quarta-feira, 25 de maio de 2011
O VENTO QUE TRÁS MUDANÇAS É O MESMO QUE SOPRA VELINHAS
O tempo parece ter mudado em muitas direções na vida deste gênio, poeta, militante, profeta, rock star, escritor, um personagem imortalizado em vida, o senhor Robert Allen Zimmerman, ou simplesmente Bob Dylan. Você pode até achar ele antipático, arrogante e além disto cantar como pernalonga depois de ter ingerido um tambor de gás hélio. Não importa. Dylan não é cantor. Nunca foi. Ele vai além disto. Ele é a voz, o discurso, a poesia, o grito do excluído. A voz inocente e asfixiada de Rubin “Hurricane” Carter, a voz de jovens soldados presos na armadilha Vietnã, a voz de judeus, católicos, protestantes, a voz de negros, mulheres, velhos, desempregados, bebados, poetas de rua. Dylan é a voz anasalada do country, do folk, do rock. Este jovem senhor que já proclamou para todos serem para sempre jovens (Forever Young) completa setenta anos de idade e uma carreira que desafia o tempo e se torna ainda mais inabalável. O primeiro disco surgiu em 1962 e de lá para cá foram mais de 45 albuns, marca praticamente insuperável em qualidade. Em sua obra, Dylan transitou pelo folk, country, jazz e rock, sempre deixando sua marca. Suas canções serviram de temas para filmes, campanhas, ensaios filosóficos, protestos, e lhe renderam títulos como o de segundo maior artista de todos os tempos, de acordo com a revista Rolling Stone, perdendo apenas para os Beatles, que publicamente declaravam terem Dylan como ídolo, em especial John Lennon, fã de carteira assinada. Este senhor teve suas canções regravadas por vários astros, mas é inegável que a versão de Hendrix
com “All Along The Watch Tower" e a "Knocking on the Heaven´s Door" na voz de Axl Rose, quando Guns ainda era uma banda de verdade, provam na prática o poder das canções de Dylan. “Like a Rolling Stone”, como se não bastasse ter sido gravada e imortalizada pelos Rolling Stones, também é considerada a canção mais importante de todos os tempos. Considerado uma espécie de oráculo dos artistas, Dylan foi parceiro de lendas como Cash, Joan Baez, George Harrison e até mentor de poetas poetas como Allen Ginsberg. O jovem que deu voz ativa e política à música só com seu violão e uma pequena gaita de boca desbancou astros em vendagens, críticas, fãs e claro, em sucesso, mesmo se esquivando disto. Para muitos, ele “se acha”, mas na verdade ele simplesmente ele É. Nos tempos atuais onde a imagem fala mais do que a essência e a inteligência, onde canções sobre racismo, injustiças sociais, guerras, desilusões amorosas, poesia, liberdade, parecem serem abortadas sem sequer sentirem a brisa do vento dos tempos na face, fica nossa homenagem a talvez ao último dos Moicanos. Este judeu que se converteu em cristão e depois voltou para sua origens, sem ter medo de errar, mas sempre experimentar. Este gênio tão bem retratado por Scorsese no obrigatório filme “No directions home”. Este mestre das letras e da harmonia, que brilhantemente a editora brasileira Madras retratou tão bem , presenteando fãs e também iniciantes na matéria Dylan, com o belo e necessário livro 100 Canções & Fotos de Bob Dylan. Uma verdadeira aula sobre o evento Bob Dylan, que por trás da tal arrogância pautada por muitos, é um admirador explícito do Brasil, inclusive já tendo feito diversos elogios à nossa pátria e artistas consagrados, como o caso de Elis Regina que carinhosamente chamou de Little Pepper (a pimentinha, como era chamada). Uma vez, Dylan cantou que não importa quem você seja, você vai ter que servir alguém. Pode ser o diabo ou o Senhor, mas você vai ter que servir alguém. Após setenta anos, fica a questão: com tanta genialidade, a quem sera que Dylan serve? A resposta, meu caro leitor, sopra e soprará sempre ao vento...
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