domingo, 3 de abril de 2011

OZZY PEDE PASSAGEM NO SAMBÓDROMO



O palco do samba de SP, Anhembi, foi palco de muito rock na roll neste sábado. Antes de Ozzy Osbourne, a estrela da noite, subir ao palco, os alto falantes do evento tocavam Jerry Lee Lewis, Chuck Berry e Elvis, os pais do rock, que até hoje fazem qualquer cristão se requebrar ou marcar o ritmo com o pezinho, independente de seu gosto musical. São infalíveis! O repertório da rádio patrocinadora do evento fez bonito e seguiu ainda com bandas como Kiss, Guns and Roses e claro, ACDC que mesmo em playback levanta a multidão como se estivessem lá ao vivo. Debaixo de muita chuva, a platéia recebeu a banda Sepultura e pulou e gritou junto com o gigante Derrick Green já arrastando um bom português. O som cru e pesado da banda animou o público, afinal desta vez a escolha para a abertura foi coerente, pois compartilham com Ozzy seus seguidores. Às nove e meia em ponto, eis que as luzes se apagam e no PA a já tradicional introdução de Carmina Burana ecoa pelo sambódromo anunciando que o príncipe das trevas está no palco. Para delírio de uma platéia de 38 mil pessoas Ozzy e sua banda tocam “Bark at the Moon” e o velho Ozzy prova que mesmo com seus 62 anos a mil por hora e sofrendo de esclerose múltipla - doença auto-imune que ataca o sistema nervoso central comprometendo o sistema motor, visão e fala – sua força roqueira o transforma num menino arteiro que corre e pula pelo palco, pedindo cada vez mais gritos de uma platéia enlouquecida. É uma verdadeira lição de rock and roll para os mais novos, que aliás ocupavam boa parte da platéia. Adolescentes arrebatados para o rebanho do pastor Ozzy e sua igreja heavy metal, que prega muito mais amor do que se imagina. A fama de mal é apenas golpe de marketing, pois hoje completamente careta, sem alcool, drogas, nada, fora do palco é um pacato pai de família que como ele diz, só serve para retirar cocos de cachorro pela casa, mas no palco é rei, sem perder a majestade, mas sutil e carinhoso com seu séquito e seu reino, pois o carinho e respeito que tem pela platéia é algo que pouco se vê nos artistas de laboratório que hoje imperam. Exemplo típico disto foi quando a chuva apertou de vez, castingando a platéia, e Ozzy, para mostrar que faz parte da massa como um todo, não fez por menos e derramou um balde de água fria em sua própria cabeça para delírio dos fãs. Neste momento anunciou “Road to Nowhere” e os belos riffs de guitarra da balada somada à força presente de OZZY e a energia positiva de uma multidão que cantava junto, fez até São Pedro se render e chorar inundando a arena com muita chuva. Diferente da maioria das turnês em geral que servem para promover o álbum lançado, Ozzy neste show tocou apenas uma faixa do novo albúm – Scream – e se ateve mais em presentear a platéia com uma bela retrospectiva de seu tempo de Black Sabath e de sua carreira solo até os dias de hoje. Tocou praticamente todos os clássicos, esquecendo-se apenas de No More Tears que a galera gritou pedindo, mas que com os 62 anos vividos e os milhões de decibéis que o acompanharam pela vida danificando seus ouvidos, talvez tenha sido o real motivo do pedido ter passado em branco. São Pedro parece ter ficado triste com esta desforra e mandou mais água para baixo, mas e daí? O fato é que Iron Man,Paranoid, Crazy Train e mais uma série de hits presentearam a audiência com um show absolutamente perfeito com direito até a mordida num morcego,mas desta vez certificando-se antes que era de borracha. Que me perdoem os fãs de artistas fabricados pela mídia. Aqueles que vendem mais a roupa que usam e os escândalos que promovem do que de fato sua música, mas nenhuma estilista audaciosa e muito menos um escândalo “gossip” soam melhor que um acorde de guitarra. O guitarrista Gus G que ocupa a vaga deixada por Zakk Wylde mostrou que não é considerado um dos mais jovens guitarristas virtuosos de todos os tempos à toa, pois o garoto de 30 anos e fã de Al di Miola, mostrou excelência na sua função e ainda fez uma apresentação solo para aluno nenhum do IGT falar mal, com direito até à Brasileirinho numa versão Heavy para emoção dos milhares de cabeludos presentes. A arena foi feita para o rock, onde a música é a religião e a verdade está contida no olhar e na alma do artista que lá se despe. Ozzy vibra, pula, sorri o tempo inteiro, bate palmas, se emociona e até ejacula de felicidade na platéia com uma mangueira que cospe espuma. É o poder da igreja do rock e do sacerdote Ozzy gritando aos quatro cantos que o rock não morreu. Nas palavras do mestre: “Let me hear you scream!!!!” God bless you Ozzy!


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