sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
O RISO BANGUELA
Tudo que vira modismo acaba se tornando chato e perde um pouco sua essência. A nova moda no Brasil é ser comediante. Graças à febre dos stand ups, qualquer mal humorado que se ache engraçado, se arma de um microfone e vira humorista. Com raras exceções que realmente trazem bom texto (o verdadeiro ouro do estilo)o que se vê é gente chata, mal amada, reclamando da vida e humilhando qualquer infeliz que cruze seu caminho, a troco de um riso banguela de uma plateia de idiotas. Uma das “estrelas” desta moda, por exemplo, já teve DVDs retirados de circulação porque ofendia gratuitamente deficientes físicos (ainda tô tentando enxergar a graça nisto), já enalteceu estupradores, já levou processo por ofensas à uma grávida famosa, com piadas infelizes beirando a pedofilia, tem um programa de TV completamente sem graça e de baixa audiência e agora se intitulou o paladino da moral e dos bons costumes e sai atacando nas redes sociais personalidades que cometem deslizes. A vítima desta semana foi um apresentador de TV, que como a grande maioria da classe dele, vende uma imagem bem diferente da que vê refletida no espelho pelas manhãs. Promove a imbecilidade generalizada e usa como arma de Ibope o sexo e o falso “assistencialismo”. Há lindas garotas em trajes sumários e uma espécie de bolsa família financiada por patrocinadores, na realização de sonhos de gente humilde, como o de ter uma casa bonita, e assim nosso apresentador ganha fama de bom moço para os incultos e desinformados. A briga entre estas duas espécimes produzidas pela máquina de criar ignorantes, nossa TV, já vem desde que o primeiro, que mesmo ofendendo sem motivo algum, inúmeras pessoas, se sentiu ofendido por um comentário do segundo, em seu twitter, reclamando quase ter sido atropelado por um caminhão ao praticar sua pedalada matutina. Um comentário idiota e sem sentido algum que foi ampliado pelo que se sentiu ofendido.A briga não encerrou por aí, já que esta semana o apresentador foi mais uma vez alvo do comediante, por ter se recusado a fazer o teste do bafômetro numa blitz da polícia, já que vivemos numa nação onde a hipocrisia impera, os acidentes automobilísticos impulsionados pelo excesso de bebidas alcoólicas permanecem impunes e pasme você, nobre leitor, o sujeito, seja ele quem for, tem o direito de recusar um teste da polícia para saber se esta ou não em condições de dirigir um veículo. Acho esta uma piada mais engraçada que a de alguns stand ups. Nosso país já foi governado por um amante explícito das bebidas etílicas, que inclusive se ofendeu ao ver este seu lado publicado em jornais estrangeiros.Eu não tenho nada contra quem curte uma bebida, porém o que de fato preocupa é esta glamourização pelo alcoolismo, o que fica bem claro, já que o mundo é dominado pela máquina da mídia e as indústrias de bebidas são as grandes anunciantes, patrocinando os programas de televisão populares e transmissões de eventos esportivos. O universo do sertanejo que também inexplicavelmente, movido pela gigantesca quantidade de dinheiro que gira, domina a mente de jovens e cultua o que? Bebida. Em grande parte das canções o álcool se faz mais presente do que a poesia em si. Para ver como é um país de piada pronta e de humor negro, há tempos atrás um cantor sertanejo embriagado cometeu um acidente com duas vítimas fatais e além de ser absolvido, a família das vítimas foi obrigada a ver o sujeito na TV cantando uma canção de apologia descarada ao álcool. Hoje quem não bebe é tido como anti-social, careta,idiota e nossas estradas refletem muito bem o que os “não idiotas” têm feito. O apresentador pisou na bola ao se recusar fazer o teste e sabe disto, até porque não estava embriagado e muito menos causava risco a alguém, portanto seria uma atitude exemplar vinda de alguém que é pintado como cidadão exemplar. O comediante ao menos reconheceu desta vez, por medo ou arrependimento, que pegou pesado em seu ódio pessoal, onde o álcool não foi no caso o veneno destilado. Estes “formadores de opinião” vão durar até quando nossa ressaca deixar e pelo visto, não há Engov que nos salve disto.
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