpo do que ser um eterno capitão Gancho, fugindo do crocodilo Tic Tac, o tempo, que nos devora pedaço a pedaço nos transformando numa eterna caricatura daquilo que repudiávamos. Desejo, meu bom leitor, que o vento da infância jamais deixe de soprar na sua alma. Feliz dia das crianças!

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