quinta-feira, 7 de abril de 2011

ÍDOLO QUEM? ONDE? QUANDO?



Um dos realitys mais interessantes da TV aberta, o Troca de Família, saiu do ar para dar lugar para Ídolos. De acordo com Aurélio, ídolo é um objeto .de grande paixão ou a imagem cultuada de uma falsa divindade. Me admira uma TV que tem por doutrina ignorar e combater ídolos, explorar um programa onde se “criam” ídolos em tese. Que me lembre o último ídolo que passou por lá foi uma imagem de N. S. Aparecida, e fora covardemente chutada por um pastor da Universal, lembram-se? Já pensou tal pastor no júri do programa? Que o Brasil anda capenga de ídolos não é novidade pra ninguém, afinal quem tem Luan Santana, Parangolé e Restart precisa de mais o que? Ídolos – o programa - é um pré-vestibular pra faculdade de cantor de churrascaria. Os aprovados têm boa voz,alguns são até afinados, mas veia de artista mesmo, necrosada. Ídolos é uma extensão do quintal da família para a TV, onde um filho, sobrinha ou até um marido calibrado que anima as festas de casa, passa a ser o bilhete da mega sena para o sucesso. São cópias humildes, monocórdias e nada além de mais do mesmo. Na maioria dos casos o ego até supera o talento limitado, refletido até no apresentador do programa, Rodrigo Faro, que virou uma espécie de Adnet da Record, um faz tudo se perdendo na própria egotrip. Não duvido que ele em breve apresente o “Fala que eu Te Escuto” ou “Jornal da Record”, e não me espantaria vendo-o atuando como o diabo, estrela da madrugada da rede. Aliás, como diria o próprio: vaidade é seu pecado favorito e muita gente tem se afogado nela. Pecado este que torna sem sal e cansativo o programa onde o júri vira coadjuvante e os candidatos meros figurantes. A escolha de jurados insossos, presos a clichês para sustentar uma opinião na maioria das vezes óbvia ou equivocada, é um tiro no pé. Para eles a palavra “personalidade” é maldita, e tem-se como regra clara a eliminação de candidato que sofra deste mal. A dica do sucesso é “seja estúpido”, pois hoje quem tem de brilhar é o produtor e não o artista. Nos EUA, o candidato é julgado por Jennifer Lopez (não faz meu tipo cantando, mas é notório seu sucesso pelo mundo);
Randy Jackson (produtor musical que trabalhou com Whitney Houston, Celine Dion, NSYNC, Madonna, Elton John, entre outros) e finalizando a banca, Steven Tyler, vocalista do Aerosmith, que dispensa apresentações. Na versão patropi temos Luiza Possi, apresentada como um dos ícones da MPB mesmo sem ter uma música consagrada para tal honraria. Filha da Zizi Possi e de um alto executivo da indústria fonográfica, nasceu com o DNA do sucesso nos dias de hoje. Rick Bonadio, produtor de artistas como Rouge, NX Zero, Fresno e Pepe e Nenem, sabe fazer dinheiro, mas bom gosto musical parece nunca ter sido seu forte. Finalizando o trio temos a cereja do bolo que é Marco Camargo, uma figura caricata com pinta de vilão de novela mexicana, filosofando Gibran Khalil Gibran. O ex-cantor sem sucesso da Promoart (empresa do GUGU), nunca conseguiu emplacar sua carreira como cantor, mas conseguiu emplacar músicas suas como compositor, se bem que no Brasil até Carlinhos Brown tem várias gravadas e “Forentina” foi sucesso e elegeu até um deputado. Marco sente prazer em humilhar aquilo que está distante do padrão musical dele, que entende-se PROMOART! Claro que um show de TV, não deve ser levado a sério, até porque estas três pessoas devem se divertir fazendo o programa, e ainda levar uma bela bolada para casa. O que me espanta estar na quarta edição e você conhece algum dos três ídolos anteriores? Será que não é o reflexo de quem julga? Um júri que escolhe um “Ídolo” que mesmo com todas ferramentas de marketing não se torna ídolo.Prova clara de que arte não se julga. Podem até fabricar astros, afinal, Xuxa é a maior vendedora de discos do país e quem vai me dizer que ela cantando passaria em algum teste? Raul Seixas seria taxado como um doente que deveria abandonar a carreira por não ter talento, voz e muito menos perfil de artista. Caetano Veloso, coitado, seria considerado um chato e mandaria o trio à merda. Então fica a pergunta? É deste ventre que nascem nossos ídolos? Neste caso devo confessar que sou 100% favorável ao aborto.

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