sábado, 4 de junho de 2011
O TEATRO MÁGICO DE ALICE COOPER
Dez da noite e um Credicard Hall completamente lotado, aguarda o momento de uma experiência inesquecível envolvendo rock, horror e teatro. Cerca de 5 mil espectadores, que não se abateram com o terror de um trânsito caótico pós greve de trens e metrôs, aguardavam diante de um palco ocultado por um gigantesco pano com uma sinistra face conhecida por todos presentes, cercada por tumbas e monstros, lembrando decoração de trem fantasma. As luzes se apagam e a demoníaca voz de Vincent Price assombra o ambiente. O pano cai e surge a imagem da estrela da noite, Alice Cooper, em cima de um púlpito gigante, vestindo uma jaqueta de couro condizente à canção Black Widow executada com força e maestria pela brilhante banda que o acompanha. O cenário lembra o dos filmes de James Whale, com máquinas, corpos, sangue, sujeira e uma cortina rasgada, tudo na mais completa perfeição para o pai do rock horror desfilar seus hits. Por falar neles, logo de cara, disparou I'm Eighteen, Under My Wheels e Billion Dollar Babies,armado com um sabre de esgrima repleta de notas empaladas na lâmina, que conforme balançava, caiam nas mãos de felizardos que levariam para casa um belo souvenir. Dando sequência aos hits, foi a vez da música tema da turnê, No More Mr. Nice Guy, enquanto fazia malabares com bastões que também jogava à platéia que se estapeava para obter a prenda. O show muito bem iluminado e com um som absolutamente nítido e potente continuava em ritmo frenético com algumas canções de discos mais recentes e até uma inédita que Cooper apresentou a todos, vestindo uma jaqueta com o nome da mesma escrito em sangue. O momento romântico do show se deu com a balada Only Women Bleed, onde acaricioudançou e beijou uma boneca que lembrava um cadáver em traje de noiva. Mas como não era show do Fábio Jr., mas sim do pai bastardo de Freddy Krueger e da Lady Gaga, na canção seguinte espancou a pobre boneca, encarnando um certo pagodeiro que gosta de bater em mulheres. Um dos pontos altos do show foi com Feed my Frankestein, que com a ajuda de seu auxiliar, que mais parecia um lutador de telecatch, encenou uma típica cena de cientista maluco, com direito a raios, faíscas, estouros, black-out e o surgimento de uma criatura de mais de três metros de altura, invadindo o palco. O monstro coreografava cenas com a banda, lembrando o que Eddie faz no Iron Maiden, com a diferença que aqui o boneco canta e é o próprio avatar macabro de Alice Cooper. Aproveitando o momento de ápice da platéia, emplaca seu maior sucesso, Poison, levando a platéia ao delírio. Mas o teatro não termina por aí e nosso anfitrião surge agora num traje de nazista ao som de Wicked Young Man e assassina um paparazzi no palco, sendo em seguida preso pela SWAT e condenado à morte. O astro homicida é posto numa guilhotina e tem sua cabeça cortada ali na frente de todos. Seu carrasco arranca sua cabeça do cesto e desfila com a mesma como se fosse um troféu, porém numa analogia direta com o rock and roll, que também é imortal, surge Alice com uma camisa da seleção brasileira e empunhando nossabandeira, para o gran finale com Schools Out . Bolas gigantes coloridas, recheadas de confetes são jogadas ao público enquanto Alice com sua esgrima as fura e enfeita com cores as cabeças sorridentes, entoando The Wall de Pink Floyd como musica incidental. Final extasiante de um grande espetáculo, mas o público quer mais e ganha de presente um bis com Elected e um cover de Jimi Hendrix, Fire , finalizado com uma chuva de penas artificiais. Ufa! Com 63 anos de idade, Alice Cooper prova que o rock rejuvenesce e que este garoto da terceira idade ainda é um mestre dos espetáculos visuais.
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