O ABORTO DA RAZÃO
Comemorou-se este mês, mais um dia internacional de mulher. Evidente que mais uma invenção do comércio, só que sem muito sucesso, até porque verdade seja dita o dia da mulher é todo dia, e ninguém contribui mais para o comércio, do que elas mesmas. Mas como a coluna é sobre elas, vocês já imaginaram um mundo sem mulher? Não haveria vida, não haveria amor, não haveria prazer e claro, o cinema não teria a menor graça. Quem conseguiria conduzir um pai de família sério a um adultério se não Kelly Le Brock e ao mesmo tempo quem não faria um homem desistir de uma tentativa de adultério, se não a Glen Close? Quem nunca sonhou em pegar um ônibus lotado e sentar ao lado de Sônia Braga e sua personagem da Dama do Lotação? Quem nunca quis morar ao lado de um pecado como Marylin Monroe? Ou quem sabe se perder num planeta comandado pela sexy Jane Fonda e sua eterna Barbarella? Entre outras mil situações que alimentam nossos sonhos e abastecem nossa libido, induzindo-nos até mesmo a ser atacado por uma psicopata como Sharon Stone, fazer um programa com uma prostituta linda e romântica como Julia Roberts ou simpática e sonhadora como Cabíria, ser por um dia Jabba, the Hut para ter em seu poder a Princesa Leia, ou quem dera ser uma das centenas de fantasias de Emanuelle ou então a ter maior fantasia de todo homem: as Bond Girls. Bom, já deu pra se ter uma prévia do que seria o cinema sem as mulheres. Tá, mas aí minhas leitoras vão achar que a coluna foi machista, então como sabem que estou longe deste adjetivo, vamos relembrar juntos algumas personagens femininas, reais e importantes a ponto de suas histórias de vida serem levadas às telonas, como foi o caso de Frida Kahlo, Virginia Wolf, Joana Darc, Erin Brockovich, Evita, Zuzu Angel, Elizabeth, Cleópatra e tantas outras, sem contar as personagens femininas saídas da mente de algum roteirista, assim como eu, fissurado por estes seres perfumados, de pele macia, sensíveis e incrivelmente sedutoras: Thelmas, Louises, Annie Halls ou Lolitas! Estas mulheres que deixam até Don Juan – com a cara do Johnny Depp - de joelhos; mulheres que seduzem anjos, mafiosos, gorilas gigantes, psicopatas; mulheres que seduzem até mesmo a morte, ainda que na pele de Brad Pitt. Confesso aqui meu verdadeiro fascínio sobre estes seres. Eu sempre confiei mais no instinto de uma mulher do que na razão de cem homens e por isto sempre vivi rodeado por elas. Mãe, avó, tia, irmã, amigas, amantes, atrizes, namoradas, musas, todas sempre me seduzindo e me fazendo perceber que meu humor é apenas um reflexo do amor que tenho por elas sobre um fundo de pureza, mas que a verdadeira pureza é a própria mulher. Eu devo tudo - ou o pouco - que sou às mulheres. O coração delas, assim como muitos instrumentos depende de quem o toca. E com elas, aprendi a ser maestro desta sinfonia.
Claro que a música regida para mãe sempre será imortal e a da mulher que estiver ao meu lado hoje, sempre será infinita até enquanto durar, como já previa Vinicius, que morreu de tanto amar. O fato é que todos nós sabemos que o mundo seria melhor se comandado por elas, porque elas amam muito mais do que nós homens, portanto merecem respeito, carinho e acima de tudo extrema compreensão e mesmo assim ainda há pessoas que insistem em seguir num contra-senso com a história e ir de encontro ao retrocesso intelectual. Caso recente de um simples bispo de Olinda, que já é matéria mundial, tornado-se mais uma pedra no sapato da igreja católica, que já mandava em nossas almas e agora, graças a este senhor, quer mandar também em nossos corpos. Vamos deixar claro que sou católico e absolutamente contra o aborto, mesmo ciente do fato que a mãe de Hitler havia pensado nesta hipótese, porém sou muito mais contra o estupro, que além de ser um crime covarde e hediondo, deixa marcas e cicatrizes incuráveis eternamente doloridas no corpo e na alma da vítima, como no caso desta pobre menina de NOVE anos de idade, estuprada pelo padrasto, sendo OBRIGADA a abortar - pois corria sério risco de morte no parto - e aí vêm um bispo da igreja e simplesmente a condena e pior, excomunga o médico que fez o aborto - diga-se de passagem, neste caso de forma legal pelas leis de nosso país - e ainda condena a pobre menina à execração pública. Pinta um xis vermelho nas costas da pobre criança. Até quando bispos, pastores e líderes espirituais vão agir como se de fato fossem representantes de Deus e assim sendo, acima da lei? Eu só acredito quando um deles me apresentar uma procuração do Próprio, assinada: Deus! Até este dia chegar, mantenho minha fé e sigo uma única lei, que é a de amar o próximo como desejaria ser amado. Esta é a lei universal que deveria ser seguida, pois só assim viveríamos num mundo mais justo. Meu lamento à esta criança vítima de um monstro, que chamava-a de filha e meus parabéns ao excelente médico de Olinda por tê-la salvo. Quanto à Igreja, creio que esteja na hora de rever alguns conceitos do direito canônico, absolutamente retrógrado às leis contemporâneas. A igreja deve sim respeitar a MULHER e o templo da mesma, conhecido como corpo. E assim como deveria ser favorável ao aborto em casos extremos como o estupro ou no caso de anencefalia, deveria também evitar o estupro de almas e abortar de sua instituição bispos anencéfalos como este.
Está na hora do mundo aprender a ouvir os olhos de uma mulher!
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