sábado, 25 de outubro de 2008

AND THE OSCAR GOES TO....VIOLÊNCIA BRASILEIRA


Estréia este final de semana nos cinemas o filme, Última Parada 174, nosso representante no Oscar e claro mais uma vez mostrando a miséria, a violência e claro nossas favelas que representam nosso Central Park, nossa Torre Eiffel nosso Notting Hill. É incrível como nosso país com cidades tão belas, monumentos imponentes, parques arborizados, bares descolados, pessoas interessantes, só consigamos vender a imagem em película pro exterior de que somos um país em guerra civil no meio de uma favela. Nada contra o filme, apesar de achar que esta história já deu o que tinha que dar e mostrada em detalhes no documentário Ônibus 174, mas será que desta vez a Academia se sensibilizará com nossas “histórias” ou vamos de te de juntar Zé Pequeno e Sandro pra fazerem um arrastão no meio daquela gringolada cheia de glamour e assim trazer nossa estatueta na mão grande? Fico imaginando a imagem que estes filmes fazem de nosso país. Quando estive nos EUA por um mês percorrendo cidades para gravar o CINELÂNDIA o que mais ouvi dos americanos foi: “Brasil lindo....mulheres....comida...mas muita violência....muiiiita...” Será este mesmo nosso retrato? Não sei ao certo se mulheres e comida pra eles eram uma coisa só, já que vendemos uma bela imagem de prostituição também ao exterior, principalmente com relação à prostituição infantil, uma triste vergonha (mais uma) de nossa pátria, mas o fato da violência é assunto constante na opinião de americanos quando se fala em Brasil. Esta semana que passou infelizmente - felizmente pra algum cineasta que já enxergou o OSCAR nesta história – mais um caso de violência que chocou e mobilizou nosso país: o caso da menina Eloá. Desta vez ao menos o roteiro de cinema já veio pronto na própria história misturando excelentes referências pra diretor nenhum reclamar. Um namorado abandonado resolve invadir a casa da namorada e discutir a relação. Adrian Lyne poderia escrever o roteiro, Arnaldo Jabor os diálogos e o Bergman dirigir a película, que poderia ser lenta, mas faria com que casais discutissem a relação pós-sessão. Porém uma arma carregada, uma terceira pessoa -uma amiga do casal- e um seqüestro declarado mudaram o rumo da história. Como se fugíssemos do cinema pra TV em questão de minutos, um Big Brother macabro é exibido quase em tempo integral por algumas e evidentemente editado por outras pra obter o efeito de reallity show. Uma hora as reféns gritam na janela, em outras aparecem sorrindo, depois surgem com óculos escuros, como se já fossem personalidades. Num certo momento um Al Pacino como negociador consegue que Lindemberg liberte uma refém, mas logo em seguida numa ação CORRA QUE A POLÌCIA VEM AÌ, ela é DEVOLVIDA pela polícia ao refém. Sem muitas esperanças de sucesso eis que surgem então Bruce Willis ou Clint Eastwood para botar ordem no terreiro e protagonizarem um desfecho feliz após muita emoção, ação e suspense, mas eis que contrariando as regras novamente, invade na tela a Loucademia de Polícia e o que se vê é uma piada de mau-gosto e com final trágico, conseqüência de uma ação tão atrapalhada que até o Inspetor Clouseau se envergonharia, caso estivesse à frente dela. Pra completar o roteiro uma dose de Almodóvar cairia bem, já que descobre-se que o pai da vítima é um procurado da justiça por ser acusado de liderar um grupo de extermínio, incluindo em seus homicídios a ex-mulher e o irmão de um chefe de estado. Este filme levaria o Oscar, podem ter certeza. No DVD poderiam ter finais alternativos. Num deles o Lindemberg era atingido no córtex e as meninas liberadas com vida, mas será que a polícia também não seria criticada por tirar a vida de um jovem trabalhador, sem ficha na polícia e que agiu desesperado pelo ciúmes? Em outro final alternativo, ele se entregava, escreveria um livro, viraria conselheiro do amor e as meninas protagonizariam a nova temporada de Malhação. Mas infelizmente o que vimos na tela da TV foi mais um final chocante, fruto de uma violência alimentada pela TV dia após dia. Pra fechar com um final digno de filme CULT, só faltou um dos apresentadores de programa policial na TV se emocionar e numa espécie de Darth Vader pós-moderno encarar o jovem Lindemberg e dizer: Lindemberg, EU SOU SEU PAI!

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