quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A MENTIRA


Recentemente dei uma entrevista na TV para um programa do grupo Band de Televisão e fui questionado de sopetão sobre qual o maior mentiroso que o cinema produziu. Bom, respondi ali na lata, que dois filmes me remetem à “arte da mentira”, sendo verdade! O primeiro é Mera Coincidência, onde Robert De Niro e Dustin Hoffman, para abafarem um escândalo (pré-Lewinski) forjam “uma verdadeira guerra de mentira” para desviar a atenção do mundo. O segundo seria Fahrenheit 11/09, do brilhante Michael Moore, sobre outra farsa de um grande mentiroso real, de acordo com o filme: o senhor G. W. Bush! Porém refletindo 43 segundos depois percebei que na realidade o maior mentiroso do cinema é o próprio cinema, já que nele tudo não passa de uma grande mentira!

Eu acredito que a arte da mentira só deveria ser permitida aos médicos de pacientes terminais (é comprovado cientificamente que a ocultação da verdade prorroga a vida dos enfermos)e claro atores, escritores e artistas em geral, pois dentre todas as mentiras, a arte é a que menos mente, como então já dizia um grande mentiroso, o bom e velho Pessoa: O poeta é um fingidor que finge tão completamente que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.
Meu maior defeito e minha melhor qualidade atendem pela alcunha de sinceridade. Quem me conhece sabe que sou completamente incapaz de mentir e isto já me meteu em sérias enrrascadas, comprovando até que mentir faz bem à saúde, ser sincero nem sempre. Principalmente se não quer expor seu lindo rosto a um soco. Eu sou como o personagem interpretado por Jim Carrey no filme O mentiroso: absolutamente incapaz de mentir. Vou numa peça terrível e ao final o diretor pergunta: o que achou! Eu finjo que me deu um desarranjo intestinal, e saiu correndo antes dele ouvir a resposta. Aquela sua amiga que tinha um par de seios lindos e delicados, indo na onda da maioria implanta seus 350 ml de silicone e pergunta: o que achou, Má? Pra não perder a amiga e claro, o privilégio de ver mais que a sua nova aquisição, pergunto como foi o dia dela e se ouviu o último disco do Foo Fighters, e saio correndo. Aquele cara, que você sabe que não é honesto, e você já o flagrou roubando um cliente de alguém ou difamando algum pobre inocente e aí vem com aquele ar de político em campanha e diz: E ai, Mauriciãoooooo...beleza? Claro que só não respondo com um murro, porque nunca bati nem num esquilo, mas evidente que respondo na lata com meu desprezo por tal pessoa. E aí, mais um pra me difamar, porque o mentiroso tem disto, né? Tá no sangue. Ele mente, te engana, mas quer teu bem, quer ser seu “amigo” e se você não aceita ele faz questão de inventar mais umas lorotas a seu respeito e divulgá-las, já que o ouvido humano é a segunda porta da verdade, e a primeira da mentira, infelizmente. Como diria Churchill(curiosamente um grande mentiroso): A mentira roda meio mundo antes da verdade ter tido tempo de colocar as calças. Portanto uma confissão aqui e sem mentira: EU NÃO SEI MENTIR! Sou incapaz de dizer EU TE AMO sem olhar nos olhos e nada sentir. Incapaz de dizer obrigado, amigo, se você não me faz bem. Então praqueles que perguntaram porque eu não me candidatei a vereador, já que virou festa e TODO mundo nesta cidade (uma vergonha) resolveu ser vereador (mesmo sem NENHUM projeto), a resposta está aí: EU NÃO SEI MENTIR E SOU APOLÍTICO. Sou daqueles que não dão a mão quando encontra aqueles candidatos malas (seria pleonasmo, editor) com um sorriso maquiado e dando a mão pra todo mundo e te cumprimentando como se fossem amigos de infância! Oras, vá lamber sabão, como diria meu finado avô de quem herdei a incapacidade de mentir e daí o nosso “gênio” forte escorpiano, como dizem.

A quem as pessoas enganam na verdade sendo assim? Esta falsa simpatia? Este falso moralismo e principalmente a eterna necessidade de agradar a todos, custe o que custar. Tudo soa fake. Falso! Inútil! E tudo que é falso, é ruim, até mesmo uma roupa emprestada. Se seu espírito não combina com a sua roupa, você está sujeito à infelicidade, porque é desta maneira que as pessoas se tornam hipócritas, perdendo o medo de agir mal e de dizer mentiras o tempo inteiro, apenas para agradar ou para se dar bem. Mas as conseqüências podem ser fatais com o tempo, já que o ser humano se adapta a tudo: doenças, dores, frios, desilusões amorosas, perda de entes queridos para à morte, mas nunca nos adaptamos à mentira, pois ela sempre nos surpreende. Alguém lembra quando descobriu que Papai Noel não existia? Putz, aquilo foi um choque. È o primeiro soco pra você ver que o mundo não é tão legal assim como você achava. Ainda mais para os imbecis como eu que ainda acreditam na boa alma das pessoas. Incrível como o ser humano é capaz de tanta coisa ruim a troco de nada. Rui Barbosa havia profetizado há tempos atrás que de
tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chegaria a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. E é como me sinto. Vergonha de ter talento. Vergonha de ser honesto. E acreditem: vergonha de ser bom! Já elaborei meu radar e vivo gritando ET PHONE HOME, na esperança de que venham me buscar, porque às vezes creio ter sido abandonado num mundo que não é o meu. Ou seria eu um mentiroso que finge escrever? Pode se jurar a mentira e mentir a verdade? Tantas perguntas para uma única resposta: Esta civilização não nos serve...fica-nos curta na manga!




PUBLICADA NO JORNAL GUARULHOS HOJE DIAS 02 E 03 DE AGOSTO DE 2008

Um comentário:

Anônimo disse...

"A Mentira"
Um tema que sempre me questiono...
Muitas pessoas mentem por medo do que pode acontecer, medo de magoar alguem...
Será que vale a pena? e as consequências?
A mentira é o começo do fim. A pior relação, seja com familiares, amigos ou seu amor, é aquela baseada na mentira.
Porém há o arrependimento. Não aquele que só dura um instante, mas aquele sincero. Será que vale a pena o perdão? Se tudo isso destruiu o que há de mais essencial: a confiança.
Cabe a cada um decidir.
Por isso sempre digo: Nunca é tarde para o arrependimento sincero!