quarta-feira, 2 de março de 2011

O DOCE VENENO DO MARKETING


Confesso que rato de livraria que sou me senti na obrigação de ler “O Doce Veneno do Escorpião”, de Raquel Pacheco – Bruna Surfistinha - assim que fora lançado, tamanho barulho feito na imprensa.
Que me perdoe Raquel, mas não consegui ler mais do que 20 páginas. Achei vazio, pobre de prosa e acima de tudo sem graça. Gostei muito mais do “Diário de Marise” – livro também escrito por uma prostituta, porém mais abrangente e interessante. Reconheço que em matéria de marketing, Raquel e seus editores dariam baile até em nosso ex-presidente que já se consolidou como um gênio nesta arte. O fato é que como roteirista no Brasil é uma profissão pouco valorizada, acabam não se abrindo portas para a criatividade, para a aposta no o novo e então se o livro é sucesso, ótimo, vamos transformá-lo em filme,
porque já é meio caminho andado. Na teoria até seria, mas na prática não é bem assim, pois o filme “Bruna Surfistinha” lançado semana passada, conseguiu ser mais monótono e cansativo do que o livro em si, salvo Deborah Secco, como a protagonista, que está sexy, lindíssima e fazendo o que pode para segurar a bronca. A atriz, que reina no Olimpo da fama e que já se consolidou como diva das telenovelas, mostra que é competente atriz e daquelas de tirar o chapéu e neste caso até as calças. Deborah desfila nua, atua com devoção, faz caras e bocas e se entrega nas fortes cenas de sexo com uma voracidade que intimidaria a própria Surfistinha. Deborah e seus coadjuvantes Cássio Gabus Mendes
e Drica Moraes são o que há de melhor no filme, o resto, infelizmente é perfumaria. Como sempre tudo não passa de muito barulho por nada. O filme é vago, inverossímil e absolutamente cansativo. A mesma historia seria contada em 80 minutos e ainda sobrava tempo. O maratonista e diretor estreante no cinema, Marcus Baldini, acostumado a correr longas distâncias, poderia ter dirigido este ao estilo de uma “São Silvestre” com um percurso bem menor e uma dinâmica maior. Talvez pela experiência em publicidade tenha errado a mão, pois a textura do filme, sua fotografia e até grande parte das tomadas é nitidamente oriunda da publicidade. Não
tem cara de cinema, apesar de alguns críticos – poucos – terem aderido ao padrão Surfistinha, pois já vi criticas dizendo que o filme tecnicamente é bárbaro. Como assim? Eu li direito? Quanto custou este programinha? Mas vamos deixar a polêmica com Raquel, afinal ela é o centro da atenção e não este colunista. A trilha sonora impecável, acaba se tornando cansativa também pelo exagero de imagens que geram quase que diversos vídeo-clips durante a projeção. Como já é do conhecimento geral de todos, a não ser daqueles que estiveram em Marte por alguns anos, o filme é “baseado” no livro que foi “baseado” no blog que foi “baseado” na vida profissional de Raquel Pacheco, vulgo Bruna Surfistinha. Claro que o filme segue mais a linha Disney Cinderella do que a do diretor Aronofsky. Raquel é uma menina de família classe média, que se revolta com o nada e foge de casa junto de seu bichinho de pelúcia (!!!) encontrando abrigo em um bordel, onde faz fama e grana. Daí em diante inicia sua trajetória ao sucesso no mercado do sexo, ganhando uma boa grana, morando em flat de luxo, frequentando festas Vips, consumindo drogas caras e tudo que vem no pacote. O filme ocultou a passagem da moça pela industria pornô e claro alguns problemas enfrentados pela profissão, que nem de longe me parece ser um mar de rosas e uma maneira fácil de se ganhar grana, como o filme por diversas vezes sugere. O que me deixa constrangido e confesso, preocupado, apesar de ser um libertino confesso, é a apologia que o filme faz à prostituição, já que Raquel é uma prova viva de que é possível ficar rica e famosa com isto. Não precisaria ser otimista como “Uma Linda Mulher” e nem tão pouco depressivo como “Despedida em Las Vegas”, mas algo que trafegasse ao meio, já daria uma boa margem do que de fato é a prostituição. Bons documentários já mostraram que apesar do dinheiro “fácil” quase nenhuma tem muito orgulho disto. Mas Raquel pode
ter, pois esta no Brasil e aqui as prostitutas tem muitos filhos no poder como conta a velha piada. Também não me admira ela entrar para a Academia Brasileira de Letras , pois se Paulo Coelho e Sarney ocupam cadeiras lá, porque não a moça? Convenhamos que o chá da tarde ia ser bem mais divertido, pois quem viu o filme sabe do que estou falando. Aos amigos que leram o livro, por favor, caso tenha a informação, me passem o endereço daquele bordel que cobra 20 reais e tem uma Bruna com o porte da Deborah Secco, pois pretendo passar lá o carnaval e talvez só sair de lá no Natal.

2 comentários:

Fabilipo disse...

também quero o endereço do puteiro de R$20.
cadê?
heheeh

Unknown disse...

Quem sou eu pra dizer que o filme é bom??? Jamais...
Mas também não vou tripudear, hostilizar, nem gozar (rsrs) do estreante diretor Marcus Baldini até porque não criei falsas expectativas sabendo que o filme foi baseado no livro: "o doce veneno do escorpião". E sinto muito por aqueles que esperavam um filme sensacional...
Bom, pra não me estender demais eu concluo Bruna Surfistinha: Sexo, Drogas e uma boa trilha sonora além do enfoque da popularização do uso da internet e da exposição social no meio digital bem relevante na história, que mais??? Hum não me lembro agora porque talvez tenha faltado " um pouco de emoção" mas dou nota 6.0!