terça-feira, 31 de maio de 2011

NÓS VAMOS INVADIR A SUA BIBLIOTECA



Impossível falar sobre a produtiva década de 80, sem mencionar a primeira banda de rock nacional a ganhar um disco de ouro e ) de platina da história: Ultraje a Rigor, com o álbum (eleito como o melhor do rock nacional“Nós vamos invadir sua praia”. Me recordo, que na época, ainda garoto, para comprar este vinil peguei fila na loja e o meu, que era o último ainda veio com a capa danificada, mas o disco estava intacto e era o que importava. O álbum praticamente teve todas suas canções no hit-parade da época. Só para lembrar algumas: Nós vamos invadir sua praia, Inútil,Zoraide, Ciúme, Mim quer Tocar, Eu me amo, Marylou e Independente F. C. Ultraje teve agenda de shows lotada; fez par com Roberto Carlos no sagrado show de final de ano; compôs temas de novela; fez show surpresa em cima de uma loja na Paulista congestionando o trafego, enfim, muita aventura, que a jornalista paulistana Andreá Ascenção, resolveu transformar em um livro sobre a banda, lançado pela editora Belas Letras.O livro conta biografia da banda, histórias de shows, bastidores, entrevistas com os integrantes e ainda trás diversas fotos da coleção particular dos mesmos. Para os fãs do Ultraje, um registro mais do que obrigatório e para a nova geração, um documento a ser devorado para tentar compreender porque bandas atuais (melhor nem citar nomes) são tão desmerecidas pela crítica, pelos mais velhos e claro, por aqueles jovens que exigem algo mais do que calças coloridas ou dor de cotovelo desafinada e aos berros. A geração de 80 produziu gente como Cazuza, Renato Russo e sua Legião Urbana, Lobão, Titãs, Camisa de Vênus, Barão Vermelho, e até mesmo o Capital Inicial, que ainda perdura nas paradas até hoje, se reinventando para não largar o osso. O ponto comum entre esta moçada era a poesia, a ousadia, a rebeldia e uma vontade política inexistente nos dias de hoje. Sobrava inteligência e bom humor, que é algo meio que abolido atualmente por gravadoras (ou o que restou delas) e empresários. A palavra da moda hoje é FUTILIDADE. Quanto mais fútil, mais chance de sucesso. Já dizia a Plebe Rude (outro bom fruto dos anos 80), que “a música não importa e que o importante é a renda”. A ironia e malícia do Ultraje, hoje não teria espaço, infelizmente.Bandas como AeroSilva (da qual faço parte e que até fez homenagem ao Ultraje no programa do Jô), que mesclam com maestria esta vertente social, política e de ironia e sacanagem, dificilmente tem espaço entre cowboys bilionários, filhos acéfalos de famosos e produtos criados em laboratório de investimentos.Ultraje e boa parte da turma dos 80 fazem ainda falta.Canções que retrataram nosso povo e nossa vida, como “Inútil”, que até hoje nos serve de hino da nação, são abortadas.Os tempos pelo visto, não mudaram, apenas cortaram a nossa voz. Nos empurraram calças coloridas, abadás e chapéus de cowboy texano, para que atrofiássemos nosso cérebro. Nos tempos de hoje o que vale mesmo é o “mim quer tocar, mim gosta ganhar dinheiro”
ou então, o supremo SEXO.Como ficaria nossa atual MPB, sem sexo, já que é regida hoje por um falo. Basta ver nossa parada atual repleta de funks chulos, axés pornográficos e sertanejos misóginos. Enfim, esta falta de emoção e criação, digamos assim, não é uma exclusividade tupiniquim.O mal gosto assolou o planeta e repito, hoje, uma imagem vale muito mais do que a canção, que até tempos atrás andavam de mãos dadas. Será que a tal Lady Gagá será reconhecida musicalmente no futuro, como por exemplo Michael Jackson? E cadê o Justin Bieber? Já sumiu? Bom, enquanto Roger Rocha Moreira, o maior QI do rock nacional com seus 165 mole e 190 duro - como o próprio diz possuir e já até mostrou na G magazine -, prefere não ter mais nada a dizer, no meio de tanta bobagem que hoje nos é empurrada, eis que uma menina decide contar a história de gente que já provou que música inteligente vale muito mais que qualquer palavrão para garantir refrão. Meu caro, Roger, sua obra é indelével e nos anais (olha o axé e funk aí) da história do rock nacional, Ultraje sempre terá lugar de honra, já que como fã devo admitir que outro “Nós vamos invadir sua praia” só mesmo o AeroSilva (www.aerosilva.com) será capaz, afinal eu me amo e não vou mais deixar eu fugir de mim, então cadê a minha farofinha, Roger?

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