
Nada contra grupos de forró (!), afinal como diria Fagundes: “Gosto não se discute, lamenta-se”, mas convenhamos que esta onda – um tsunami de fezes – de versões de clássicos do rock para o forró é algo patético e acima de tudo inaceitável pelo ponto de vista estético e no mínimo do bom senso. Eu nunca fui muito fã de versões, mesmo as de grupos de rock nacional, de sertanejos
(lado a lado com as de forró) e alguns astros da MPB. Primeiro porque creio que seja ejacular com o pênis alheio, o que seria gozar sem esforço algum e segundo porque na maioria dos casos chega-se a ser um sacrilégio, tal qual você pintar um bigode de Groucho Marx na Monalisa por achar que vai ficar melhor e de mais fácil entendimento popular. Oras bolas, quem disse que a arte nasceu para ser entendida? A arte nasceu para ser venerada, aceita e vivenciada na sua essência e a música é o tipo de arte das mais perfeitas, pois nunca revela o seu último segredo. Mas eis que nestas versões estapafúrdias, este segredo se torna fofoca e daquelas maldosas, de botequim onde nada é verdade. Me pergunto todo santo dia quem autoriza estas versões? Será que o artista ou compositor tem ciência do que estão fazendo com sua obra? Na maioria dos casos
é como urinar num muro grafitado por Banksy ou defecar sobre uma tela de Polock para garantir o direito de expor a sua versão da arte, mas para isto existem latrinas ou estúdios de gravação para grupos de forró, o que isentaria boa parte do que ainda resta de bom gosto ou bom senso neste mundo tão esquisito quanto cantores deste gênero. A verdadeira arte diz o indizível; exprime o inexprimível e traduz o intraduzível, entenderam? Portanto não traduzam a arte, pelo amor de Deus. CRIEM, OUSEM, PENSEM. Não é difícil rimar amor com dor e muito menos mãozinha com bundinha, então deixem as obras em paz e criem seus próprios lixos, suas própria músicas, afinal vai ter público do mesmo jeito e pode até ser sucesso, afinal bilhões de
moscas idolatram um pedaço de merda e elas não podem estar erradas não é? São tantas. Ou foi daí que Nelson Rodrigues proferiu que toda unanimidade é burra? Mas vamos esplanar estas versões: “Come As You Are” do Nirvana virou “Liga o Som” por um grupo com 23 pessoas no palco, um verdadeiro trem do horror desgovernado atropelando a poesia de Kurt com versos desta estirpe “Som, liga som e o garçon trás whisky bom pra mim e a mulherada chega assim...” vou parar por aqui antes que você siga os passos de Kurt e exploda suas cabeça. Aliás inocentem Courtney Love, pois a causa suicida está nestes versos. O clássico “Wish you Here” de Pink Floyd, com direito a riff de Gilmor em versão acelerada e claro uma versão foneticamente elaborada para a pobreza sonora,
algo como: “Sou...sou louca por ti...blá bláblá...” e claro o ápice da canção quando a cantora (!!!) que lembra o Mike Tyson mais magro, acompanha num vocalize onomatopaico novamente os riffs de David Gilmour, o famoso tan tan tan tan tan...tan tan tan...tan...talvez homenageando os tantans que freqüentem este tipo de evento. Mas ainda não acabou, pois tem versão de Scorpions, Nazareth, Kiss e até Guns and Roses com “Sweet Child O Mine” que virou “ow, ow ow, te quero maiiiis...ow, ow, ow, ow, te quero mais” e que ainda trás na letra adaptada versos sutis como “de noite no meu quarto ainda me toco pensando em ti...” Mas a bronha não para por aí, pois o Apocalypso é devastador e não tem fim e até a pobre Billie Jean do
menino Michael foi estuprada por estes “artistas”, mas o crème de la crème ou merde de La merde é a versão de “The Final Countdown” – clássico de formaturas e eventos esportivos - que virou “Eu Te Amo Pra Sempre” com um vocal tão desafinado que aciona a contagem final de uma bomba de cafonice e mal gosto a explodir em sua face. Deuses do autêntico forró por favor joguem um raio na cabeça deste povo. Ó São Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Trio Nordestino, Sivuca, Jackson do Pandeiro e tanta gente boa e representativa desta riqueza nordestina, virem este disco. Nosso maior roqueiro do forró, mr. Jerry Lee Genival Lacerda e seu parceiro heavy metal Alceu Valença
nos salvem deste holocausto, pois vocês são os representantes absolutos desta arte genuinamente brasileira e não esta mistura capenga de gente cafona, desafinada gritando versões pavorosas e que por falta de criatividade até para batizarem o estilo, se tornaram uma versão fajuto do que de fato é o forró, pena que uma versão tão pavorosa como as que fazem de clássicos. Eu me pergunto a Deus do céu porque tamanha judiação com o rock.










































