domingo, 6 de novembro de 2011
A NATUREZA SELVAGEM DO PEARL JAM
“Este é o maior público de nossa turnê. Que tal fazer um show mais longo para vocês?”, disse Eddie Vedder, líder do Pearl Jam, cumprindo a palavra, proporcionando um show inesquecível na sexta feira (4), ainda maior que o de quinta (3), incluindo até no set list de hits a canção “Jeremy”, esquecida no show anterior. O Pearl Jam comemora vinte anos de carreira, ocupando lugar de destaque na história do rock, provando ser muito mais do que uma banda surgida no furacão grunge da década de 90. Eddie Vedder, além de ser uma das vozes (se não A voz!) mais belas do rock and roll contemporâneo, demonstra ainda uma vitalidade e um carisma acima da média. Se esforça para falar o idioma de cada país em que se apresenta, mesmo assumindo aqui, aos risos e aplausos da platéia, de que seu português é uma “m...”. Vedder é autor de inúmeros clássicos do rock, gravou discos solos elogiados e ainda compôs e participou de trilhas belíssimas para o cinema, incluindo “Natureza Selvagem”, verdadeira obra prima dirigida por Sean Penn. O líder do Pearl Jam também é conhecido por suas atitudes polemicas em defesa dos fãs, tais como a proibição de pista premium, já que na opinião dele, não deve haver diferença entre fãs e quem chega primeiro merece o melhor lugar. Também moveu um processo contra a empresa Ticketmaster (que monopoliza o mercado de venda de bilhetes em território americano) onde exigia através dos tribunais que a empresa reduzisse os seus lucros, a fim de diminuir o preço dos bilhetes para os seus concertos,para que os fãs fossem beneficiados. Soma-se a isto o ativismo político, fazendo shows para boicotar votos para Bush, acompanhando Michael Moore - o anti-Bush mais famoso do mundo - em concertos gratuitos. O fato é que apesar do Pearl jam fazer parte do mainstream e ter vendido milhões de cópias, seus shows são simples, sem truques, fogos, cenários, absolutamente nada. Os integrantes vestem-se como a platéia, não sendo possível distingui-los no meio da multidão, dando a impressão sincera ou não de que são de fato gente como a gente. Em suas canções Vedder expõe muito bem isto, com sua poesia enigmática e revelações de sua vida pessoal. O show de sexta começou com a canção Go sendo seguida por Do The Evolution, onde Vedder que mais parece Deus sussurrando em nossos ouvidos alguma mensagem, lá encarnava o oposto, com gritos guturais explanando o mal do homem e toda sua crueldade em nome da tal “evolução”. Em momentos como o da canção Black e da profunda Just Breathe, via-se milhares de pessoas emocionadas com toda poesia e toda força melodica da banda, vindas do fundo da alma. O show teve um cover da banda The Who e na quinta Neil Young e Ramones. O fato é que toda canção se sente acalentada na voz rouca e ímpar de Eddie Vedder. De Beatles a Dylan,toda e qualquer canção, parece ter sido feita para ele cantar. O show se encerrou com Yellow Ledbetter, música que faria o pai de todos, Hendrix, se orgulhar de tais rebentos. Pearl Jam e suas atitudes e gestos simples só nos provam, neste mercado atual, fazendo alusão à natureza, assim como as espigas, as vazias erguem-se arrogantes para o céu as cabeças, enquanto que as cheias abaixam-se humildemente para a terra materna. Ao beijar a bandeira brasileira com afinco, Eddie Vedder, nos mostrou que no mundo não há fronteiras e o planeta é nossa terra materna e como diz em Society,minha favorita: “Tem aqueles achando, mais ou menos, que menos é mais. Mas se menos é mais, como você mantém um placar? Quer dizer que pra cada ponto que faz, seu nível cai?” Reflita, meu caro!
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