O DIA EM QUE A TERRA GORFOU
Mais um remake está em cartaz na cidade, o que prova a falta de criatividade dos estúdios de Hollywood e claro a preguiça constante dos roteiristas contratados. Desta vez a vítima foi o clássico “O dia em que a terra parou” dirigido por Robert Wise –diretor de West Side Story – com trilha sonora de Bernard Hermann, o eterno parceiro de Alfred Hitchcock. Nesta nova versão dirigida por Scott Derrickson, que até então tava acostumado a filme de terror (se bem que dirigir o Keanu deve ser algo pavoroso) e aqui nem assusta e nem prende o público, o filme conta claro, com bons efeitos especiais, mas nada que supere o que você já viu na tela em termos de destruição de Manhattan,aliás definitivamente o lugar favorito dos extra-terrestes e porque não deste E.T. que escreve esta coluna para vocês, meus sete terráqueos favoritos. A premissa do filme permanece a mesma do original, cogitando a possibilidade dos humanos serem uma ameaça à Terra e não os alienígenas, o que sempre me pareceu um tanto quanto óbvio, basta analisarmos o que nossa raça tem feito a este planeta de tempos em tempos. O pobre alien Klaatu interpretado por Keanu -que tomou aulas de interpretação com Scharwzenegger- bem que tenta convencer a raça humana de que estão acabando com o planeta, mas quem mandou escolher os EUA? Claro que leva bomba, tiro, porrada, tudo de uma só vez pra tentar esquecer de convencer que nós, humanos, eternamente representados por ele, o presidente dos EUA, estamos errados. Mas o fato é que o pobre ET veio na gestão errada. Deve ter pego o governo BUSH e aí só podia dar em guerra mesmo. E ainda deu sorte de não ir pra Guantánamo! Talvez se fizesse uma visita pra gente na atual gestão Obama “Paz & Amor”, arrumaria um cargo em alguma esfera do governo na área ecológica. Mas o fato é que veio na época errada então levou bala e aí começa a velha história que a gente ta cansado de ver: ET bonzinho é mal interpretado, resolve destruir tudo, mas encontra uma mulher linda que evidentemente é cientista (você já viu uma cientista a cara da Jennifer Connelly? O dia que existir uma assim eu quero nascer hamster) e quer ajudá-lo e ainda traz um garotinho chato (o filho chato do Will Smith, que mais parece o Mini Mim do astro versão Jamaica) pro ET ficar amigo e sentir pena da humanidade. Pronto é o resumão do filme e vá por mim, que tu não vai ver nada além disto. Tudo bem que tem pontos interessantes: o robô gigante, o Monty Python John Cleese numa participação que se você piscar os olhos perde e ela, a segunda musa do Cinelândia Jennifer Connelly, a mulher mais linda do mundo, depois da minha, claro porque eu não sou besta. Também é válido dizer que a idéia do filme nos faz pensar um pouco nesta raça pedante, estranha e absolutamente confusa que é o ser humano. O único animal que fabrica o seu próprio inseticida. Porque somos tão autodestrutivos? Porque nossa sede de querer nunca tem fim? Se você tem uma casa e ela está cheia de cupins, você destrói a casa ou aniquila com os cupins? Pense nisto quando alguém lhe disser que o mundo está para acabar. Será que o dono do mundo (da casa) destruirá o planeta ou a raça humana (cupins)? Será que não está mais do que na hora da gente parar pra pensar e rever todos nossos conceitos sobre o ambiente em que vivemos e o que estamos fazendo com ele? Ficam aí as perguntas pra você pensar enquanto deixa a torneira ligada à toa, enquanto polui o ar com seu carro desregulado, joga sujeira nos rios, não recicla lixo entre outras atividades que para você até hoje não é problema seu. Que os aliens de fato venham nos visitar e nos salvem de gente como você, nos salvem de atores como Keanu Reeves, nos salvem de remakes de clássicos e nos salvem da má educação de gente que ainda insiste em tirar os sapatos no cinema, fedendo chulé e obrigando o pobre coitado ao lado respirar tamanha poluição. Melhor frase do filme: “Perto do abismo nos tornamos, melhor!” Para quem destrói, está na hora de dar um passo a frente.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
MARLEY, BENJAMIM BUTTON & EU
O amor até que enfim voltou a mostrar sua bela face em Hollywood no meio de tanta baixaria, sacanagem e babaquice adolescente. Será que a era Bush dos filmes de ação, guerra e massacre, está dando espaço pra era Obama “paz e amor”? Afinal a posse do novo presidente da América foi repleta de nuances de amor, incluindo até uma dança com a primeira dama com direito a troca de olhares apaixonados. Esta semana me emocionei com dois bons filmes. O que ambos tem em comum? Amores incontestáveis, incondicionais, absolutamente fiéis e sobretudo puros e altruístas. Num mundo extremamente ágil, mercantilista e gratuitamente erótico, é admirável ver dois filmes não produzidos pela Disney (que ainda tem a tradição de filmes família, porém bobos e chatos) que tratam de AMOR. Palavra às vezes esquecida, deturpada, ignorada, mas que quando brilha na tela de cinema, navega por ondas de rádio, desfila entre parágrafos literários ou ainda grita em um palco de madeira, a gente se emociona e parece descobrir que o verdadeiro significado de nossa estadia aqui é amar e ser amado. No filme Marley & Eu –baseado no Best seller homônimo – jovens recém casados resolvem adotar um cãozinho para treinarem o ato de cuidar de alguém além deles, para futuramente terem filhos. Em meio a muita confusão e destruição causada pelo cão labrador, descobrem que ao cuidar também estão sendo cuidados. O tempo passa, os filhos chegam e Marley (o cãozinho, mas não dos teclados) cresce na mesma velocidade e tamanho que amor deles por ele e vice versa. Quem já teve ou tem um cachorro sabe do que o autor e o colunista aqui estão tentando dizer. Não há provas maior de amor do que o daquele que te ama com ou sem dinheiro, belo ou feio, saudável ou não, chato ou bacana, não importa, o amor como disse e repito, aqui é incondicional. E tem forma mais perfeita de amor do que esta? Quantos milionários na solidão de seus palácios não cederiam sua fortuna ou parte dela em troca apenas de um simples gesto sincero de carinho. Gérard Depardieu, astro internacional, confirma esta tese em entrevista recente onde afirma não ter sequer nenhum amigo. Isto é mais triste que o final do filme de Marley, que aliás, fica a dica pros manteigas derretidas de plantão assim como eu: levem 3 caixas de Klenex e assistam segunda-feira ao meio dia com a sala vazia pra não pagar mico. Outra adaptação de uma obra literária, desta vez um conto do senhor Scott Fitzgerald e que fala também de amor incondicional é “O estranho caso de Benjamin Button” com o astro Brad Pitt, favorito ao Oscar por este papel, em parceria com seu diretor predileto David Fincher. No filme, Benjamim sofre de uma estranha doença que o faz nascer com aparência de um velho de 80 anos e em sentido anti horário no relógio da vida, vai ficando cada vez mais jovem até desaparecer. Seu martírio é passar a vida toda dividido entre esse conflito, de não ser por fora o que é por dentro. Uma das poucas pessoas a aceitá-lo incondicionalmente é sua mãe adotiva e a pequena Daisy (Cate Blanchett, como sempre fantástica), sua eterna paixão que coincidem suas trajetórias na metade da vida deles, quando vivem uma grande história de amor. Claro, com um sério risco, já que a vida de cada um segue uma linha oposta. Daisy está envelhecendo, e Benjamin, remoçando. Uma bela história de amor e de entrega, como há tempos não se via no cinema. E para aqueles que assim como eu ainda acreditam na força do amor incondicional e sincero, ficam aí duas belas dicas (e porque não, lições?) que melhores ainda se assistidas de mãos dadas e rostinho colado com o amor de suas vidas jurando esta entrega por toda eternidade. Dedico esta coluna ao meu amor incondicional, com as sábias palavras do poeta Vinícius de Moraes: “...Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.
O amor até que enfim voltou a mostrar sua bela face em Hollywood no meio de tanta baixaria, sacanagem e babaquice adolescente. Será que a era Bush dos filmes de ação, guerra e massacre, está dando espaço pra era Obama “paz e amor”? Afinal a posse do novo presidente da América foi repleta de nuances de amor, incluindo até uma dança com a primeira dama com direito a troca de olhares apaixonados. Esta semana me emocionei com dois bons filmes. O que ambos tem em comum? Amores incontestáveis, incondicionais, absolutamente fiéis e sobretudo puros e altruístas. Num mundo extremamente ágil, mercantilista e gratuitamente erótico, é admirável ver dois filmes não produzidos pela Disney (que ainda tem a tradição de filmes família, porém bobos e chatos) que tratam de AMOR. Palavra às vezes esquecida, deturpada, ignorada, mas que quando brilha na tela de cinema, navega por ondas de rádio, desfila entre parágrafos literários ou ainda grita em um palco de madeira, a gente se emociona e parece descobrir que o verdadeiro significado de nossa estadia aqui é amar e ser amado. No filme Marley & Eu –baseado no Best seller homônimo – jovens recém casados resolvem adotar um cãozinho para treinarem o ato de cuidar de alguém além deles, para futuramente terem filhos. Em meio a muita confusão e destruição causada pelo cão labrador, descobrem que ao cuidar também estão sendo cuidados. O tempo passa, os filhos chegam e Marley (o cãozinho, mas não dos teclados) cresce na mesma velocidade e tamanho que amor deles por ele e vice versa. Quem já teve ou tem um cachorro sabe do que o autor e o colunista aqui estão tentando dizer. Não há provas maior de amor do que o daquele que te ama com ou sem dinheiro, belo ou feio, saudável ou não, chato ou bacana, não importa, o amor como disse e repito, aqui é incondicional. E tem forma mais perfeita de amor do que esta? Quantos milionários na solidão de seus palácios não cederiam sua fortuna ou parte dela em troca apenas de um simples gesto sincero de carinho. Gérard Depardieu, astro internacional, confirma esta tese em entrevista recente onde afirma não ter sequer nenhum amigo. Isto é mais triste que o final do filme de Marley, que aliás, fica a dica pros manteigas derretidas de plantão assim como eu: levem 3 caixas de Klenex e assistam segunda-feira ao meio dia com a sala vazia pra não pagar mico. Outra adaptação de uma obra literária, desta vez um conto do senhor Scott Fitzgerald e que fala também de amor incondicional é “O estranho caso de Benjamin Button” com o astro Brad Pitt, favorito ao Oscar por este papel, em parceria com seu diretor predileto David Fincher. No filme, Benjamim sofre de uma estranha doença que o faz nascer com aparência de um velho de 80 anos e em sentido anti horário no relógio da vida, vai ficando cada vez mais jovem até desaparecer. Seu martírio é passar a vida toda dividido entre esse conflito, de não ser por fora o que é por dentro. Uma das poucas pessoas a aceitá-lo incondicionalmente é sua mãe adotiva e a pequena Daisy (Cate Blanchett, como sempre fantástica), sua eterna paixão que coincidem suas trajetórias na metade da vida deles, quando vivem uma grande história de amor. Claro, com um sério risco, já que a vida de cada um segue uma linha oposta. Daisy está envelhecendo, e Benjamin, remoçando. Uma bela história de amor e de entrega, como há tempos não se via no cinema. E para aqueles que assim como eu ainda acreditam na força do amor incondicional e sincero, ficam aí duas belas dicas (e porque não, lições?) que melhores ainda se assistidas de mãos dadas e rostinho colado com o amor de suas vidas jurando esta entrega por toda eternidade. Dedico esta coluna ao meu amor incondicional, com as sábias palavras do poeta Vinícius de Moraes: “...Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
MANIFESTO GREVE DE FAMA
Certa vez um escritor francês disse que todas as coisas já foram ditas, mas como ninguém escuta é preciso sempre recomeçar, portanto, baseando-se nesta teoria de recomeço, eu acordo com todos os dias com a garra e a força de fazer aquilo que acredito, apostando e sempre estando atento ao que foi dito e ignorado e no que ainda irá ser dito, feito e reverenciado, como forma de arte e liberdade de expressão acima de tudo.
Todas as formas artísticas e culturais são parte do processo de libertação de um povo. O saber, o caminhar e o lutar são algo que se faz também cantando, bailando, rezando, tocando instrumentos musicais, dançando, declamando poemas, falando, escrevendo, pintando, rindo e até chorando, tudo isso é parte do processo de crescimento dos povos.
A opressão de uma “ditadura cultural” que vemos sofrendo, nos da margem à coragem e força para que surjam novos estímulos de discussão e persuasão, pois o descontentamento é o primeiro passo para o progresso. E é com base nisto, que o Cinelândia na TV retorna agora com força total e venho aqui agradecer as mais de 80 mensagens (parece pouco, não é? Mas é mais que um apresentador de programa da tarde em canal aberto recebe por semana) parabenizando a volta do Cine e toda minha irreverência somada a minha reverência a tudo aquilo que admiro e acredito. Claro que trabalhar 24 horas produzindo, escrevendo, editando, dirigindo, apresentando e tudo sem receber um único centavo, não é fácil, ainda mais num mundo absurdamente capitalista, onde avaliam você pelo que tem e não pelo que é ou representa, mas de outro lado posso me dar ao luxo de fazer o que quero e por pra fora o grito de liberdade entalado na garganta por tantos anos a fio, enquanto aprendia as regras do jogo para agora, depois de um bom tempo, poder quebrá-las e porque não, reinventá-las para que um dia sejam seguidas por aqueles que admirem a arte, o bom gosto e acima de tudo a ousadia rebelde. Parafraseando o mestre surrealista, Salvador Dali: “É preciso provocar sistematicamente confusão. Isso promove a criatividade. Tudo aquilo que é contraditório gera vida.” As atividades artísticas e culturais devem ter sempre a finalidade de convidar-nos à convivência, à unidade, à fraternidade e a partilhar os momentos de alegria; algo que nos faz sentir amigos, irmãos, todos com o mesmo objetivo. Objetivo de vencer sempre. Lutar e nunca desistir! Mesmo cientes de que somos formiguinhas tentando sobreviver boiando num oceano de tubarões famintos. Formiguinhas ousadas, e claro, donas de um certo charme e simpatia, chamando a atenção de um peixe aqui, outro peixe ali, com sua coragem e ousadia, lembrando-se sempre que ousar sem saber é perigoso, mas saber sem ousar é vão, portanto cansados de ouvir os “mestres do bom gosto”, todas aquelas figuras carimbadas de terno e gravata, donos de suas salas decoradas com discos consignados de ouro e platina pendurados na parede ou repletos de prêmios dedicados (na maioria comprados) à sua trajetória ou momento televisivo, enfim, estas pessoas que estão sempre separando o joio do trigo e lançando sempre o joio, como de costume, até que surge nossa vez de jogar o grande jogo. Os dados chumbados já não nos corrompem maisChegou a vez do porão, da marginália, do bom senso. Na maré alta os peixes comem formigas; mas na maré baixa as formigas que comem os peixes. O artista independente condenado à humilhação e desprezo, agora esta condenado apenas a ser livre, o que lhe torna senhor de sua vontade e escravo apenas de sua consciência, portanto livre para cantar, proclamar, gritar e porque não, gozar na cara desta gente careta e covarde que finge que não se importa, mas teme e reverencia o novo inconscientemente. O gozo dos rebeldes com causa. O ato de rebeldia que expressa uma nostalgia pela inocência e é um chamado, um apelo pela essência do ser.
Liberdade de expressão. Devolva-nos nossa voz! Liberdade cultural! Eu sei que a liberdade é uma escadaria com mil degraus, porem Deus me deu muito fôlego e principalmente a coragem de dizer: Não uso elevador, porque a música é chata!
Viva o Cinelândia!Viva o AeroSilva: a essência da rebeldia sarcástica!
Certa vez um escritor francês disse que todas as coisas já foram ditas, mas como ninguém escuta é preciso sempre recomeçar, portanto, baseando-se nesta teoria de recomeço, eu acordo com todos os dias com a garra e a força de fazer aquilo que acredito, apostando e sempre estando atento ao que foi dito e ignorado e no que ainda irá ser dito, feito e reverenciado, como forma de arte e liberdade de expressão acima de tudo.
Todas as formas artísticas e culturais são parte do processo de libertação de um povo. O saber, o caminhar e o lutar são algo que se faz também cantando, bailando, rezando, tocando instrumentos musicais, dançando, declamando poemas, falando, escrevendo, pintando, rindo e até chorando, tudo isso é parte do processo de crescimento dos povos.
A opressão de uma “ditadura cultural” que vemos sofrendo, nos da margem à coragem e força para que surjam novos estímulos de discussão e persuasão, pois o descontentamento é o primeiro passo para o progresso. E é com base nisto, que o Cinelândia na TV retorna agora com força total e venho aqui agradecer as mais de 80 mensagens (parece pouco, não é? Mas é mais que um apresentador de programa da tarde em canal aberto recebe por semana) parabenizando a volta do Cine e toda minha irreverência somada a minha reverência a tudo aquilo que admiro e acredito. Claro que trabalhar 24 horas produzindo, escrevendo, editando, dirigindo, apresentando e tudo sem receber um único centavo, não é fácil, ainda mais num mundo absurdamente capitalista, onde avaliam você pelo que tem e não pelo que é ou representa, mas de outro lado posso me dar ao luxo de fazer o que quero e por pra fora o grito de liberdade entalado na garganta por tantos anos a fio, enquanto aprendia as regras do jogo para agora, depois de um bom tempo, poder quebrá-las e porque não, reinventá-las para que um dia sejam seguidas por aqueles que admirem a arte, o bom gosto e acima de tudo a ousadia rebelde. Parafraseando o mestre surrealista, Salvador Dali: “É preciso provocar sistematicamente confusão. Isso promove a criatividade. Tudo aquilo que é contraditório gera vida.” As atividades artísticas e culturais devem ter sempre a finalidade de convidar-nos à convivência, à unidade, à fraternidade e a partilhar os momentos de alegria; algo que nos faz sentir amigos, irmãos, todos com o mesmo objetivo. Objetivo de vencer sempre. Lutar e nunca desistir! Mesmo cientes de que somos formiguinhas tentando sobreviver boiando num oceano de tubarões famintos. Formiguinhas ousadas, e claro, donas de um certo charme e simpatia, chamando a atenção de um peixe aqui, outro peixe ali, com sua coragem e ousadia, lembrando-se sempre que ousar sem saber é perigoso, mas saber sem ousar é vão, portanto cansados de ouvir os “mestres do bom gosto”, todas aquelas figuras carimbadas de terno e gravata, donos de suas salas decoradas com discos consignados de ouro e platina pendurados na parede ou repletos de prêmios dedicados (na maioria comprados) à sua trajetória ou momento televisivo, enfim, estas pessoas que estão sempre separando o joio do trigo e lançando sempre o joio, como de costume, até que surge nossa vez de jogar o grande jogo. Os dados chumbados já não nos corrompem maisChegou a vez do porão, da marginália, do bom senso. Na maré alta os peixes comem formigas; mas na maré baixa as formigas que comem os peixes. O artista independente condenado à humilhação e desprezo, agora esta condenado apenas a ser livre, o que lhe torna senhor de sua vontade e escravo apenas de sua consciência, portanto livre para cantar, proclamar, gritar e porque não, gozar na cara desta gente careta e covarde que finge que não se importa, mas teme e reverencia o novo inconscientemente. O gozo dos rebeldes com causa. O ato de rebeldia que expressa uma nostalgia pela inocência e é um chamado, um apelo pela essência do ser.
Liberdade de expressão. Devolva-nos nossa voz! Liberdade cultural! Eu sei que a liberdade é uma escadaria com mil degraus, porem Deus me deu muito fôlego e principalmente a coragem de dizer: Não uso elevador, porque a música é chata!
Viva o Cinelândia!Viva o AeroSilva: a essência da rebeldia sarcástica!
IMAX – O BRASIL EM 3 D
Esta semana inaugurou em SP a primeira sala IMAX no Brasil. Estive presente no pré-lançamento, com direito a pipoquinha e soda na faixa e pude conferir de perto, aliás, literalmente de perto, a tecnologia de ponta que vem mudando os padrões de salas de cinema pelo mundo. A qualidade da imagem é absurda de tão nítida e o som mais cristalino impossível e pra completar este delírio, tudo visto em 3 D. O filme em cartaz neste lançamento é um documentário sobre o fundo do mar, narrado por Johnny Depp e Kate Wislet, que você aqui não vai ouvir porque a cópia é dublada (um dos pontos negativos do IMAX, já que a legenda estragaria a viagem), mas vai se deliciar com a trilha de Danny Elfman, que aliás, diga-se de passagem só faltou Tim Burton na direção do filme pra completar a tríade (Depp, Burton, Elfman) em 3 D. A tela tem 14 metros de altura por 21 de largura e os óculos para o efeito 3 D custam mais caro que o ingresso (salgados 30 reais) por isto a devolução obrigatória do mesmo ao final do filme, então esqueça de dar um role com ele domingo de sol pelo clube, até porque é 3 D e não visão de raio X. Apesar do custo de produção com a tecnologia IMAX ser uma fortuna e o tempo de gravação muito maior em função de inúmeros detalhes, muitos filmes já estão sendo feitos assim. Exemplo disto é Batman – Cavaleiro das Trevas, que volta ao circuito de SP, agora sob esta nova tecnologia, porém em 2 D, então pras moçoilas de plantão, vocês não vão ter a sensação de tocar os músculos definidos do Christian Bale e marmanjos de plantão também não vão poder dar um abraço camarada no coringa sinistro de Ledger. A experiência de assistir a um filme 3 D em IMAX é inesquecível. A sensação é que de fato você participa do filme e não apenas é mais um simples espectador. Este filme sobre o fundo do mar, chega a causar calafrios tamanha sensação de realidade. As criaturas do fundo do oceano, tão estranhas e exóticas, na maioria das vezes parecem personagens criados por Jim Henson (criador dos Muppets) e em outras por Tim Burton, ainda mais pela atmosfera musical (mencionada acima) criada por Elfman. O tema comprova a tese de Woody Allen de que a natureza nada mais é do que um grande banquete, pois no melhor estilo Darwiniano o que se vê na tela é um festival de degustação entre as espécies. A lei da selva também serve no fundo do mar, onde o mais forte e o mais esperto sobrevivem. Peixes gigantes, enguias, camarões, tubarões, tartarugas marinhas, tudo está ali na sua cara e não se espante se der uma vontade de tocá-los, porque o efeito engana tanto nosso cérebro que presenciei muita gente alisando o ar com as mãos, certo de que fazia um carinho amigável num tubarão branco. Pode daí surgir uma boa desculpa para passar a mão naquela amiga que aceitou seu convite pro cinema. “Toquei em seus seios? Desculpe, é o IMAX. Tava crente que passava a mão em duas águas-vivas.” Por falar em águas-vivas, o maior espetáculo do filme é exatamente o balé destes seres espetacularmente belos. Parecem vindos de outro planeta ou até mesmo pequenos discos voadores com todo aquele brilho hipnotizante (assim como os seios de sua amiga) desfilando no fundo do mar. Parabéns ao Unibanco por acreditar na idéia e apostar na inovação. E agora é esperar que as outras redes invistam também neste novo formato, para que possamos ter a mesma sensação dos espectadores ao se depararem com o trem na estação de La Ciotat pelos irmãos Lumière –inventores do cinema- que devem estar gargalhando de felicidade com o fato de sua criatura, o cinema, se transmutar a cada nova geração. Resta a nós, torcer que a evolução artística e intelectual acompanhe a tecnológica para não levarmos torta na cara em qualidade IMAX.
Esta semana inaugurou em SP a primeira sala IMAX no Brasil. Estive presente no pré-lançamento, com direito a pipoquinha e soda na faixa e pude conferir de perto, aliás, literalmente de perto, a tecnologia de ponta que vem mudando os padrões de salas de cinema pelo mundo. A qualidade da imagem é absurda de tão nítida e o som mais cristalino impossível e pra completar este delírio, tudo visto em 3 D. O filme em cartaz neste lançamento é um documentário sobre o fundo do mar, narrado por Johnny Depp e Kate Wislet, que você aqui não vai ouvir porque a cópia é dublada (um dos pontos negativos do IMAX, já que a legenda estragaria a viagem), mas vai se deliciar com a trilha de Danny Elfman, que aliás, diga-se de passagem só faltou Tim Burton na direção do filme pra completar a tríade (Depp, Burton, Elfman) em 3 D. A tela tem 14 metros de altura por 21 de largura e os óculos para o efeito 3 D custam mais caro que o ingresso (salgados 30 reais) por isto a devolução obrigatória do mesmo ao final do filme, então esqueça de dar um role com ele domingo de sol pelo clube, até porque é 3 D e não visão de raio X. Apesar do custo de produção com a tecnologia IMAX ser uma fortuna e o tempo de gravação muito maior em função de inúmeros detalhes, muitos filmes já estão sendo feitos assim. Exemplo disto é Batman – Cavaleiro das Trevas, que volta ao circuito de SP, agora sob esta nova tecnologia, porém em 2 D, então pras moçoilas de plantão, vocês não vão ter a sensação de tocar os músculos definidos do Christian Bale e marmanjos de plantão também não vão poder dar um abraço camarada no coringa sinistro de Ledger. A experiência de assistir a um filme 3 D em IMAX é inesquecível. A sensação é que de fato você participa do filme e não apenas é mais um simples espectador. Este filme sobre o fundo do mar, chega a causar calafrios tamanha sensação de realidade. As criaturas do fundo do oceano, tão estranhas e exóticas, na maioria das vezes parecem personagens criados por Jim Henson (criador dos Muppets) e em outras por Tim Burton, ainda mais pela atmosfera musical (mencionada acima) criada por Elfman. O tema comprova a tese de Woody Allen de que a natureza nada mais é do que um grande banquete, pois no melhor estilo Darwiniano o que se vê na tela é um festival de degustação entre as espécies. A lei da selva também serve no fundo do mar, onde o mais forte e o mais esperto sobrevivem. Peixes gigantes, enguias, camarões, tubarões, tartarugas marinhas, tudo está ali na sua cara e não se espante se der uma vontade de tocá-los, porque o efeito engana tanto nosso cérebro que presenciei muita gente alisando o ar com as mãos, certo de que fazia um carinho amigável num tubarão branco. Pode daí surgir uma boa desculpa para passar a mão naquela amiga que aceitou seu convite pro cinema. “Toquei em seus seios? Desculpe, é o IMAX. Tava crente que passava a mão em duas águas-vivas.” Por falar em águas-vivas, o maior espetáculo do filme é exatamente o balé destes seres espetacularmente belos. Parecem vindos de outro planeta ou até mesmo pequenos discos voadores com todo aquele brilho hipnotizante (assim como os seios de sua amiga) desfilando no fundo do mar. Parabéns ao Unibanco por acreditar na idéia e apostar na inovação. E agora é esperar que as outras redes invistam também neste novo formato, para que possamos ter a mesma sensação dos espectadores ao se depararem com o trem na estação de La Ciotat pelos irmãos Lumière –inventores do cinema- que devem estar gargalhando de felicidade com o fato de sua criatura, o cinema, se transmutar a cada nova geração. Resta a nós, torcer que a evolução artística e intelectual acompanhe a tecnológica para não levarmos torta na cara em qualidade IMAX.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
IN FELIZ NATAL DE SELTON
Meus afortunados sete leitores, que Selton Mello é um ator competente e talentoso todo mundo já sabe, porém o moço arregaçou as mangas e resolveu ser diretor de cinema também e ao meu ver, fez uma ótima escolha, pois logo na sua estréia, promete. Fui assistir ao filme Feliz Natal, na presença do ator/diretor que participou de um debate pós-sessão, falando sobre o filme e sobre sua carreira. Em muitos pontos me identifiquei com sua posição, como na polêmica (eu adoro uma) sobre o valor dos ingressos. Assim como eu já preguei aqui, Selton afirma que o ingresso de filme nacional é caro e deveria custar no máximo quatro reais, já que é financiado com dinheiro público. Aliás, eu acho que alguns filmes nacionais deveriam pagar pra que alguém assistisse de tão ruins que são, mas aí eu fujo do foco que é o filme do Selton e que valeria os quatro reais, claro se você está disposto a ver sofrimento e solidão somados a uma desgracinha aqui outra ali pra dar um molho. Quem ta acostumado a ver o global em papéis cômicos, pode se assustar, pois além dele não atuar no filme o roteiro é denso, pesado e nada animador para o Natal, por isto o irônico título. A história é sobre um dono de ferro velho do interior que vem visitar a família no dia de natal e aí o show de horrores começa, assim como em qualquer ceia de natal de família que se preze, ou vai dizer que a sua é como os filmes de Nova York com Louis Armstrong ao fundo, decoração bonita, gente fina, rica, linda e claro sempre educados, simpáticos, atenciosos, todos cantando juntos Jingle Bells, acompanhados por vovô ao piano. É assim? Parabéns! Você é exceção, pois acredito que a maioria do povo, onde me incluo – aliás o próprio Selton também – as festas devem lembrar um pouco a do filme, onde sempre há um tio mal caráter beberrão e tarado, um cunhado faminto e sempre desempregado, crianças gritando, uma tia, mãe ou avó dando show com seu ataque de depressão de final de ano e assim por diante, tudo regado a cidra Cereser, peru Sadia e claro o bom e velho Panetonne com defeito da lojinha da Bauducco. A atriz Darlene Glória, incluída no filme meses antes de começar a gravação, dá um verdadeiro show de interpretação, o que aliás é o ponto mais alto do filme: as atuações. Talvez pelo fato de Selton ser um grande ator o seu foco tenha ficado mais para as atuações, dispensado assim (outro ponto que temos em comum) a presença do “preparador de elenco”, função esta que sempre achei dispensável quando se tem um bom diretor, mas é outra polêmica. O filme bebe na fonte de John Cassavetes, ídolo de Selton, que aliás confessou estar desmotivado como ator e deu um recado aos fãs: “meus personagens eram máscaras apenas. Eu sou o que faço. Este filme é minha voz.” E como o próprio diz e tenho de concordar: “
A vida não segue StoryBoard...a vida é crua e imprevisível, assim como o Feliz Natal”.
Meus afortunados sete leitores, que Selton Mello é um ator competente e talentoso todo mundo já sabe, porém o moço arregaçou as mangas e resolveu ser diretor de cinema também e ao meu ver, fez uma ótima escolha, pois logo na sua estréia, promete. Fui assistir ao filme Feliz Natal, na presença do ator/diretor que participou de um debate pós-sessão, falando sobre o filme e sobre sua carreira. Em muitos pontos me identifiquei com sua posição, como na polêmica (eu adoro uma) sobre o valor dos ingressos. Assim como eu já preguei aqui, Selton afirma que o ingresso de filme nacional é caro e deveria custar no máximo quatro reais, já que é financiado com dinheiro público. Aliás, eu acho que alguns filmes nacionais deveriam pagar pra que alguém assistisse de tão ruins que são, mas aí eu fujo do foco que é o filme do Selton e que valeria os quatro reais, claro se você está disposto a ver sofrimento e solidão somados a uma desgracinha aqui outra ali pra dar um molho. Quem ta acostumado a ver o global em papéis cômicos, pode se assustar, pois além dele não atuar no filme o roteiro é denso, pesado e nada animador para o Natal, por isto o irônico título. A história é sobre um dono de ferro velho do interior que vem visitar a família no dia de natal e aí o show de horrores começa, assim como em qualquer ceia de natal de família que se preze, ou vai dizer que a sua é como os filmes de Nova York com Louis Armstrong ao fundo, decoração bonita, gente fina, rica, linda e claro sempre educados, simpáticos, atenciosos, todos cantando juntos Jingle Bells, acompanhados por vovô ao piano. É assim? Parabéns! Você é exceção, pois acredito que a maioria do povo, onde me incluo – aliás o próprio Selton também – as festas devem lembrar um pouco a do filme, onde sempre há um tio mal caráter beberrão e tarado, um cunhado faminto e sempre desempregado, crianças gritando, uma tia, mãe ou avó dando show com seu ataque de depressão de final de ano e assim por diante, tudo regado a cidra Cereser, peru Sadia e claro o bom e velho Panetonne com defeito da lojinha da Bauducco. A atriz Darlene Glória, incluída no filme meses antes de começar a gravação, dá um verdadeiro show de interpretação, o que aliás é o ponto mais alto do filme: as atuações. Talvez pelo fato de Selton ser um grande ator o seu foco tenha ficado mais para as atuações, dispensado assim (outro ponto que temos em comum) a presença do “preparador de elenco”, função esta que sempre achei dispensável quando se tem um bom diretor, mas é outra polêmica. O filme bebe na fonte de John Cassavetes, ídolo de Selton, que aliás confessou estar desmotivado como ator e deu um recado aos fãs: “meus personagens eram máscaras apenas. Eu sou o que faço. Este filme é minha voz.” E como o próprio diz e tenho de concordar: “
A vida não segue StoryBoard...a vida é crua e imprevisível, assim como o Feliz Natal”.
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