quinta-feira, 16 de junho de 2011

MAMONAS SE FORAM, MAS QUE O HUMOR RENASÇA



Estréia nesta sexta feira nos cinemas, o documentário Mamonas para Sempre. Tive o prazer de assistir a pré estréia e devo ,confessar que o diretor Claudio Kahns conduziu com muita sensibilidade a direção do filme mostrando ao público de fato quem eram estes cinco garotos de Guarulhos, que realizaram a utopia de transformarem-se no maior fenômeno da música pop deste país. Eu fiz parte desta história, de maneira discreta, pois minha antiga banda “Pena Máxima” chegou a fazer vários shows tendo a banda Utopia como banda de abertura. Pois é, já fui mais famoso que Mamonas nos tempos de outrora. Brincadeiras à parte, claro, convivi tempo suficiente com eles para atestar o documentário e todo seu teor, inclusive a cena do desabafo no Thomeuzão que não foi lenda. Aliás, o fato foi além daquilo e o diretor foiaté sutil, assim como também mostrou respeito e sensibilidade ao ocultar detalhes sobre o acidente que infelizmente pôs fim a carreira desta trupe. A trajetória de sucesso da banda foi muito bem roteirizada usando como condutores, o empresário Samy Elia e o produtor e empresário Rick Bonadio, auxiliados por depoimentos de familiares mesclados à cenas, muitas cenas de shows e bastidores dos Mamonas. Bonadio, em certo momento, descreve a personalidade de cada um dos meninos e conta detalhes desta trajetória do apático Utopia ao fenômeno Mamonas, incluindo o convite que Boni (na época o todo poderoso da Globo) fez para que mamonas assinassem contrato de exclusividade com a Globo, já que na guerra Gugu x Faustão, a banda foi protagonista de dois recordes de audiência, mantidos até hoje, o que prova que o Brasil abraça com carinho a irreverência musical, até porque o rock and roll na sua essência sempre foi irreverente, vide Beatles e os Rolling Stones. Muitos produtores acéfalos acham que Mamonas inventaram o humor no rock e que qualquer coisa que surja depois deles é mera cópia. Leso engano, meus caros, pois Mamonas tinham influência total de vários grupos irreverentes que também foram sucesso no Brasil como Secos & Molhados, Ultraje a Rigor, entre outros, incluindo até o brega pop Falcão, descaradamente imitado por Dinho. Uma de minhas composições,já na fase AeroSilva, a música Piu Piu, seria regravada pela banda Mamonas, pois Dinho e Samuel curtiam a música ainda quando cantavam “sério”, digamos assim, na extinta Utopia e depois já como Mamonas, dentro do carro do Dinho, rindo muito e falando besteira, Piu Piu foi “comprada”. Evidente que nunca fora regravada por eles, então lancei ao lado de meu amigo Roger do Ultraje a Rigor, numa participação mais do que generosa na canção. Em meu último encontro com Dinho, dois meses antes do terrível acidente que finalizou a carreira dos Mamonas, ele estava feliz e dizia que era a prova viva de que tudo é possível. Há mistérios que desconhecemos e a história desta banda faz parte desta incógnita, porém o Brasil merece sorrir novamente e muita gente bacana com este mesmo espírito rebelde, descontraído e bem humorado, merece ter uma oportunidade para que se abra um caminho no meio deste oceano de rockzinho sonso e sertanejos universitários. Mamonas não só provaram que o sonho é possível como também provaram que o brasileiro é eclético e acima de tudo um povo de extremo bom humor, que deseja voltar a mostrar seus dentes cariados ao som de uma bela gargalhada, afinal como diria Beethoven: “A música que é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma, também reproduz o sorriso que inebria.”

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